Nova vida

Funac utiliza música para socioeducandos

De acordo com a equipe técnica da unidade, a música desempenha uma função preponderante na medida socioeducativa dos adolescentes

Reprodução

“Foi aqui nas aulas de percussão que eu descobri que tenho algum talento, que eu tive oportunidade”, conta um dos adolescentes do sistema socioeducativo do Estado, que encontrou nos batuques da percussão um caminho para reconstruir sua vida. A música é umas das estratégias utilizadas nas unidades da Fundação da Criança e do Adolescente (Funac), vinculada à Secretaria dos Direitos Humanos e Participação Popular, para que os adolescentes possam se desvincular do ato infracional.

As oficinas de música fazem parte da rotina socioeducativa desde 2014. Inicialmente, eram trabalhadas com aulas de violão. Foi, então, que a equipe técnica e os oficineiros da unidade de internação do Centro de Juventude Sítio Nova Vida, em Paço do Lumiar, decidiram fazer algo diferente: a percussão começou a dar um novo tom na vida dos adolescentes.
“Quando as aulas de percussão começaram não via muito jeito de dar certo”, relembrou outro adolescente, que também participa das oficinas. “Mas o professor chegou, conversou com todos e foi muito bom tudo o que ele ensinou, aprendemos como tocar os instrumentos direitinho”, disse animado.

A ideia deu tão certo que nasceu o Projeto do Grupo de Percussão ‘Sonho de Liberdade’, em 2016. Da ação participam os adolescentes da fase conclusiva do programa de internação e a inclusão dos adolescentes é trabalhada a partir do Plano de Atendimento Individual (PIA), que identifica as habilidades dos socioeducandos a serem desenvolvidas durante o cumprimento da medida na unidade com o apoio dos oficineiros.

“O projeto contribuiu muito com todos os meninos que participam, melhoramos logo”, comentou outro adolescente que toca no grupo. “Não sei se vou ser um bom músico, mas eu me sinto bem no grupo. A música me faz bem”, respondeu quando questionado sobre seu futuro como músico.

De acordo com a equipe técnica da unidade, a música desempenha uma função preponderante na medida socioeducativa dos adolescentes. “Essas atividades possibilitam desenvolver talentos e a expressão cultural dos socioeducandos, incentivar a parceria e o trabalho em grupo, trabalhar questões de disciplina e deixar o adolescente mais tranquilo”, explica o diretor da unidade de internação, Nikson Souza.

“Mais do que ensinar a tocar um instrumento, fazemos, aqui, com que eles reflitam sobre o que eles querem ser no futuro deles. Essa é mais uma oportunidade para que possam se integrar na sociedade e serem bons cidadãos”, ressaltou o oficineiro Kleber Lopes, mais conhecido como Mestre Bamba, que acrescentou ao projeto toda a sua experiência em projetos voluntários com crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social.

Hoje, o resultado do Projeto se mostra durante as apresentações culturais realizadas pelo Grupo nas atividades da Fundação e em outros espaços. “Tudo isto se configura como um acréscimo positivo na rotina e no cumprimento de medida socioeducativa. E mais, com este trabalho vamos rompendo preconceitos e ressignificando não só a vida dos adolescentes, como o pensamento da sociedade sobre as medidas socioeducativas”, afirmou a presidente da Funac, Elisângela Cardoso.

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