Cirurgia

Cabeça e pescoço: Cirurgiões falam sobre suas especialidades

Médicos especialistas em cirurgias de cabeça e pescoço falam sobre área de atuação e doenças que acometem essas regiões específicas do corpo.

A cirurgia de cabeça e pescoço é uma especialidade cirúrgica relativamente recente, que trata principalmente dos tumores benignos e malignos da região da face, fossas nasais, seios paranasais, boca, faringe, laringe, tireoide, glândulas salivares, dos tecidos moles do pescoço, da paratireoide e tumores do couro cabeludo.
Muitas vezes confundida pela maioria dos pacientes com outras áreas da medicina, a área de tra-balho do cirurgião de cabeça e pescoço não abrange os tumores ou doenças do cérebro e outras áreas do sistema nervoso central nem as da coluna cervical.
A especialidade é regulamentada e reconhecida pela associação médica brasileira e possui uma área de atuação (subespecialidade) denominada cirurgia crânio-maxilo-facial, que trata especificamente das doenças do esqueleto craniofacial.
Para conhecer um pouco mais sobre a área, sua atuação e indicações, conversamos com a equipe médica do Instituto de Cirurgia de Cabeça e Pescoço (ICCP), considerada referência da área no Maranhão.
O Dr. Eduardo Martins explica que a atuação deste profissional também não pode ser confundida com a do cirurgião buco-maxilo-facial, que trata dos traumas ortopédicos da área e outras especialidades no trato da região de cabeça e pescoço. “Nossa especialidade é muito nova, sendo subespecialidade do cirurgião oncológico geral. Para ser um cirurgião de cabeça e pescoço, o médico passa por uma residência médica específica da área após a residência em cirurgia geral”, disse.
O médico explica que a área recebe pacientes de várias outras áreas da medicina. “Normalmente, o paciente é orientado a nos procurar a partir de médicos de outras especialidades como otorrino, endo-crinologista, dermatologista e pelos odontólogos e cirurgiões buco-maxilos”, ressalta Eduardo Martins.
Prevenção
O Dr. Stênio Santos ressalta a necessidade de prevenção do câncer de cabeça e pescoço a partir de políticas educacionais que trabalhem aspectos da prevenção primária, que está ligada a evitar o aparecimento da doença, e da prevenção secundária, por meio de campanhas que levem à realização do diagnóstico precoce, permitindo terapêuticas com maior chance de cura.
O médico explica que, entre as estratégias de prevenção primária, destacam-se a exclusão de determinados hábitos considerados nocivos, como o tabagismo e o etilismo. “O consumo frequente de tabaco e álcool tem, comprovadamente, correlação com o surgimento de cânceres em toda a mucosa do trato respiratório e intestinal e a associação entre ambos multiplica os fatores de risco de desenvolvimento de lesões em boca, cavidade nasal, laringe, faringe, entre outros”.
Outro fator de risco bastante relevante para o surgimento de cânceres de cabeça e pescoço, segundo Dr. Stênio, é a exposição extrema ao sol, “sobretudo no que diz respeito à radiação UVB, que está diretamente ligada à formação dos cânceres de cabeça e pescoço, já que são as áreas mais afetadas pela incidência solar diária”, informa.
Uma preocupação relevante está relacionada ao contágio e desenvolvimento de infecções pelo vírus papiloma humano (HPV). “Há semelhanças com o poder carcinogênico do HPV nos cânceres do cólon de útero e os de cavidade oral e faringe. Esperamos que essa incidência seja reduzida com o decorrer da vacinação da população, bem como o reforço à questão educacional, na medida da proteção”, destacou.
Segundo o Dr. Gaudêncio Barbosa Junior, os cânceres de cabeça e pescoço podem acometer pacientes de todas as idades. “Cada tipo de lesão ocorre com mais frequência em determinadas faixas etárias. Os tumores relacionados ao tabagismo costumam aparecer a partir dos 40 anos, já os ligados às lesões de pele, na faixa dos 45 a 50 anos. No entanto, não é raro o atendimento a crianças com tumores na face ou na orofaringe, normalmente encaminhados pelos otorrinos”.
O médico faz um lembrete sobre a necessidade de realização de ultrassom do pescoço, a partir dos 40 anos. “O tumor de tireoide é mais comum entre mulheres, mas a prevenção deve abranger a todos, sobretudo nos casos em que há histórico familiar e fatores de risco, como o tabagismo e etilismo”, esclarece Gaudêncio.
Patologias mais comuns
Dr. Cláudio Abrantes explica que as patologias mais comuns na prática diária do cirurgião de cabeça e pescoço são os nódulos tireoidianos, nódulos cervicais, tumores de pele, tumores de boca e laringe. “Cabeça e pescoço é essencialmente uma especialidade oncológica, e por isso, somos indicados a realizar os tratamentos nesses casos. O nódulo tireoidiano está entre os nódulos mais comuns, mas na maioria das vezes benignos. Na maioria dos casos, está ligado à genética e à história familiar. A intenção, com maior frequência nos exames, é a descoberta e tratamento precoce”.
Procedimentos diagnósticos e tratamento
A doutora Fabiane Santos explica como se dão os procedimentos diagnósticos nos tratamentos de cirurgia de cabeça e pescoço. “Dentre os procedimentos diagnósticos mais comumente realizados pelo cirurgião de cabeça e pescoço destacamos a faringolaringoscopia, realizada para examinar, avaliar e, eventualmente, biopsiar lesões da laringe e faringe”, disse.
Segundo a médica, o tratamento das lesões tumorais nem sempre é realizado com intervenções cirúrgicas. “Tumores iniciais, em estágios em grau 1 e 2, eventualmente são tratados somente com radioterapia e quiomioterapia. Já os tumores de grau 3 e 4 passam necessariamente por intervenção cirúrgica e tratamento rádio e quimioterápico.
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