Entrevista

‘Não há prova, parece coisa de filme’, diz Flávio Dino

Em entrevista à Rádio Timbira, governador comentou a citação de seu nome em delação. Ele também fez balanço de sua gestão em várias áreas e criticou a Reforma da Previdência

Governador Flávio Dino em entrevista à Rádio Timbira. Foto: Karlos Geromy

Na manhã desta terça-feira (18), o governador Flávio Dino concedeu uma entrevista no programa “Comando da Manhã” na Rádio Timbira falando sobre os avanços e desafios do governo do Maranhão, bem como do momento político e econômico do Brasil e da citação de seu nome na Operação Lava-Jato.

Respondendo às perguntas de jornalistas do interior do Estado, Flávio Dino respondeu por duas vezes sobre a citação de seu nome em delação de executivos da Odebrecht sobre um possível recebimento de dinheiro da empreiteira para a campanha ao governo em 2010.

“Não há prova. Delação não é prova, e nesse caso é invenção. Esse negócio de senha até parece coisa de filme. Não existe isso, porque o fato não é verdadeiro”, afirmou.

Para começar, Dino destacou os feitos de seu governo nas áreas da Educação, Saúde e Segurança Pública. Além de contextualizar a situação do Maranhão em meio a crise econômica e os bons resultados apresentados nestes dois anos e quatro meses de seu mandato.

Para completar, o governador emitiu uma forte opinião contra a Reforma da Previdência que vem sendo analisada pelo Congresso Federal e deve ser votada nos próximos dias.

Educação

Para abordar a educação, Flávio Dino enumerou os pontos em que houve crescimento durante os dois últimos anos.
“Eu gostaria de destacar as ações no ramo da educação. Estamos entregando, num ritmo acelerado, um grande número de escolas. Estamos praticamente entregando uma escola por dia útil, que é um recorde”, afirmou.

Além disso, o número de professores bem como a qualificação dos mesmos foi tema de destaque pelo governador em sua gestão.

“Nós temos hoje 50 mil professores, estaduais e municipais. Profissionais que estão sendo capacitados com cursos e materiais pedagógicos. Temos os maiores salários do país para os educadores. Além de outras ações como a entrega de uniformes escolares para alunos do ensino médio”, completou.

Saúde

Para deixar claro a atuação do governo do Maranhão na saúde, Dino esclareceu as atribuições da saúde estadual e municipal diferenciando a complexidade dos serviços destes dois âmbitos.

“O papel do Governo do Estado ocorre para os casos de alta complexidade, como exemplo da unidade criada em Imperatriz. Urgência e emergência é responsabilidade dos municípios”, explicou.

Mesmo assim, Flávio Dino destacou os feitos de sua administração na área da saúde, com o crescimento do número de leitos e expansão para diversas localidades em que não havia o alcance médico.

“Nós temos feito os investimentos corretos na saúde. Nós concluímos obras, equipamos e contratamos profissionais em diversas cidades no interior. Aumentamos o número de leito em relação ao início do governo. Criamos a primeira UTI Materna do Estado, iniciativa inédita. A Rede Criança também foi feita com o Hospital da Criança e o Projeto Ninar”, afirmou.

O governador também numerou os gastos da saúde no estado: “São investidos R$ 120 milhões mensalmente. E são recebidos apenas R$ 25 milhões do SUS. Logo, R$ 95 milhões são recursos próprios do governo do Maranhão para manter a rede estadual de saúde”, afirmou.

Segurança Pública

Completando o que já havia sido afirmado há alguns meses, Dino confirmou a realização de um concurso público para as polícias militar e civil, bem como o corpo de bombeiros ainda em 2017.

“O Concurso já está autorizado tanto para a Polícia Civil, quanto Militar e Corpo de Bombeiros. O edital sai ainda este ano e as provas também devem ser feitas neste ano. E que os novos policias já entrem em serviço no início de 2018”, afirmou.

Para Dino é de suma importância que haja um aumento do contingente de policiais para uma melhor segurança da população. O governador também afirmou que a melhoria na aparelhagem é essencial, com a compra de viaturas, armas e coletes.

Outro fato citado pelo governador é a diminuição no número de ocorrências no sistema carcerário em relação aos fatos ocorridos entre 2013 e 2014.

“Além disso, resolvemos boa parte dos problemas do Sistema Carcerário do Maranhão. Com a mudança na terceirização errada que havia em Pedrinhas e contratação através de concurso público de agentes penitenciários”, explicou.

Crise

O governador ressaltou o reconhecimento de duas instituições sobre a gestão financeira do Maranhão em meio a crise econômica que assola o Brasil.

“A Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan) reconheceu que o Maranhão hoje está em 2º lugar como estado melhor governado no ponto de vista financeiro do país. O que significa que estamos aplicando bem os recursos nas prioridades. Nós tivemos uma das maiores taxas de investimento do país. Quase 7% da nossa receita foi aplicada em investimentos. E também o Banco Central classificou o Maranhão colocando-o primeiro escalação em situação fiscal”, afirmou.

Flávio Dino lamentou estar à frente do Estado neste momento de crise, mas acredita que o país conseguirá reverter a situação e que ele consiga manter o Maranhão sem entrar no caos como acontece em outros lugares do Brasil.

“Nós pegamos esse momento histórico. Enorme crise econômica, gigantesca crise político. Mas a gente não pode sentar no meio-fio e chorar, porque temos preparação técnica para enfrentar com altivez. Mérito da minha equipe como um todo que tem garantido que o Maranhão não viva o caos que os outros estados vivem”, concluiu.

Citação em delação

Em relação a citação de seu nome em delação de executivo da Odebrecht, Flávio Dino foi contundente em afirmar que não passa de uma tentativa de criar problemas para o seu nome visando as eleições de 2018.

“Há uma indevida tentativa de misturar gente honesta e séria com coisas graves como corrupção. Em 28 nunca tive um processo contra mim, tenho uma vida limpa e honrada. Há a tentativa de criar um clima para as eleições de 2018. É isso que realmente está em jogo”, afirmou.

Da citação em si, Dino reforça a falta de provas concretas bem como a falta de afirmações embasadas. O governador ainda compara as falas do delator com filmes.

“Há a história de uma senha que um cara deu há sete anos atrás, parece história de filme. Nem diz quando coloquei dinheiro no bolso, porque eu não coloquei mesmo. Não perdi em nenhum momento o foco principal, que é governar bem o Maranhão”, afirmou. “Não há prova. Delação não é prova, e nesse caso é invenção. É preciso que tenha prova, dizendo dia, hora, quem recebeu, quem pagou. Não existe isso, porque o fato não é verdadeiro”.

Dino também aproveitou para novamente esclarecer o que realmente aconteceu com o projeto de lei citado pelo delator no processo.

“Logo, um único cidadão afirma que recebi uma senha para receber dinheiro, mas eu nunca recebi nenhuma senha. E quanto ao projeto, ele existe e passou pelo meu gabinete, mas eu não escrevi uma linha nele e devolvi o projeto quando do fim do meu mandato sem mexer nele”.

Ao voltar no assunto, Flávio Dino ressaltou a sua atuação como deputado federal e sua passagem pelos três poderes sem nenhuma acusação em toda sua trajetória: “Quando fui deputado federal, fui premiado quatro vezes como um deputado sério e atuante”.

Para concluir o tema, o governador volta a bater na tecla das Eleições de 2018, quando ele deve tentar a reeleição para o governo do Maranhão.

“Esse é um assunto alimentado aqui no Maranhão por conta das eleições do ano que vem. Não é um assunto sério, pois ninguém sabe nem o valor ao certo. E mais uma vez, o povo do Maranhão terá mais uma prova da seriedade que eu tenho na vida”, concluiu.

Reforma da Previdência

Flávio Dino também aproveitou para criticar com contundência a Reforma Política. Para o governador é um projeto muito injusto que irá prejudicar ainda mais a população de baixa renda, bem como os trabalhadores.

“Acho que a reforma deveria ser imediatamente suspensa, porque não é o momento de debate-la. É um tema muito sério. A proposta que está aí pune os mais pobres, é extremamente injusta. São propostas regressivas, que tiram direitos”, afirmou.

Além de reclamar, o governador apontou algumas soluções que poderiam ser tomadas sem atacar os direitos dos trabalhadores.

“Nós temos outros caminhos para financiar a previdência, e como exemplo eu cito o pagamento de impostos dos bancos. Por que os bancos não pagam impostos? Temos que ter um Sistema Tributário mais justo. A taxação das fortunas dos mais ricos, assim como ocorre nos principais países do mundo. Tributar com justiça aqueles que podem pagar mais”, completou.

O momento político brasileiro é outro empecilho para que haja uma discussão correta sobre o tema no âmbito do Legislativo. Por isso, Dino afirma que é a favor do adiamento da votação para após as eleições.

“Quarenta anos de contribuição é incompatível com a média de idade dos brasileiros, bem como o mercado de trabalho do Brasil. Minha opinião é de se deixar para um momento mais tranquilo para que haja um maior debate sobre o tema mantendo sempre o senso de justiça. Com um novo presidente, novos senadores e novos deputados”, completou.

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