Atriz faz humor com sotaque em novela das seis
Na pele de Elvira, de “Novo Mundo”, Ingrid Guimarães fala sobre seu retorno aos folhetins
Ingrid Guimarães se orgulha de ter uma carreira plural. “Cria” do teatro, ela chegou ao cinema através de sucessivos trabalhos na tevê, onde desempenhou papéis em novelas, séries e programas. Longe dos folhetins desde “Sangue Bom”, exibida em 2013, a intérprete da dúbia Elvira de “Novo Mundo” admite que sentia falta de atuar em tramas longas. Mas faltava o convite para uma personagem que a desafiasse em múltiplas vertentes. “Estou em uma fase da vida em que já fiz sucesso na tevê, no teatro e no cinema. Não preciso mais provar nada, para mim e para ninguém. Então vou atrás de coisas diferentes, que nunca fiz”, afirma. Apesar disso, a atriz não descarta a voltar às comédias que a revelaram lá atrás. “Não descarto nada. Mas minha prioridade é encontrar novidades”, jura.
Natural de Goiânia, Ingrid sempre teve uma “queda” pelo humor. Sua estreia na tevê foi em “Mulheres de Areia”, de 1993. Mas ela garante que sua vida profissional começou a mudar quando estreou a peça “Cócegas”, ao lado de Heloísa Périssé, em 2001. “É muito raro e bonito o teatro transformar uma carreira, como foi com a gente. Saí pela porta dos fundos e entrei pela porta da frente”, compara. Com a maioria de seus trabalhos voltados para a comédia – até no “Além da Conta”, programa que apresenta no canal a cabo GNT -, Ingrid comemora ter um papel central em um folhetim e, ainda assim, poder trabalhar com o que mais gosta. “A comédia é sempre inserida em um núcleo separado. Tem a história de um lado e, no outro, personagens para você rir. É um sonho poder fazer isso e estar no centro da história”, comemora.
CINCO PERGUNTAS PARA INGRID GUIMARÃES
P – Ao longo da carreira, você fez poucas novelas. O que chamou sua atenção em “Novo Mundo”?
R – Foi uma série de coisas. Eu nunca havia feito novela das seis, nem de época. Sou uma atriz contemporânea, faço um humor de identificação. Meu público, majoritariamente, é formado por mulheres, de todas as idades. Eu já queria voltar às novelas para dar uma mexida nisso. Mas queria voltar de alguma forma diferente. Pedi para fazer uma coisa que eu nunca tivesse feito, que me desafiasse. E me ofereceram esse papel. Fora que ela também é muito dúbia, e isso é um diferencial para o ator.
Como assim?
Também me chamou muita atenção ela ser antagonista. Ela separa a Isabelle (Drummond, intérprete da Anna) do Chay (Suede, intérprete do Joaquim), gente (risos). Tem de ter muito carisma para fazer isso e não apanhar na rua! Mas ela é aquela antagonista que você não odeia, você tem pena. Porque ela não é maniqueísta, não é má. Não tem nenhum interesse ali em poder, em dinheiro, nada… Tudo que ela faz é motivado por esse amor que sente pelo Joaquim.
Apesar de ter um lado dramático, a Elvira também tem humor. É diferente fazer comédia em uma trama de época?
Com certeza! Até porque tem um sotaque. E isso já leva você para outro lugar de interpretação. A comédia é muito do tempo, da musicalidade e da fala de cada um. E achar isso com outro tom de voz é uma tarefa complexa.
Como você se preparou para isso?
Vi muita comédia portuguesa, muito “stand up”. Também passei muito tempo assistindo às novelas de Portugal, tentando encontrar esse “timing” na fala deles. E eu o Chay fizemos aula de commedia dell’arte, o que nos ajudou muito.
Por quê?
Além de ser atriz de teatro, a Elvira é muito teatral. E fazer uma pessoa assim na tevê é complicado. Porque ela tem uma expressão corporal que não existe na tevê. Os movimentos dela, o jeito como ela fala e se posiciona, tudo é teatral. Para mim, que vim do teatro, é um prato cheio. Mas tive de ter um cuidado para não soar “over”.