Ter uma alimentação equilibrada e manter a saúde em dia é algo que a maioria das pessoas busca atualmente. O problema é que muita gente começou a desenvolver uma obsessão por comer só aquilo que considera absolutamente saudável e agora vive um quadro de ortorexia. O termo, pouco conhecido, pode explicar o que caracteriza esse distúrbio. “Ortho” quer dizer “correto”; “orexis” significa “apetite”.

Apesar de parecer paradoxal, comer exageradamente apenas aquilo qu

e se considera saudável leva a uma dieta altamente restritiva, que despreza a importância dos alimentos e de nutrientes existentes em outras fontes. Segundo a nutróloga Natasha Vilanova, isso causa desequilíbrio no organismo e deficiências nutricionais.

O transtorno alimentar costuma ser percebido por parentes e amigos próximos de quem o desenvolve, mas a médica alerta que, mesmo avisada, a pessoa cria a obsessão pelos alimentos de sempre e a tendência é que o quadro piore com o tempo, a curto prazo.

Consequências

Inicialmente, pessoas com ortorexia evitam produtos que contenham corantes, conservantes, gordura trans, açúcares e, ao longo do tempo, essas pessoas passam a se preocupar também com a forma de preparo dos alimentos e até com os utensílios utilizados. Logo, evitam comer fora de casa, o que interfere diretamente no convívio social, segundo a especialista.

O quadro de ortorexia nervosa leva a restrições que causam carências nutricionais, como a anemia, a desnutrição, déficit de vitaminas e minerais, entre outras. “Sem o acompanhamento adequado, tais condutas podem levar a alterações mais graves, sendo indicada internação para reajuste nutricional”, orienta a nutróloga.

Tratamento

Quando se tem o diagnóstico clínico da ortorexia, o ideal é iniciar o tratamento com uma equipe multiprofissional, que inclui nutrólogo, psiquiatra, nutricionista e psicólogo. “É preciso tanto tratar as deficiências nutricionais quanto a terapia comportamental”, recomenda.

Culto ao corpo

Uma das explicações mais aceitas para esse tipo de comportamento em algumas pessoas está no apelo midiático do padrão de beleza e do culto ao corpo. “A mídia exerce grande influência e as pessoas passam a adotar dietas sem nenhuma orientação médica”, ressalta a especialista.

Com o advento das redes sociais, onde nascem verdadeiros “ídolos”, popularmente chamados de “digital influencers” – ou influenciadores digitais, na tradução do inglês, muitas vezes as opiniões sobre determinado assunto são lançadas e quem está com algum distúrbio alimentar tende a seguir o que essas pessoas indicam sem nenhum preparo ou habilitação para tal. “O ideal é mesmo buscar avaliação especializada”, conclui.