Do lixo eletrônico à arte: conheça o projeto ‘Fábrica de Desmontação’
A terceira edição da feira que expõe os frutos da iniciativa acontece até hoje e promove aprendizado para jovens da área Itaqui-Bacanga
Lixo eletrônico que, transformado em arte, muda também a vida de jovens da área Itaqui-Bacanga. É esse o princípio do projeto ‘Fábrica de Desmontação’, realizado pela Pastoral do Menor e articulado pela Rede Amiga da Criança. Os frutos da iniciativa são mostrados na 3ª Feira de Metareciclagem, que teve início nesta quarta-feira (19) no Centro de Criatividade Odylo Costa Filho, localizado na Praia Grande.
Entre os cursos oferecidos pelo projeto, que contempla cerca de 100 jovens da Vila Embratel e bairros adjacentes, estão metareciclagem, customização de hardware, artesania e informática. Os títulos, apesar de complicados, representam um único e simples ideal: aproveitar o lixo eletrônico de forma consciente e utilizando o melhor da criatividade.
As peças transformadas vão de bijuterias e quadros à porta-canetas e cadernetas e utilizam referências que remetem à cultura maranhense com toques africanos e indígenas – traços plenamente alcançados devido a uma vasta pesquisa realizada pelos jovens do projeto.
Deborah Araújo (14), estudante do C.E. Daisy Galvão de Sousa, mostrou interesse pelo projeto ao ouvir um anúncio em um carro de som que passava por seu bairro. Ela, que nunca havia tido contato com informática, ficou encantada com as novidades do mundo tecnológico, especialmente quando ligado à arte. “Eu gosto de fazer arte. Acho que é um privilégio pra mim estar lá sempre disposta a fazer e expressar o que eu estou sentindo”, ressalta.
Para Deborah, o projeto impacta de forma positiva na vida da juventude que antes estava exposta à violência. “O projeto tira os jovens de vários lugares em que eles não vão ter futuro, como o mundo das drogas. Ajuda muito na nossa vida profissional também”, comenta.
De fato, além de proporcionar formação técnica para adolescentes e jovens, o projeto promove perspectiva de vida para cidadãos – em formação – socialmente vulneráveis. O jovem Marcus Vinícius Souza (21), que se aproximou do projeto em 2016, já pensa em passar de aprendiz a instrutor. “No momento eu quero ser jovem articulador do curso. Gostei tanto do projeto que eu quero acompanhar mais de perto os outros eventos. Quero passar o conhecimento que adquiri para outras pessoas”, ressalta.
A ideia é que a feira, que está em exposição até hoje e tem patrocínio da Cemar através da Lei Lei Estadual de Incentivo à Cultura, possa utilizar outros espaços no Centro de Criatividade Odylo Costa Filho. “Infelizmente a feira tem só dois dias. Estamos querendo fazer outra articulação com o Odylo para trazer a feira durante quinze dias. Estamos buscando também outros espaços para expor a feira, porque uma parte do recurso nós repassamos aos meninos que produziram”, comenta Quesia Barros, coordenadora do projeto.