ARTIGO / OPINIÃO

Esperanças para 2017, por Sofiane Labidi

Artigo publicado na edição impressa de O Imparcial nesta sexta-feira, 16 de dezembro de 2016.

Reprodução

O modelo da escola pouco mudou atra­vés do tempo. Na nova era, a escola está incorporando gradativamente as novas tec­nologias em suas estratégias pedagógicas. As novas tecnologias possibilitam mui­tas vantagens: novas formas de comuni­car, de trabalhar, de colaborar, de ensinar, de reunir, etc. O impacto é extraordinário e os resultados são fantásticos. As novas tecnologias de Informação e Comunica­ção para Educação–TICE vem sendo in­corporadas à escola. Apesar disso, há evi­dências de que o modelo atual precisa de atualizações. Assim, não se sabe ainda como será a escola do futuro? Como será a escola em 10, 20 ou 50 anos?

A escola do futuro é uma escola dife­rente do modelo clássico. É uma escola de segunda geração (ou segunda versão), chamada “Escola 2.0”, em oposição à es­cola da primeira versão chamada “Escola 1.0”. A Escola 2.0 será uma escola aber­ta, sem fronteiras e onde os únicos mu­ros são aqueles que de fato precisamos fazer. Ao contrário da escola atual, a es­cola do futuro é uma escola que deve se preocupar em formar e preparar pessoas que irão atuar em empregos e tecnologias que não existem ainda. Isto por que foi constatado que os empregos mais pro­curados hoje não existiam cinco ou seis anos atrás.

A Escola 2.0, não é apenas uma ques­tão de disponibilidade de computadores e conexão à Internet, de hardware ou de software; a questão é de interligar todos os atores: alunos, professores, parentes, pes­soal administradors, etc. neste processo. Assim, a escola do futuro está nascendo da interação da educação com as ciências cognitivas e as novas tecnologias (TICE).

Atualmente, o ensino é centrado no professor que é o detentor do saber. Os conteúdos e as habilidades são transmi­tidos pelos professores e refletidos pelos alunos que dão o feedback. É um modelo baseado nos padrões governamentais e onde os alunos agem como espelhos de­vendo refletir os conteúdos e habilidades repassadas, para os professores e asses­sores governamentais.

Porém, na escola 2.0, o trabalho dos alunos não consiste mais em refletir o que eles encontram, mas de agregar valores a ele. Tudo conteúdo que é ensinado deve ser compartilhado com os outros no am­biente externo para ser melhorado. As perguntas são mais importantes que as respostas, porque as perguntas levam à discussão que é uma característica fun­damental da educação do século 21.

Assim, os alunos deixam de agir como espelhos e se transformam em amplifi­cadores do conhecimento, minerando, processando, interagindo, e comparti­lhando saberes. Os conteúdos e habili­dades são minerados pelos alunos que irão construir materiais informacionais que serão depois compartilhados den­tro e fora da escola. Os professores mo­delam a aprendizagem e monitoram as atividades dos alunos, focando as expe­riências de aprendizagem. A escola deve, portanto, ser repensada imaginando que os papeis são mutáveis e que os alunos também possam ser consi­derados portadores de saberes.

Assim, há criação de novos conceitos como o da mochila 2.0, pois é mais prá­tico e mais econômico introduzir o livro digital (eBook) para substituir o livro di­dático impressos. Portanto, na escola 2.0, cada aluno receberá um tablets ou Net­Book. Isto é um grande avanço em termos de portabilidade e de ensino-aprendiza­gem. Assim, o aluno deixará de carregar mochilas superpesadas e usará um tablet podendo carregar mais de 1.500 livros di­gitais e que pesa menos de 700 gramas. É mais interessante investir em tablets e NetBooks de que em livros extremamen­te caros e pouco práticos. Além disso, o nosso meio ambiente agradece.

Infelizmente, o debate sobre a escola do futuro é praticamente inexistente no Brasil. Estamos focando mais os equi­pamentos, os conteúdos didáticos, etc. e esquecemos de refletir sobre as transfor­mações do ensino e do sistema educacio­nal, seja na escola ou nas universidades. O uso da Internet, por exemplo, terá pou­co interesse se a relação professor-aluno não evolua na mesma proporção.

A reflexão sobre a escola 2.0 deve pro­curar buscar ideais que consideram a co­operação entre todos os atores do siste­ma. Devemos ser convictos de que nossos alunos podem ser chamados a ter empre­gos que não existem ainda, e que não de­vemos sempre ensinar a mesma coisa e nem da mesma forma.

O professor deve estar ciente que o co­nhecimento hoje não está mais em uma fonte específica, mas em uma nuvem cha­mada mundo virtual e que os alunos pos­sam ter acesso a qualquer momento e em qualquer lugar.

Vamos refletir mais sobre o novo pa­radigma! Infelizmente o Plano Nacional de Desenvolvimento da Educação (PNE) não aprofundou tal assunto e isto é mui­to prejudicial para o avanço da educação brasileira.

 

 

*O autor é presidente da Academia Maranhense de Ciências.

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