Opinião

Leia ‘O Brasil não é para os fracos’, do jornalista Pedro Henrique Freire

O Brasil é hostil, de fato. Para viver por aqui é preciso ser, no mínimo, um patriota resistente. Mas tem gente que prefere ser garçom num país fácil a ser empreendedor num Brasil difícil.

Pedro Henrique Freire, jornalista

Na semana passada, neste espaço, escrevi sobre as lições que perdas, crises e até tragédias podem nos ensinar. Uma semana depois, concluo: o Brasil não é para os fracos. É um país feito para quem resiste, luta e, sobretudo, para aqueles que sabem para que serve a derrota. Do gaúcho ao nordestino, gente forte, à sua maneira, que encara e sofre com os problemas – políticos, econômicos, sociais, morais – sem arredar o pé, sem fugir da luta.

Tom Jobim dizia: “Viver no exterior é bom, mas é uma merda. Viver no Brasil é uma merda, mas é bom”. Nos tempos da ditadura, no Brasil pareciam habitar mentes mais coletivas e menos fúteis. Era uma época em que artistas do ‘show business’ ainda eram engajados contra mazelas sociais e uma boa parte das cabeças pensantes se preocupava com o todo, não só com o que lhe interessava. Uma época em que quem tinha voz dava a vez.

Hoje é o contrário. Estamos na era do individualismo, do radicalismo, do egocentrismo. Não basta discordar, é preciso crucificar a opinião divergente. Se puder humilhar em público – via redes sociais, claro -, melhor ainda. Nesses tempos de crise, o país tem produzido exemplos reflexivos de individualismo.

Dia desses li o seguinte comentário em uma rede social, direto dos Estados Unidos: “Depois ainda me perguntam por que fui embora do Brasil”, disse a figura, para emendar um “Brasil faliu” na mesma postagem. Li, refleti, refleti e… melhor não reagir. Se o Brasil é dos brasileiros fortes e verdadeiros, não vale a discussão. O país, obviamente, produz suas frustrações e afasta gente muito boa de suas linhas territoriais. Uns, certíssimos ao pensar em si, desistem e se mandam para nova aventura. Outros ficam e lutam, sob todas as dificuldades. Por vontade própria ou falta de opção, por aqui estão.

O Brasil é hostil, de fato. Para viver por aqui é preciso ser, no mínimo, um patriota resistente. Mas tem gente que prefere ser garçom num país fácil a ser empreendedor num Brasil difícil. Que deposita o próprio insucesso na conta de políticos e economistas em geral. Ou que escolhe esperar a fazer acontecer. E, claro, existem aqueles que se mandam para o ‘primeiro mundo’ e de lá, imunes às nossas mazelas, enviam mensagens aliviadas, alertando os brasileiros que, definitivamente, eles estão no lugar errado. O que dizer? O Brasil, terminantemente, não é para os fracos. Viva os brasileiros!

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