Márcio Lobão deve perder cargo na Brasilcap
Filho do senador Edison Lobão foi citado na fase “Leviatã” da Operação Lava-Jato e não deve ter mandato renovado na presidência da Brasilcap
O filho do senador Edison Lobão, Márcio Lobão deve perder a presidência da Brasilcap, braço dos planos de capitalização do Banco do Brasil. Ele foi promovido à chefia da empresa justamente quando o pai, Edison Lobão, negociava a saída do DEM, partido de oposição, para o PMDB, então base aliada do governo petista.
Marcio foi comunicado na segunda-feira que não terá o seu mandato renovado na presidência da Brasilcap. O advogado tomou posse em 24 de setembro de 2007 no que foi considerado à época uma clara indicação do senador ao posto na empresa, que, embora privada, guardava forte influência do BB — 49,99% de seu capital.
Na ocasião da escolha de Márcio, a Brasilcap negou a interferência política na presidência. O argumento era de que o filho do senador havia sido indicado pelo Conselho de Administração da companhia. O critério seria a atuação dele no grupo de seguridade do banco, durante oito anos, e na diretoria da empresa coligada Brasilveículos. Ainda assim, o sobrenome pesava na promoção: o pai assumiria dali a meses o Ministério de Minas e Energia.
“Brasilcap é uma instituição privada. Ele chegou ao grupo há oito anos por indicação da SulAmérica. A escolha é feita por um Conselho de Administração. Querem forçar a barra contra a minha família”, reagiu à época Edison Lobão.
Lobão foi um dos envolvidos na fase da Lava-Jato, batizada de “Leviatã”, que mira desvios e pagamentos de propina em contratos da Hidrelétrica de Belo Monte. Ele apareceu ligado aos malfeitos do pai pela primeira vez em junho de 2016, na delação premiada do ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado. Mas os detalhes quanto à participação da família Lobão na partilha de propina da hidrelétrica couberam ao ex-executivo da Andrade Gutierrez Flávio Barra. Segundo ele, Edison Lobão indicou o filho como o contato para receber dinheiro destinado ao PMDB.