Carnaval 2017

Blocos tradicionais são destaque do sábado na Passarela

O concurso da Passarela é um dos momentos mais importantes para os grupos, que mantém um processo de produção parecido com o das escolas de samba

Reprodução

A segunda noite de programação da Passarela do Samba Chico Coimbra, no Anel Viário, atraiu centenas de famílias e foliões da cidade, no último sábado (25). Desfile e concurso de dezesseis agremiações de blocos tradicionais do grupo A marcaram a programação da noite do Carnaval. O concurso da Passarela é um dos momentos mais importantes para os grupos, que mantém um processo de produção parecido com o das escolas de samba.

“A gente avalia que é preciso priorizar esse que é um grande espetáculo que envolve sentimento e regionalidade. O carnaval é explosão de alegria do povo e o prefeito Edivaldo junto com o governador Flávio Dino tornaram prioridade a realização do evento, no intuito de valorizar a cultura da nossa cidade. Nós desejamos que até terça-feira tenhamos todos um carnaval alegre, pra cima, com todas as famílias. Agradecemos também ao trabalho e empenho de todas as secretarias envolvidas”, destacou o vice-prefeito Júlio Pinheiro, que acompanhou a programação.

Este ano, a Passarela do Samba está realizando uma campanha solidária de arrecadação de alimentos que serão doados para a Associação de Parentes e Amigos dos Excepcionais (Apae). Os ingressos para a Passarela do Samba são adquiridos mediante a doação de 1kg de alimento não perecível, que é doado para a instituição. A iniciativa tem tido apoio do público. “Eu acho importante doar porque tem muita gente que precisa dessa ajuda. Todos os anos, eu venho para a Passarela porque é o lugar mais apropriado para vir com a família, sobretudo eu que tenho filhos pequenos. É mais seguro e confortável”, disse Dolores de Jesus, 32 anos, do Bairro de Fátima.

Além dela, outras famílias e grupos de amigos marcaram presença com muita alegria e paixão pelos blocos tradicionais. Com abadás padronizados, mulheres vestidas de “Penélopes Charmosas” agitavam a arquibancada com uma grande faixa de torcida pelo bloco Os Vampiros. “A cultura do bloco tradicional é uma tradição e uma paixão pra gente. Antigamente, nós éramos estimuladas pela rivalidade da disputa e isso foi mudando com o tempo. Nós amamos todos os blocos e nossa torcida tem muito amor e respeito pela diversidade dos grupos. Cada uma de nós tem algum amor ou familiar que desfila em diferentes blocos”, falou a foliã Rosângela de Azevedo.

A paixão em família pelos blocos pode ser vista dentro dos próprios grupos durante o desfile, como é o caso da dona de casa Josileide Cruz de Paiva, de 32 anos, que desfilou no bloco Os Guardiões, acompanhada das filhas Ana Carolina, de 11 anos, e Safira, de 5 anos. “Eu já desfilo há 4 anos e minha sogra é presidente do grupo. Tudo é feito em casa e minhas filhas sempre foram apaixonadas e foram se acostumando com a nossa cultura. Eu acredito que elas vão continuar participando e ajudar a manter o bloco no futuro”, disse Josileide.

Para participar dos desfiles, os blocos exigem dos pais a organização de toda documentação das crianças que é validade pelo Juizado de Menores. Na Passarela, uma equipe realiza a fiscalização. “Nosso trabalho é o cumprimento da portaria. Crianças de até 6 anos só podem desfilar junto com os pais. Os grupos deverão ter o alvará assinado pelos pais, responsáveis e pelos donos do bloco de autorização da participação de crianças de 6 a 11 anos. Os menores com idade até 6 anos deverão obrigatoriamente estar acompanhados dos pais”, informou Elaine Bastos, comissária de justiça da Infância e Juventude.

CONCURSO

Os blocos tradicionais são agremiações que reúnem brincantes com figurinos luxuosos, com golas, botas, mantos e que tocam grandes tambores de compensado cobertos com couro, em ritmo marcado pelo contratempo e evolução feita com coreografias saltitantes.

“Começamos com a escolha do tema, feita em reunião com todos os integrantes. Depois, a sinopse é entregue para a equipe de produção. Se o tema for relacionado com um fato histórico, nós realizamos uma pesquisa específica; quando o tema é livre, nós criamos o desenvolvimento desse texto. A equipe de produção é composta por figurinistas, costureiras, aderecistas, sapateiro, músicos que compõem a harmonia e compositores. No caso do nosso bloco, todo recurso vem da própria família. Este ano, estamos nos apresentando com 60 componentes”, explicou Marcílio Dias, intérprete, compositor e um dos dirigentes do bloco Os Gladiadores, que foi o décimo primeiro grupo a desfilar na Passarela do Samba na noite de sábado.

A criatividade de adereços é parte da disputa e avaliação e uma marca de originalidade entre os grupos. Os integrantes do bloco Os Brasinhas desfilaram utilizando diversos materiais tecnológicos, como cordões com lâmpadas de LED e CD’s, dando um efeito moderno às alegorias. “Os blocos têm uma linguagem tradicional no ritmo. No figurino, podemos explorar a nossa criatividade e imaginamos como seria um carnaval daqui a 40 anos, com a ideia de que talvez já estejamos ocupando outros planetas, outros espaços, e a imagem dos anéis de saturno serviu de inspiração, além de usarmos materiais recicláveis e alternativos na composição do efeito que queríamos”, comentou Rafael Azevedo, autor do tema do bloco.

DESFILES

O bloco da APAE abriu os desfiles da Passarela com participação especial, sem a disputa do prêmio. No entorno da passarela, seis grupos de tambor de crioula se apresentaram simultaneamente. Em seguida, o Bloco Vinagreira Show, do bairro Diamante, com o tema “Baralho, um enigma a ser decifrado”. Na sequência foi a vez do bloco Os Vigaristas, do bairro Cohatrac, apresentando o tema “No México de Santo Forte, os Vigaristas Cantam a Morte”.

Cada bloco tem o tempo de 20 minutos de apresentação rigorosamente controlado pela equipe de Comissão de Verificação e Obrigatoriedade, composta por 5 fiscais. “Nossa responsabilidade é fiscalizar se o bloco cumpriu o quantitativo de componentes exigidos, com o mínimo de 50 pessoas. Cada bloco tem o tempo de 5 minutos para fazer a passagem de som e o bloco que não chegar no horário é desclassificado, podendo apenas desfilar no final do concurso. Todo o cronograma é organizado junto com as entidades e a Secult.

Os três blocos tradicionais que pontuarem menos no concurso do grupo especial, o grupo A, descem para o grupo B. A pontuação é feita pelo corpo de jurados que avaliam quesitos como evolução, letra, música, figurino”, explicou Alan Kardeck, coordenador da Comissão.

Para garantir que a pista esteja liberada para o desfile dos grupos, 12 agentes de limpeza realizam a coleta do lixo e pedaços de fantasia que caem no chão após cada apresentação. “A estratégia é entrar com a equipe logo após o bloco. Toda noite são recolhidos em torno de 30 latões, com capacidade de 6kg de armazenamento de resíduos, e também 03 grandes contêineres. Nosso trabalho abrange tanto a pista quanto o entorno da Passarela”, afirmou Ulisses Guterres, coordenador da equipe da SEMOSP.

Desfilaram ainda os blocos tradicionais Os Guardiões (Centro), Os Trapalhões (Vila Bessa), Os Brasinhas (Desterro), Os Vampiros (Cohab), Os Reis da Liberdade (Liberdade), Príncipe de Roma (Madre Deus), Os Foliões (Madre Deus), Originais do Ritmo (Goiabal), Os Gladiadores, Os Especialistas do Ritmo (Fé em Deus), Os Feras (Centro), Tropicais do Ritmo (São Cristóvão), Os Tremendões (Camboa) e Os Apaixonados (Cohatrac).

 

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