CÂMARA FEDERAL

Centrão dividido pela presidência da Câmara

A próxima campanha para presidência da Câmara dos Deputados promete ser uma das mais disputadas das últimas legislaturas após o ‘racha’ entre os 12 partidos que compõem o ‘Centrão’, maior bloco parlamentar da casa.

Centrão dividido na disputa pela Presidência da Câmara

A campanha para presidente da Câmara que entra em cena daqui a uma semana promete decretar o fim do Centrão enquanto um bloco coeso capaz de jogar unido contra ou a favor de qualquer governo. A morte do grupo está praticamente selada com o lançamento de vários candidatos para o comando da Casa. Esses movimentos, somados às ações separadas que os partidos têm adotado na hora de apreciar as propostas do governo, indicam que o Centrão não deverá se manter em 2017.

O bloco foi criado no início de 2015 com 12 partidos, como uma forma de dar sustentabilidade ao então candidato a presidente da Câmara pelo PMDB, Eduardo Cunha. PP, PR, PSD, PTB, PSC, Pros, PTN, SD, PRB, PEN, PHS e PSL somavam, à época, mais de 200 deputados, o que terminou por garantir uma vitória folgada de Cunha.

Depois do impeachment de Dilma Rousseff, Cunha ainda utilizou essa força para fazer frente à influência do DEM e do PSDB junto ao governo do presidente Michel Temer. Sob o comando do deputado cassado, o bloco forçou inclusive a indicação do líder do governo. Temer era ainda interino no Planalto. O escolhido foi André Moura (PSC-SE), que permanece no cargo até hoje.

Com a derrocada de Eduardo Cunha, o Centrão virou um grupo de 12 generais sem condições de manter a tropa unida em torno de um único objetivo. O primeiro teste ocorreu na eleição para presidente da Casa, assim que Cunha foi afastado do cargo e do mandato parlamentar. Com a derrota de Rogério Rosso, a sopa de letrinhas que sustentou Cunha virou um caldo ralo e sem gosto.

O PR, com Maurício Quintella no Ministério dos Transportes, foi um dos primeiros a se desgarrar do grupo e se manter em linha direta com o Planalto. O mesmo aconteceu com o PSD, do ministro da Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicações, Gilberto Kassab, e, depois, com o PP, do deputado Aguinaldo Ribeiro.

A última tentativa de unidade ocorreu nas primeiras semanas de dezembro, quando os pré-candidatos a presidente da Câmara promoveram um festival gastronômico de almoços e jantares, nos quais sobraram comida e faltaram acordos. Na última quinta-feira, às vésperas do Natal, Jovair Arantes, o líder do PTB, avisou que não era candidato do “Centrão, do direitão nem do esquerdão”. “O Centrão pode até se manter como bloco, mas um candidato a presidente deve ser de toda a Câmara”, disse ele, ao se lançar como candidato avulso.

O PSD também está hoje em carreira solo com a candidatura de Rogério Rosso. E, para completar, ainda tem o PP, com Aguinaldo Ribeiro, da Paraíba. Dos três, só Rosso e Jovair já se lançaram. Aguinaldo ainda aguarda. A tendência, segundo integrantes do PP, é o partido se fechar em torno da candidatura de Rodrigo Maia (DEM-RJ), deixando o antigo Centrão mais enfraquecido.

Alguns partidos do bloco, entretanto, devem se manter juntos de forma a conseguir angariar um espaço de poder na Mesa Diretora. Especialmente, os menores, como PEN, PHS e PSL. A reunião dos 12 que faziam parte da formação inicial está praticamente descartada.

Novos opositores

O fato de alguns partidos do antigo Centrão cogitarem apoiar Rodrigo Maia compensará os votos que o deputado do DEM perderá no PT, no PDT e no PSB. O PDT, com 20 deputados, já lançou a candidatura do deputado André Figueiredo (CE). O partido apoiou Maia em julho, mas discorda da reeleição.

A ideia do pedetista é ser uma opção aos partidos de esquerda e àqueles hoje governistas que se mostram desconfortáveis pelo fato de ele buscar uma reeleição baseado numa interpretação do regimento ainda inédita na disputa pela presidência da Câmara dos Deputados.

O regimento diz que um deputado eleito para um mandato de dois anos não pode ser candidato para o período subsequente dentro da mesma legislatura. O grupo aliado a Rodrigo Maia considera que ele foi eleito para um mandato de seis meses, portanto não se enquadraria nesse caso.

O PSB é outro partido desconfortável com a reeleição de Maia. Em julho, o partido apoiou a eleição do atual presidente da Câmara na reta final. Agora, está dividido. Um grupo liderado por Júlio Delgado (MG) investe na candidatura própria. Outro, no qual estão Heráclito Fortes e Danilo Forte, tende a defender o apoio a Maia. E um terceiro, em que está a deputada Janete Capiberibe, não vê a hora de se reaproximar do PT.

Com tanta divisão, os socialistas deixaram sua decisão para o fim de janeiro. Até lá, ficarão como o antigo Centrão passou o mês de dezembro: em busca de um consenso que dificilmente virá.

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