História

Conheça as greves mais famosas do Maranhão

O Grupo O Imparcial resgata algumas das greves que marcaram a história de estudantes e trabalhadores de São Luís

Reprodução

São Luís foi palco de violentos confrontos entre manifestantes e forças de militares constituídas. Muitas revoltas operárias, ou greves operaria como ficaram conhecidas no Brasil no início do século XX, foram movimentos liderados por proletariados que lutaram por melhores condições de trabalho, de salário e garantias trabalhistas.
Nesse contexto, a forma de luta dos trabalhadores era a obtenção de benefícios para si próprios, ou seja, evitando a perda deles. Normalmente, as greves eram utilizadas como único recurso durante as tentativas de negociações entre a classe dos empregados e patrões. Cruzando os braços e deixando de produzir, os trabalhadores causavam um prejuízo imediato a boa parte das empresas.

Greve de 51

A greve de 1951, por exemplo, não foi somente o resultado de uma aliança eleitoral. Significou o mais formidável movimento urbano da história do Maranhão. Representou movimento popular amplo, radical e heterogêneo que mobilizou a massa urbana revoltada com as práticas fraudulentas e coronelistas de Victorino Freire, cujas consequências foram marcantes. Ela também foi um poderoso movimento social, onde as multidões obrigaram realmente todas as correntes a enfrentar as questões colocadas pelos manifestantes maranhenses. Apesar da proibição das forças de repressão, acabou se desenvolvendo uma manifestação. Evocou-se um movimento espontâneo e a ira dos trabalhadores, operários e trabalhadores em geral foi crucial para o sucesso da revolta. A contradição entre os revoltosos e a moderação dos dirigentes e políticos, que não desejavam, aparecia mais claramente nos jornais no dia a dia de São Luís. Durante o desfecho do movimento, como estratégia, os rebeldes fecharam o porto de São Luís, diminuindo a oferta de alimentos no Estado. São Luís ficou totalmente paralisada por uma greve geral nos meses de fevereiro, março e posteriormente setembro e outubro. Nesse contexto, o movimento alcançou grande repercussão nacional e internacional, transformando-se numa campanha de libertação contra o jugo vitorinista: era a “Balaiada Urbana”.

Greve da meia-passagem

Protestando contra o aumento da passagem que subiu para dois cruzeiros e cinquenta centavos e ao mesmo tempo reivindicando a meia-passagem, na manhã de uma segunda-feira, dia 15 de setembro de 1979, em São Luís, os estudantes universitários paralisaram suas atividades no campus universitário e deixaram de tomar os ônibus da empresa de Transporte Taguatur, que terminaram por parar devido à inexistência de passageiros. O movimento foi iniciado em ato público na Praça Deodoro, que reuniu 15 mil pessoas no dia 17 de setembro. O dia 18 amanheceu com o comércio fechado, transporte público parado e mais enfrentamento entre a polícia e manifestantes. Alunos do curso de Engenharia Elétrica, assustados com o preço, resolveram mobilizar toda a classe universitária para uma tomada de posição. Após uma assembleia realizada no Estádio Nhozinho, o governador João Castelo decidiu negociar com os estudantes. Eles, por sua vez, decidem diminuir os enfretamentos devido à postura de negociação do governo, mas continuaram a greve até o dia 22. No dia 28 foi sancionada a lei da meia-passagem e no dia 1º de outubro entrou em vigor.

Greve dos camelôs

A guerra dos camelôs ocorreu em 1993, quando a prefeita Conceição Andrade, tentando disciplinar o comercio informal em torno da Rua Grande, precisou apelar à Polícia Militar para retirar os vendedores ambulantes que insistiam em permanecer na via e suas transversais, se recusando a ir para o camelódromo construído na Praça Deodoro. Na época, a Companhia de Limpeza Pública, chamada ‘Coliseu’, retirou todas as barracas e trailers de toda área comercial do Centro, forçando os vendedores ambulantes ocuparem o camelódromo. Houve confronto, muita correria e alguns feridos.

Greve dos lavadores e manobreiros de automóveis

Criado em setembro de 1989, o Sindicato dos Lavradores, Manobreiros e Guardadores de Automóveis de São Luís possuía na época 89 membros, número bastante pequeno, já que atuava na cidade cerca de 3.000 pessoas no ramo. Uma tabela foi criada pela entidade que determinava o preço de cada serviço prestado, um dos motivos da revolta. O vigia, por exemplo, custava Cr$ 20,00, uma lavagem superficial saía por Cr$ 150,00, uma lavagem completa custava Cr$ 250,00 e o polimento Cr$ 350,00. O Sindicato distribuía aos membros uma carteirinha de identificação contendo o nome, apelido, inscrição, endereço domiciliar e local de trabalho. As áreas mais disputadas eram: Praça Deodoro, Praça João Lisboa, Largo da Igreja dos Remédios e Igreja de São João e Projeto Reviver, na Praia Grande.

Greve dos motoristas e cobradores de ônibus

Moradores e cobradores de ônibus em São Luís decretaram no dia 25 de junho de 1990 uma greve por unanimidade, em assembleia realizada na época na Sede do Sindicato dos Trabalhadores Rodoviários, na Rua Formosa ou Rua Afonso Pena. A paralisação da categoria teve início a meia-noite de uma segunda-feira, quando a cidade amanheceu com motoristas e cobradores de braços cruzados. Depois da assembleia, o próximo passo da categoria foi comunicar a decisão ao Sindicato das Empresas de Transporte e Passageiros de São Luís. A Prefeitura, através do prefeito em memória, Jackson Lago, tentou uma negociação com o Sindicato.

Greve dos bancários

A última grande greve dos bancários ocorreu no dia 28 de agosto de 1985, a maior paralisação em nível nacional. O movimento de 2004, que começou por São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e Florianópolis, se estendeu para outras localidades até atingir 24 das 27 capitais brasileiras, além de várias cidades do interior.

A cobertura dos monopólios de comunicação na greve dos bancários cumpriu à risca o estabelecido que era desqualificar as reinvindicações dos trabalhadores, taxando-as como exorbitantes; alardear possíveis transtornos a população, para pressionar pelo fim à greve; questionar a legitimidade do movimento, tratando-a como resultado de manobras e disputas político-eleitorais na direção sindical. No dia da greve, a sede do sindicato foi sacudida pela intensa movimentação dos grevistas. Ainda em 1985 a greve nacional dos bancários da Caixa conquistou a jornada de 6h e o reconhecimento da categoria como bancário economiários. Nesse espírito de libertação, o Sindicato dos Bancários do Maranhão entra na Gestão MOB/CUT, retirando o sindicalismo do vínculo corporativista que submetia as entidades ao controle do Estado, inclusive com a reformulação do Estatuto. O ideal foi implementar um sindicalismo classista e de massas, a partir da organização por local de trabalho, pautando as lutas da categoria contra a exploração econômica e a opressão política. O novo Estatuto criou 11 Diretorias Regionais, colaborando para o aumento da participação da categoria.

Greve dos jornaleiros

Em 1989, os jornaleiros tentavam acertar a criação da associação com o superintendente Lúcio Cunha. Cento e dez sócios assinaram o livro de ata, como fundadores. O presidente na época, José Maria Nogueira Gomes Neto, e vice-presidente Clarindo Viana Correa, lideraram o movimento. Toda a diretória e a maioria dos fundadores estiveram no O imparcial e a comunicação da fundação da Associação foi feita ao jornalista Pedro Freire, diretor-geral do matutino. O movimento foi apoiado e os jornaleiros resolveram se organizar para distribuir os jornais de São Luís com maior organização e eficiência.

Greve dos frentistas e transportadores de combustíveis

Muitos postos em São Luís estavam fechados na capital maranhense. Em setembro de 1995, frentistas não estavam querendo trabalhar, deixando de atender aos clientes. Os trabalhadores reivindicaram o aumento salarial e algo novo na legislação trabalhista, “insalubridade”, ocasionada pelo cheiro forte contida na gasolina e derivados. Os trabalhadores, no entanto, aceitaram conversar com os donos dos postos, visando não deixarem o prejuízo somente como seus patrões. Enquanto isso, os trabalhadores permaneceram atentos e o sindicato informou que o efetivo de trabalhadores que paralisaram é elevado em toda São Luís.

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