A sabatina realizada nesta semana com o secretário Clayton Noleto (Infraestrutura) sobre os avanços do programa Mais Asfalto ainda repercute nos bastidores da Assembleia Legislativa (Alema). E foi, simbolicamente, uma demonstração de que a guerra eleitoral entre governo e oposição começou e será longa.

De um lado, o Governo Flávio Dino e sua tropa de aliados, cujo objetivo é demonstrar os avanços da gestão, sempre com o comparativo com a era Sarney. De outro, os poucos mas barulhentos deputados oposicionistas, comprometidos em desconstruir a gestão de Dino e fortalecer uma via de oposição. Hoje, essa via seria a ex-governadora Roseana Sarney, do PMDB.

Os reflexos desse início tenso da guerra política são os embates acalorados entre os parlamentares no plenário da Assembleia. Nesta semana, os deputados Rogério Cafeteira (PSB), líder do governo na Alema, Adriano Sarney (PV), Edilázio Júnior e Othelino Neto protagonizaram momentos de tensão no legislativo, durante a sessão que sabatinou o secretário.

O programa Mais Asfalto, que é o carro-chefe do Governo do Estado na área da Infraestrutura, foi alvo de críticas da oposição, que o classificam como um programa eleitoreiro. O deputado Edilázio Júnior (PV), um dos críticos mais ferrenhos, chegou a se referir ao programa como ‘Mais Assalto’ durante a sabatina com o secretário Noleto. “Por que somente após as eleições o programa passa a ser lei? Se conseguir me convencer e me mostrar que não foi eleitoreiro, eu subo a esta tribuna e peço desculpas”, provocou.

Para o vice-presidente da Alema, essa postura da oposição em relação ao programa já era esperada. “É normal que eles defendam esse modelo ultrapassado de governar. Então eles ficam sempre procurando alguma coisa. Quando nós éramos oposição, no governo anterior, nós não precisávamos procurar nada, porque a incompetência era a marca do governo passado. Como este é um governo eficiente, um governo transparente, eles ficam sempre procurando alguma coisa para tentar combatê-lo. Mas até agora, inclusive pelas pesquisas de avaliação do governo, a oposição não vem conseguindo ecoar o que tem dito”, avaliou Othelino Neto em entrevista a O Imparcial.

“Dor de cotovelo”

Segundo ele, o grupo oposicionista está com ‘dor de cotovelo’, e ainda não conseguiu se conformar com os resultados do último pleito municipal. Na avaliação de Othelino Neto, a postura crítica da oposição em relação ao programa é injustificável, apesar de esperada.

“Os deputados de oposição perderam uma boa oportunidade de mostrar para a sociedade que não estão com dor de cotovelo, que concordam com o programa Mais Asfalto. Sinceramente, ser contra um programa que leva pavimentação para as ruas das pessoas, não se pode atribuir outra coisa senão dor de cotovelo. Porque só é contra o asfalto quem nunca comeu poeira na sua casa”, provocou Othelino Neto.

Já o deputado Rogério Cafeteira classificou as acusações dos deputados oposicionistas como “choro”. O parlamentar disse ainda que a oposição estava tentando transformar o plenário em um ‘circo’. “Agora ficou tudo bem claro para mim. Os senhores ainda não se conformaram com a derrota nas últimas eleições. Mas aceitem a vontade soberana do povo!”, disparou.

Em outro momento, Adriano Sarney e Othelino Neto trocaram farpas. O vice-presidente da Alema lembrou que a família do deputado oposicionista esteve no poder por décadas “sem causar qualquer impacto real no avanço do estado”.

“A sua família mandou no Maranhão, mandou na República, e mesmo assim entregou o estado de vocês na pior situação possível, com os piores índices da federação. E isso ninguém pode tirar. Nem a força do império de comunicação pode tirar. Vocês vão carregar para sempre e para toda a história a mácula de ter entregado um estado visivelmente muito mais pobre do que receberam”, afirmou Othelino Neto.

‘Retornaremos em 2018’, diz Adriano Sarney

Na sessão de quinta, o deputado Adriano Sarney fez uma espécie de profecia: garantiu que em 2018 o seu grupo retornará ao poder. “O grupo [Sarney] retornará, vocês querendo ou não. O povo já está dizendo, eu tenho uma pesquisa que comprova que nós já estamos na frente. Em 2018 nós estaremos novamente no poder, tanto no governo, como também com as duas vagas no Senado”, garantiu o deputado. Adriano Sarney não apresentou nenhum documento que pudesse confirmar a existência da pesquisa de intenção de voto e acabou sendo ironizado: “Continue sonhando, deputado”, rebateu Othelino Neto.

MAIS LONGA DESDE 2014

A sessão especial que recebeu o secretário Clayton Noleto foi a mais longa da Alema desde 2014, quando os atuais deputados tomaram posse. Ao todo, foram seis horas e trinta e oito minutos de sessão, sem intervalos.