Missa dos Santos Óleos abre celebração da Páscoa
Durante a missa, o arcebispo de São Luís, Dom Belisário, ressaltou alguns pontos das missões sociais da Igreja Católica nos tempos atuais
As dificuldades dos migrantes, o risco dos muros que os impedem de fazer a passagem para uma nova vida, a corrupção e o novo capitalismo financeiro, esses foram alguns dos pontos abordados pelo arcebispo de São Luís, Dom José Belisário da Silva, durante a homilia da Missa dos Santos Óleos, na Igreja da Sé, que abriu as celebrações da Páscoa na Igreja Católica.
A missa, tradicional e cuja simbologia reverbera em todo o ano na Igreja, foi celebrada com uma semana de antecedência, para que todas as comunidades participassem, como explicou o arcebispo. “Normalmente essa celebração se realiza na Quinta-Feira Santa pela manhã, porém, por questões de distância, dificuldades de mobilidade, nós antecipamos uma semana. Na Quinta-Feira Santa, nos lembramos que Jesus reuniu-se com seus amigos mais próximos e instituiu a Eucaristia. Então, nesse sentido, a gente vê naquele momento o início dos sacramentos da Igreja. Essa missa é a Missa dos Santos Óleos, que são benzidos para serem utilizados ao longo do ano nos sacramentos da Igreja. É também a missa da União, já que estamos todos presentes”, explicou o sacerdote.
Em consonância com o que vem sendo demonstrado pelo papa Francisco, em seus posicionamentos sobre questões que afligem o mundo todo, a homilia proferida por Dom Belisário tocou em temas atuais e que tem causado “dor” na humanidade. O arcebispo falou sobre a simbologia da Páscoa, como “passagem”, uma travessia. Segundo ele, essa mudança é um “arquétipo profundo e antigo e faz parte do que há de mais arcaico dentro de nós”. “Todo ser humano tem de passar por uma Páscoa em sua vida”, contou o arcebispo.
IGUALDADE E ECONOMIA
Citando o que foi dito na última Convenção dos Bispos do Brasil (CNBB), Dom Belisário falou em crises de valores, na era da Pós-Verdade, crise econômica, corrupção e o capitalismo financeiro. Para ele, e de acordo com a CNBB, a crise econômica é causada pelo novo capitalismo, “que saiu das fábricas para o mercado financeiro”. Ele também citou o líder da Igreja Católica, papa Francisco, quando este falou sobre a “necessidade de construir uma sociedade de cultura do cuidado”. “É preciso formular políticas econômicas para o pleno emprego. No campo social, é preciso encontrar políticas que levem rumo a uma sociedade justa e igualitária”, declarou o religioso.
Para a política, o líder católico declarou que o momento no país é preocupante, com grupos unidos para atender apenas aos seus interesses, e não pensando no bem comum. “Temos de fortalecer as instituições, para atender a interesses maiores. Os grupos têm se unido para interesses mesquinhos, pautados pelo imediatismo e pela insana busca pelo poder”, finalizou Dom Belisário.
Após o sermão, os óleos da Crisma, dos Enfermos e o óleo Catecúmeno foram levados ao altar por representantes de comunidades e abençoados pelo arcebispo, que comandou todo o ritual de fé. Os padres presentes foram convidados então a renovar as promessas sacerdotais, as mesmas pronunciadas no dia da ordenação, é o momento da Unidade, que também dá nome à celebração. As celebrações da Páscoa continuam neste fim de semana, com o Domingo de Ramos (9).