UFMA

‘África fora de casa’ é debatida em seminário

O evento é realizado pelo grupo de intercambistas africanos da Universidade Federal do Maranhão, e faz alusão ao Dia da África, celebrado nesta quinta-feira (25)

Honório Moreira

De países africanos ao Brasil – erguido a partir de uma grande mistura de povos – a distância geográfica é grande. No entanto, quando se trata de cultura, as diferenças são poucas, especificamente no caso do Maranhão. De acordo com africanos residentes na capital maranhense, as semelhanças contrariam um senso comum calcado no preconceito e vão de encontro à imagem do continente africano geralmente aqui retratada.

Deolindo Deolino, intercambista de Guiné-Bissau e estudante de jornalismo da Universidade Federal do Maranhão, conta que o processo de adaptação foi fácil por conta da proximidade cultural. “É muito proveitoso vir de um país distante geograficamente, mas bem próximo pela cultura e pela língua também. A gente aproveita pra fazer essa troca de experiência cultural”, conta.

Deolindo é de Guiné-Bissau e estuda jornalismo na Universidade Federal do Maranhão. Foto: Honório Moreira

O angolano Anacleto Domingos comenta que quando chegou não viu muitas diferenças entre o Maranhão e seu país de origem. Entretanto, o estudante de Ciências Econômicas revela uma falta: apesar das semelhanças culturais, o estigma ainda existe. “Notei que muitos alunos não conheciam [o país], generalizavam e tratavam a África como uma só coisa”, relata.

Os dois fazem parte do Programa de Estudantes-Convênio de Graduação da UFMA, o PEC-G, que possibilita o intercâmbio de cidadãos de países em desenvolvimento que mantém acordos educacionais e culturais com o Brasil. Atualmente, cerca de 30 estudantes são contemplados pelo protocolo.

“ÁFRICA PELOS AFRICANOS”

Para garantir a troca de experiências e conhecimento sobre o continente africano, é realizado hoje no Centro de Ciências Humanas da UFMA o II Seminário África Fora de Casa. O encontro faz alusão ao 25 de maio, o dia da África, que marca a luta dos povos africanos pela independência.

O seminário, que teve sua primeira edição em 2015, traz este ano o tema “Os dilemas do desenvolvimento, tensões políticas e territorialidade”. Deolindo Deolino destaca a importância da ocasião, e comenta que ela “é necessária porque possibilita a troca de experiências e permite mostrar pesquisas [realizadas pelos intercambistas] para a comunidade acadêmica”. Anacleto completa, explicitando o protagonismo dos estudantes africanos. “Nos agregamos e organizamos o evento para explicar mais sobre o continente, como é a África. Somos africanos falando sobre África”, finaliza.

O angolano Anacleto Domingos é um dos organizadores do seminário. Foto: Honório Moreira

A programação teve início na manhã de hoje com a mesa “Os dilemas do desenvolvimento em África”, no auditório Mário Meirelles, na UFMA. O seminário segue à tarde com as mesas “tensões políticas e territorialidade em África” e “a representação de África na mídia brasileira”. Também está prevista para a tarde de hoje a oficina “dança Azonto do Gana” e o minicurso “o messianismo africano: o caso do reino do Congo”.

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