Projeto pede a saída dos Estados Unidos da ONU
Projeto também prevê a remoção da sede da entidade localizada em Nova Iorque
Um projeto de lei, proposto pelo deputado federal republicano Mike Rogers, do Alabama, intitulado Restauração da Soberania Americana (American Sovereignty Restoration Act) de 2017, pede a saída total dos Estados Unidos da ONU, a remoção da sede da entidade de Nova Iorque e que toda a participação na Organização Mundial da Saúde seja interrompida, como pode ser visto na página do congresso americano (clique aqui).
Rogers e outros republicanos proeminentes têm manifestado repetidamente a ideia de que o dinheiro dos contribuintes norte-americanos não deve ir para uma organização que não promove os interesses dos EUA. Medida é inspirada na saída do Reino Unido da União Europeia.
O projeto de lei foi discretamente introduzido em 3 de janeiro e passou para o Comitê de Assuntos Estrangeiros da Câmara. Se aprovado, o projeto levaria dois anos para entrar em vigor. Também revogaria a Lei de Participação das Nações Unidas, de 1945, assinada após a Segunda Guerra Mundial.
“O Presidente encerrará toda a participação dos Estados Unidos nas Nações Unidas em qualquer órgão, agência especializada, comissão ou outro órgão formalmente afiliado das Nações Unidas (…). A Missão dos Estados Unidos para as Nações Unidas está encerrada. Quaisquer funções remanescentes de tal cargo não devem ser realizadas “, de acordo com o texto da HR 193 – nome que recebeu o projeto.
O projeto de lei também proibiria “a autorização de fundos para os Estados Unidos ou contribuições voluntárias para a ONU”, o que também incluiria quaisquer despesas militares ou de manutenção da paz, o uso das forças armadas dos EUA pela ONU e a perda de “imunidade diplomática para Oficiais ou funcionários da ONU “em solo americano. O deputado Rogers já tentou passar a mesma lei em 2015, porém sem sucesso.
“Por que o contribuinte americano deveria financiar uma organização internacional que trabalhe contra os interesses dos Estados Unidos em todo o mundo? Agora é hora de restaurar e proteger a soberania americana e sair das Nações Unidas” desabafou o deputado na época, em defesa de sua idéia.
Outro partidário da HR 193, Rand Paul, do Kentucky, também endossou a medida em janeiro de 2015 – “Não gosto de pagar por algo que os países do terceiro mundo nos atacam e queixam-se dos Estados Unidos (…) Há muitas razões pelas quais eu não gosto da ONU e acho que ficaria feliz em dissolvê-la “, falou o senador de Kentucky.
Rogers passou a citar tratados e ações que ele acredita que atacam os direitos do cidadãos norte-americanos como a falta de apoio a Israel.
“A ONU continua a provar que é uma burocracia ineficiente e um completo desperdício de dólares dos impostos americanos. Quem não é amigo de nosso aliado, Israel, não é amigo dos Estados Unidos”, expressou o deputado sem saber que Israel foi criado a partir das Nações Unidas e que como país não cumpre as determinações da ONU em relação a Palestina.
Segundo cálculos da conservadora Heritage Foundation, os EUA fornecem mais de 22% de todo o financiamento da ONU.O projeto de lei para cortar o financiamento foi introduzido logo após a ONU condenar a construção contínua de assentamentos israelenses ilegais.
Vale lembrar que o governo de Obama concedeu a Israel seu maior pacote de ajuda militar da história, assinando um memorando em setembro de 2016 que dará 120 bilhões de reais (38 bilhões de dólares) em 10 anos para o governo israelense.
No entanto, com Donald Trump no poder, muitos republicanos surgiram e começaram a defender a ideia dos Estados Unidos saírem da ONU ou, pelo menos, cortar o financiamento a entidade.
Todos os anos, os EUA concedem aproximadamente 25,3 bilhões de reais em pagamentos obrigatórios e contribuições voluntárias para a agência internacional de paz e suas organizações afiliadas. Cerca de 9,5 bilhões dessa soma vão para os orçamentos regulares de manutenção da paz da ONU.