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“Todos devem trabalhar pelo Maranhão”, diz Rubens Pereira Jr

Novo coordenador da bancada federal maranhense fala sobre os desafios do posto, da crise política e do cenário das eleições de 2018 no Maranhão e no Brasi

Foto: Paulo Malheiros

O deputado federal Rubens Pereira Junior (PCdoB)venceu, na última semana, uma acirrada disputa pela coordenação da bancada federal maranhense, na qual venceu o deputado João Marcelo (PMDB), por apenas dois votos de diferença. Em entrevista exclusiva a O Imparcial, ele abordou a crise política, as missões e desafios da bancada maranhense, o cenário e conjuntura política para as eleições estaduais de 2018, além da necessidade de reforma política e de vislumbrar a queda do presidente Michel Temer nos próximos meses.

Você foi eleito coordenador da bancada federal maranhense nesta semana, como avalia o processo?
Nós estabelecemos um rodízio, então o primeiro coordenador foi o Pedro Fernandes, posteriormente Fufuca, depois Juscelino e agora fui eleito para um ano nesta coordenação.
Nós tivemos 11 dos 21 votos contra nove, exatamente a maioria mais um. O que mostra como foi acirrada a disputa. Meu adversário, deputado João Marcelo, que respeito muito, teve o apoio ativo da ex-governadora Roseana Sarney, porque ligou para deputados, pedindo apoios, o que sinaliza que ela deve disputar da eleição de 2018, mas também que ela não possui mais a força e os apoios como teve no passado.

Quais os desafios da coordenação da bancada?
Nosso primeiro desafio é afirmar que a disputa acabou e não há vencedores e vencidos, todos devem trabalhar juntos em prol do maranhão. A coordenação de bancada tem sua atuação em alguns eixos. Assegurar contratos e obras em andamento no estado, como BR-135, aeroporto e tantas outras que tem sido desenvolvidas. A segunda são os programas do governo federal, fazer com que tenham maior atuação no estado. O terceiro eixo é atuar em com emendas de bancada impositivas, trabalho político e legislativo. São 150 milhões de emenda de bancada, e a força é imensa pois tem força impositiva.

O senhor é contra a nova concessão da base de alcântara?
Não sou contra a abertura para os americanos, mas contra o modelo, em que não há troca de tecnologia, apenas um aluguel do espaço. É desvalorizar nossa ciência e tecnologia, bem como a soberania nacional. Essa proposta de arrendamento não é justa nem vantajosa. Por isso sou contra este modelo proposto pelos americanos.

Como o senhor enxerga a reforma política?
Algo muito necessário. Todos chegaram à conclusão que nosso modelo de presidencialismo de coalizão faliu, ruiu. Deu certo por muito tempo, mas não deve continuar. E nosso modelo de voto proporcional, em lista aberta, com financiamento empresarial e coligações, gerou parte da corrupção e a crise de legitimidade que vivemos. Como deve mudar é o debate a ser feito.

E qual visão o senhor defende?
Entre os líderes, a que mais avança é a da lista fechada. Em vez de escolher um candidato, o eleitor escolhe um time, um grupo que o melhor representa. Isso pressupõe mudanças para democratizar mais os partidos e garantir mecanismos para uma oxigenação das listas de candidatos. É o fim de salvadores da pátria, e a necessidade de mais clareza dos partidos quanto a suas bandeiras.

Não há o risco de beneficiar ainda mais os caciques?
É uma decisão que cabe ao povo. A lista com nomes ruins não será votada. O ideal é que a lista seja muito plural, dando espaço os mais diferentes segmentos da sociedade. Além disso, surge uma tendência de diminuição dos partidos cartorários. Quem tem bandeiras claras iria permanecer.

Qual a avaliação desses dois anos e três meses do PCdoB no comando do governo do maranhão?
É obvio que em dois anos e três meses não se resolvem todos os problemas do estado. O importante é pensar em que direção nós estamos, que é a direção correta. O governo investe em hospitais macrorregionais, em mudança na realidade penitenciária. Governo anterior não contratava policiais, o governo Flávio dino já contratou mais de 3.000 policiais. É importante entender a mudança de postura proporcionada pelo governo.
O desafio do governador em 17 e 18 é concluir as mais de 900 obras em execução, apesar das dificuldades e da crise, com uma gestão séria que demonstre tudo que está sendo feito em benefício pela população.

E sobre as eleições estaduais de 2018, quem seria o nome que habilitaria Flávio Dino?
Quem tem o maior recall é a ex-governadora Roseana Sarney, mas, sinceramente, gostaria que essa fosse a disputa, pois seria um debate de quem fez mais pelo Maranhão. Flávio teria a oportunidade de mostrar o que fez em um mandato e a ex-governadora de mostrar o que fez em quatro mandatos. Nessa balança, não tenho dúvidas que o governador Flávio dino se sairia bem melhor.

Como é a relação institucional do governo Dino com o governo Temer?
É muito boa, em alguns aspectos é até melhor que no governo Dilma. Eu não vejo prejuízos diretos por revanchismo político. Nenhum sinal de aliança, mas nenhum sinal de revanchismo ou guerra institucional. Pessoalmente tenho muito amigos no governo e entendo que a relação institucional se dá de modo bem tranquilo.

O grupo Sarney ainda é uma ameaça?
Quem achar que o grupo Sarney está acabado pois vencemos uma eleição está equivocado, até porque a disputa não é contra um grupo, um nome, mas contra práticas lesivas como patrimonialismo, fisiologismo tão arraigadas em nossa realidade. Além disso, a sustentação do grupo não se dava apenas no governo do estado, mas influencia em outros poderes, na imprensa, no empresariado. Por esse motivo não existe clima de já ganhou ou já perdeu, o momento é de trabalhar pelo governo e ano que vem pensamos em eleições.

Houve deputados, inclusive do PCdoB citados em escândalo de doações de campanhas. Como o senhor avalia este cenário?
Há que se distinguir três condutas. Uma é a doação empresarial, que até então não era crime, não era uma conduta ilegal, um segundo cenário diz respeito ao Caixa 2, isso é crime eleitoral, a terceira é propina, que também é crime. A deputada Jandira já emitiu nota destrinchando esse caso e afirmando que não recebeu ou tem envolvimento em propina e caixa 2. Todas as doaçõs empresariais que o PCdoB recebeu foram declaradas e isso ficará claro durante a investigação. Quem não deve não há de temer e isso ficará claro ao fim deste processo.

Michel Temer chega ao fim do mandato?
Acho que não. Ele não tem apoio popular, com essa pauta de retirada de direitos. Hoje Temer tem apoio político, que vai ser testado na reforma da previdência, se não for aprovada, acaba o governo Temer, se aprovada, ele demonstra enorme força política. A minha intuição diz que Michel Temer ele não aprovará a reforma da previdência e que ele corre um sério risco de ser caçado pelo TSE.

E o que acontece neste cenário de queda do presidente?
Eleições indiretas. Há dois nomes cotados pra isso. O ministro Gilmar Mendes, do STF, e o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia. Como mudam as regras, o ministro poderia se candidatar, pois abrem novos prazos de desincompatibilização, mas claro que ele negaria isso neste momento a todo custo.

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