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Você sabe a água que bebe?

O Imparcial identificou que existem no mercado pelo menos dois tipos de água, mas muitos consumidores não sabem diferenciar

Venda de água mineral em São Luís. (Foto: Honório Moreira)

Você sabe a diferença entre água mineral natural e água adicionada de sais? Essa foi a pergunta que a reportagem fez aos consumidores de água, que nos dias atuais se tornaram cada vez maiores, fazendo deste um mercado promissor para as empresas de exploração e captação e também para os revendedores que começaram a aparecer não mais apenas nos bairros nobres, mas também nas comunidades menores e de baixa renda. As respostas da maioria das pessoas mostra que o interesse coletivo está relacionado basicamente aos valores e não às diferenças entre os produtos. “Eu não tenho ideia. Para mim, é tudo água, e os galões são iguaizinhos. Como dá para saber?”, respondeu a dona de casa Lailda Costa, que semanalmente compra água para abastecer o bebedouro de casa. Ela afirma que sempre compra no mesmo local e, de acordo com o preço da água, não faz questão de marcas. “Eu compro a que estiver mais barata. Para mim, não tem esse negócio de marcas não. Acho que, se a água é retirada da mesma forma, é tudo igual”, disse ela.

Mas existem sim diferenças, e essas diferenças que influenciam nos preços finais da água. Segundo o Código de Águas Minerais da Agência Nacional de Águas (ANA), as águas minerais são aquelas provenientes de fontes naturais ou de fontes artificialmente captadas que possuam composição química ou propriedades físicas ou físico-químicas distintas das águas comuns, com características que lhes confiram uma ação medicamentosa. Enquanto as águas purificadas adicionadas de sais (pela Resolução 309/1999 – Anvisa) são aquelas preparadas artificialmente a partir de qualquer captação, tratamento e adicionada de sais de uso permitido, podendo ser gaseificada com dióxido de carbono de padrão alimentício. O Código de Águas Minerais usa o termo soluções salinas artificiais.

Consumidores buscam qualidade

As dúvidas sobre qual a melhor água afligem algumas pessoas, como o administrador Alberto Gonçalves, que diz comprar mineral por acreditar ser melhor. “Eu não sei, na verdade compro do tipo mineral natural porque acho que deve ser mais pura. Pelo menos acho que é melhor”, disse ele. Mas não é apenas por passar por um processo menos químico que a água mineral é a melhor. Existem sugestões sobre esse tema, o certo é que os dois tipos são próprios para o consumo humano. A ANA afirma que qualquer água que não passe pelos rigorosos critérios e por fiscalizações trazem riscos à saúde.

Para os que ainda têm dúvida, a principal diferença entre elas está no processo de captação e envase. A água mineral natural é captada direto da fonte e envasada, ela já possui todos os sais, por se tratar de uma captação mais profunda. A água adicionada passa por um processo de melhoramento, o mais comum seria o processo de osmose reversa para retirar as substâncias presentes no momento da captação, inclusive elementos patogênicos à saúde e os outros sais, deixando apenas o H2O. Para se tornar um produto comercial e para o consumo humano, ela precisa da adição de sais.

Existem instituições que defendem a qualidade maior da água mineral natural e os que defendem da adicionada de sais. A Associação Brasileira de Águas Adicionadas de Sais acredita que a Água Adicionada de Sais tem mais vantagens por passar por um processo que esteriliza e retira todo excesso de sais minerais, deixando o produto devidamente balanceado para o consumo humano. Enquanto a Naturágua, uma das maiores empresas de água mineral do Norte e Nordeste, acredita que a água mineral natural ganha em pureza e qualidade por ter uma legislação rigorosa. Ela é captada de uma fonte e deve ir direto para a embalagem. Resta ao consumidor escolher a que mais lhe agrade, pesando preço e procedência, e preocupando-se primeiramente com a importância de se manter hidratado.

Diferença do preço no comércio

Para os revendedores de água, o mercado vem se mantendo estável e é um bom negócio para quem deseja investir pouco. Segundo Jorge Diniz, responsável pelas vendas em uma empresa de água no bairro Cohafuma, o crescimento se manteve nos últimos anos entre 5% e a variedade de marcas atualmente mantém uma concorrência forte do mercado. “A empresa começou com venda de água há bastante tempo, quando existia basicamente uma marca, e quem comprava era quem tinha uma condição um pouco melhor.

Mas já há alguns anos, quando a situação financeira começou a melhorar de um modo geral, as pessoas começaram a querer comprar água em maior quantidade, e os negócios cresceram bastante. Com isso também aumentaram os pontos de revenda e muitas pessoas começaram a investir nesse mercado, que é relativamente bom, com um investimento barato, e você pode abrir um posto de água em quase todos os lugares hoje que consegue vender”, afirma ele. Ele diz ainda que, por conta dos diferentes tipos de água, é preciso hoje trabalhar com várias marcas diferentes. “Para não ter queda nas vendas, você tem que vender mais de uma marca, pois tem sempre marcas novas aparecendo e as vendas são redirecionadas a elas.

Além disso, você tem clientes que buscam preço mais baixo, e os que estão querendo saber qual é a água que realmente estão comprando. Para estes, eu sempre explico a diferença entre os tipos de água”, acrescentou ele.

Jorge Diniz explicou ainda que é possível saber, inclusive, a qualidade da água que se tem no filtro ligado à encanação de casa, que recebe água do abastecimento público. “Você pode simplesmente comprar um kit de exame de alcalinidade, que não é difícil de encontrar, e então você testa o seu filtro em casa mesmo para saber se a água está boa para o consumo. Qualquer pessoa pode fazer”.
Já no bairro Cohab, proprietário de uma venda de água, Ribamar dos Anjos afirma que tem sempre que explicar o preço diferenciado das águas aos clientes, que sempre estão querendo o mais barato. “Às vezes tem gente que pergunta o preço da água, o preço final para o consumidor é R$ 6. Então alguns dizem que encontram em outro lugar mais barato, e eu explico que a diferença é que trabalho apenas com água mineral natural e que a água adicionada de sais é mais barata em outros locais. Daí vai da consciência de cada um comprar a que achar melhor”, explicou o comerciante. Segundo ele, nos quatro anos que trabalha com venda de água, são poucos os consumidores realmente preocupados com a diferença da procedência e sim do preço. “As pessoas querem pagar barato, não interessa qual é o tipo de água. O que eu acho é que a concorrência é muito grande e a diferença nos preços também”, disse Ribamar dos Anjos.
Selo da Sefaz

A burocracia para a instalação de um ponto de exploração e captação de água mineral sugere que esta tenha uma fiscalização intensa e todo o processo seja mais custoso e demorado do que o da água adicionada de sais, tendo ambas que seguir os critérios do Ministério da Saúde para sua comercialização.

Atualmente apenas as águas minerais trazem o selo de garantia, junto ao lacre no gargalo, mas segundo a Secretaria do estado de Fazenda (Sefaz), que fiscaliza a comercialização destes produtos, ambos os tipos de água devem apresentar o selo. Sefaz informou à reportagem de O Imparcial que a água adicionada de sais também exige selo fiscal, de acordo com a Lei 10.356/15.

O órgão destacou também que o selo visa garantir e identificar a procedência da água, evitando que empresas sem autorização comercializem água mineral, mas o controle de qualidade da água mineral compete aos órgãos de controle sanitário do estado e não à Sefaz.

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