DIA INTERNACIONAL DA MULHER

Mulheres ganham 16% a menos que homens no MA

As mulheres ainda encontram dificuldades para ocuparem cargos importantes em comparação aos homens no mercado de trabalho

Reprodução

O mercado formal de trabalho sempre foi mais favorável aos homens que às mulheres e, nos últimos anos, isso tem se intensificado. Considerando a percepção geral da população, pode-se concluir que o Brasil é um dos piores países quando se trata de igualdade salarial entre os gêneros. E como é de se esperar, o Maranhão não fica atrás nessa estatística.

De acordo com o tecnologista de Informações Geográficas e Estatísticas do IBGE/MA José Reinaldo Barros Ribeiro, segundo levantamento de dados do último semestre de 2016, as mulheres possuem ganho em 16% a menos que os homens no mercado de trabalho em São Luís, sendo que apenas metade delas fazem parte deste mercado. Isso se deve à diversos fatores, como por exemplo, o fato de que os homens ocupam a maior parte da força de trabalho, muitas mulheres optam por estudar a trabalhar e o índice de desemprego ter crescido bastante em diversos setores.

“Mesmo a construção civil sendo afetada pela crise, podemos perceber a partir destes dados uma diferença de ganho muito grande dos homens no mercado em relação às mulheres. Isso se deve principalmente ao fato de que as mulheres se ocupam bastante com os afazeres domésticos e com a escola, o que acaba dificultando a entrada destas no mercado de trabalho”, defendeu ele.

Uma pesquisa realizada pelo Forúm Econômico Mundial em 2016, apontou que seriam necessários 95 anos para que as mulheres e homens atingissem situação de plena igualdade no Brasil. Esse levantamento é alarmante se tratando da inserção da mulher no mercado de trabalho, pois há muitos anos elas se encontram em um rendimento inferior à dos homens e sem os mesmos direitos. Na elaboração do ranking, foram levadas em consideração estatísticas de 144 países, que avaliaram as condições enfrentadas por mulheres nas áreas de saúde, educação, paridade econômica e participação política.

Segundo estudo da Amcham (Câmara Americana do Comércio), para 76% dos entrevistados e entrevistadas na sua maioria gestores de recursos humanos de empresas dos mais variados portes e segmentos, as empresas ainda não tratam homens e mulheres de forma igualitária na estrutura organizacional e de gestão.

Trabalho médio de 7,5 horas a mais que homens

As mulheres trabalham, em média, 7,5 horas a mais que os homens por semana devido à dupla jornada, que inclui tarefas domésticas e trabalho remunerado. Apesar da taxa de escolaridade das mulheres ser mais alta, a jornada também é.

Os dados estão destacados no estudo Retrato das Desigualdades de Gênero e Raça, divulgado na última segunda-feira (6) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). O estudo é feito com base em séries históricas de 1995 a 2015 da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
Em 2015, a jornada total média das mulheres era de 53,6 horas e a dos homens, de 46,1 horas. Em relação às atividades não remuneradas, a proporção se manteve quase inalterada ao longo de 20 anos: mais de 90% das mulheres declararam realizar atividades domésticas; os homens, em torno de 50%.

“A responsabilidade feminina pelo trabalho de cuidado ainda continua impedindo que muitas mulheres entrem no mercado de trabalho e, ao mesmo tempo, aquelas que entram no mercado continuam respondendo pela tarefas de cuidado, tarefas domésticas. Isso faz com que tenhamos dupla jornada e sobrecarga de trabalho”, afirmou a especialista em políticas públicas e gestão governamental e uma das autoras do trabalho, Natália Fontoura.
Segundo Natália, a taxa de participação das mulheres no mercado de trabalho aumentou muito entre as décadas de 1960 e 1980, mas, nos últimos 20 anos, houve uma estabilização. “Parece que as mulheres alcançaram o teto de entrada no mercado de trabalho. Elas não conseguiram superar os 60%, que consideramos um patamar baixo em comparação a muitos países.”

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