Investigação

Corpo de quilombola será analisado em São Luís

Raimundo Silva foi encontrado morto na última quarta-feira (12) na comunidade do Charco, no município de São Vicente de Ferrer

Reprodução

O corpo do quilombola Raimundo Silva, passará por uma necropsia no Instituto Médico Legal (IML) ainda nesta semana, para descobrir as causas da morte. As providências para o translado do corpo já foram tomadas. Ainda não há informações sobre a motivação do crime e nem dos autores.

Além disso o Governo do Estado do Maranhão, por meio das Secretarias de Estado dos Direitos Humanos e Participação Popular (Sedihpop) e Extraordinária da Igualdade Racial (Seir), emitiu uma nota de pesar pela morte de Raimundo Silva.

Na mesma nota, o Governo disse que a Secretaria de Estado de Segurança Pública (SSP) irá apurar o crime, tendo como norte o combate ao racismo e o extermínio do povo negro com políticas públicas de direitos humanos, igualdade racial e segurança pública.

O crime

Raimundo Silva, morador da comunidade quilombola conhecida como Charco, foi encontrado morto na última quarta-feira (12). A comunidade quilombola se localiza na cidade de São Vicente Ferrer, na Baixada Maranhense.
A polícia já confirmou que Raimundo foi assassinado. Seu corpo foi encontrado por familiares próximo a um rio, com quatro tiros. Todas as características apontam para crime de encomenda feito através de uma tocaia. Raimundo, também conhecido como “Umbico”, havia recebido um dinheiro das mãos de uma pessoa da comunidade momentos antes de ser assassinado. No entanto, nada foi roubado e o dinheiro foi encontrado no bolso.

Raimundo era uma das figuras de destaque do Charco e cunhado de Zilmar Mendes, líder da comunidade. Na região há grandes conflitos de terras que já resultaram na morte do líder quilombola Flaviano Pinto Neto, em 2010. Foi Flaviano quem impulsionou a criação do Moquibom (Movimento Quilombola do Maranhão) e a formação da associação da comunidade, cuja primeira luta foi garantir o acesso livre à terra.

Apesar da comunidade existir há mais de 150 anos, nas últimas décadas fazendeiros se apropriaram de seus territórios e cobravam o “foro”, uma taxa de ocupação. Quem não pagasse tinha suas plantações e roçados destruídos, além de sofrer ameaças de jagunços. Flaviano e os moradores do Charco sabiam que eram os legítimos donos da terra e se recusaram a pagar a taxa.

No dia 30 outubro de 2010, Flaviano foi assassinado por pistoleiros após sair de uma reunião. “Só deu tempo de eu chegar em casa e ouvir os tiros, quando a gente foi pra lá já achou ele morto com 7 tiros na cabeça. Ele tava com o documento da associação tudo debaixo do braço“, explica Zilmar, que também era sobrinha de Flaviano. Desde o assassinato, a comunidade luta por justiça. Mas em 2015, os fazendeiros Manoel de Jesus Martins Gomes e Antônio Martins Gomes, acusados de serem os mandantes do crime, foram absolvidos pela justiça.

A CSP-Conlutas está tomando todas as providências no sentido de apoiar material e politicamente a comunidade quilombola do Charco e exigir a mais ampla apuração de mais um crime bárbaro no campo brasileiro.

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