O médico e professor universitário Natalino Salgado Filho toma posse, às 20h, no próximo dia 11 de abril, da Cadeira 19 da Academia Nacional de Medicina, no Rio de Janeiro, que tem como patrono Manoel Vitorino Pereira, médico que foi governador da Bahia e vice-presidente da República no governo de Prudente de Moraes. O último ocupante foi o médico baiano Clementino Fraga Filho, renomado professor de medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) que morreu aos 98 anos.
A posse de Natalino Salgado na Academia Nacional de Medicina eleva o Maranhão para a condição mais alta da medicina no Brasil, com legítimo representante com residência fixa no estado. Em entrevista a O Imparcial, Natalino Salgado ressaltou que sente-se lisonjeado em fazer parte de uma das maiores instituições, onde a sua história confunde-se com a história do Brasil e é parte integrante e atuante na evolução da prática da medicina no país. “Para mim, é um privilégio ser membro da Academia Nacional de Medicina. É uma das instituições mais antigas do país, e tem 187 anos de serviços prestados à sociedade brasileira. Vale ressaltar que o seu objetivo mantém-se inalterado: o de contribuir para o estudo, a discussão e o desenvolvimento das práticas da medicina, cirurgia, saúde pública e ciências afins, além de servir como órgão de consulta do Governo brasileiro sobre questões de saúde e de educação médica”, disse Natalino Salgado, lembrando que a instituição foi fundada sob o reinado do imperador D. Pedro I, em 30 de junho de 1829.
Natalino Salgado acrescentou ainda que, desde a sua fundação, seus membros se reúnem toda quinta-feira, sempre às 18h, para discutir assuntos médicos da atualidade, numa sessão aberta ao público. Segundo o médico, a reunião faz da Academia Nacional de Medicina a mais antiga e única entidade cultural e científica a reunir-se regular e ininterruptamente por tanto tempo. A Academia também promove congressos nacionais e internacionais, cursos de extensão e atualização e, anualmente, durante a sessão de aniversário, distribui prêmios para médicos e pesquisadores não pertencentes aos seus quadros.
Atualmente, a Academia Nacional de Medicina possui 100 membros: 77 pertencentes do Rio de Janeiro, 15 de São Paulo, um do Paraná, cinco do Rio Grande do Sul, um de Minas Gerais, e três do Maranhão. Os representantes maranhenses na instituição são os médicos: José Eduardo de Moraes Rego, Manoel Jansen e Natalino Salgado, único com residência fixa e formado na Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) como membro da Academia Nacional de Medicina, algo inédito na história da entidade.
A escolha do nome de Natalino Salgado é um justo reconhecimento ao grande trabalho desempenhado pelo médico no exercício da sua profissão. Ele já foi diretor do Hospital Universitário Presidente Dutra, reitor da Universidade Federal do Maranhão e tem centenas de trabalhos publicados nos mais importantes periódicos de medicina em todo o mundo.

Sobre Natalino Salgado

Natural de Cururupu, Natalino Salgado formou-se em Medicina pela Universidade Federal do Maranhão e, assim como boa parte dos profissionais da área, deu continuidade a sua formação fora do estado, realizando a residência de Clínica Médica na Universidade Federal do Rio de Janeiro e em Nefrologia na Universidade Estadual do Rio de Janeiro.
Em seguida, após ingressar no Hospital Presidente Dutra e na Universidade Federal do Maranhão, por meio de concurso, e fundar o Serviço de Nefrologia do Maranhão em 1978, Natalino Salgado investe em novos desafios, o mestrado em 1987 e o doutorado em 1994, ambos desenvolvidos na Escola Paulista de Medicina.
Natalino fundou e foi o primeiro presidente da Sociedade Maranhense de Nefrologia e membro do Departamento de Nefrologia Clínica da Sociedade Brasileira de Nefrologia. Presidiu o Conselho de Cogestão do Hospital do Instituto de Presidência do Estado do Maranhão-Ipem. Ajudou na criação do Hospital Universitário/UFMA e integrou seu Conselho Administrativo de 1990/94. E também chefiou, nesse estabelecimento, o Serviço de Nefrologia de 1991 a 2010.
Natalino Salgado ainda está marcado na história do estado por ter sido responsável pela primeira hemodiálise a ser realizada no Maranhão em 1978. No HU, foi responsável por criar a Central de Captação e Distribuição de Órgãos e o primeiro transplante renal. Hoje já são contabilizados 530 procedimentos. Foi diretor-geral do Hospital Universitário no período de 1998 a 2007. Eleito reitor da Universidade Federal do Maranhão, exerceu dois mandatos, entre os anos de 2007 e 2015, o primeiro na história da instituição a ser reeleito com uma votação maciça de professores, técnicos e alunos.
Em 2012, ingressou na Academia Maranhense de Letras e possui 14 publicações, entre elas os livros recém-lançados como: Tarquínio Lopes Filho – médico, político, jornalista, administrador que virou mito e Faculdade de Medicina do Maranhão, uma história de 59 anos. Além de outros que organizou, prefaciou e contribuiu como Na Casa de Antônio Lobo, em parceria com Américo Azevedo Neto, e Os meus dias de cadeia, de Aldeman Correa.