Nas cirurgias da especialidade de Cabeça e Pescoço, um tema importante é a utilização da monitorização intraoperatória dos nervos. Seu conceito e sua função são pontos interessantes que merecem ser divulgados.

O cirurgião de Cabeça e Pescoço é o especialista para a realização de cirurgias envolvendo a glândula tireoide e a glândula parótida, além de outros inúmeros procedimentos. As cirurgias realizadas nessas regiões envolvem a preocupação de não lesionar nervos importantes como o nervo facial e o recorrente laríngeo (que coordena os mecanismos da fala). Evitar a paralisia das pregas vocais é uma das principais preocupações nas cirurgias envolvendo a glândula tireoide. E esses procedimentos cirúrgicos podem significar um desafio ainda maior ao cirurgião, caso o volume da glândula esteja aumentada, apresente linfonodos ou o paciente já tenha cirurgias prévias naquele local. Todas essas informações deixam clara a necessidade de tornar cada vez mais seguras essas cirurgias. A monitorização dos nervos tem a função de auxiliar o cirurgião a não lesioná-los.

Erivelto Volpi reforça em sua tese de doutorado que as doenças relacionadas à tireoide acometem principalmente pessoas do sexo feminino por volta dos 40 anos de idade. Ressalta também a importância do grau de perícia do cirurgião na realização da cirurgia, que deve ser feita por um profissional especializado, pois as estruturas ao redor da tireoide são frágeis e escondem-se em locais bem vascularizados, de difícil identificação, o que aumenta o risco de traumas cirúrgicos.

Os principais objetivos da monitorização do nervo são a identificação precoce do nervo e o mapeamento do seu curso, além da avaliação da função do nervo ao término da cirurgia.

Nas cirurgias envolvendo a glândula parótida, a preocupação é com o nervo facial, pois a lesão pode ocasionar redução da movimentação da musculatura da face, diminuição da sensibilidade ao redor das orelhas, diminuição do paladar e do lacrimejamento, além de alteração da produção de saliva.

Na avaliação custo-benefício para justificar o uso dessa tecnologia muitas vezes considerada de alto custo por parte das operadoras de saúde, podemos comparar com uma cirurgia cotidiana, que é o caso da colecistectomia laparoscópica, e vale ressaltar que a preparação do paciente com a montagem do equipamento dura cerca de cinco minutos, sem aumento de tempo de cirurgia e custos anestésicos. Sendo que o uso de uma tecnologia que auxilie na prevenção dos danos de tão nobres estruturas deve ser considerado.

O conhecimento preciso da anatomia do nervo e de suas relações com outras estruturas é a base para a realização de uma cirurgia segura e não pode ser substituída pela monitorização, assim como a mesma não é uma garantia de excelente sucesso do procedimento operatório, porém soma-se, significativamente, ao conhecimento anatômico e à habilidade do cirurgião, sendo um inestimável auxílio ao cirurgião otológico, ao neurocirurgião, ao cirurgião de cabeça e pescoço e de base de crânio.

O Dia do Médico é celebrado anualmente no dia 18 de outubro no Brasil e no mundo. É com imenso carinho, respeito e gratidão que parabenizamos estes profissionais e heróis. Uma profissão abençoada, cheia de dedicação para com a vida humana merece ser homenageada. Parabéns aos profissionais que aceitaram esse desafio de serem os guardiões do nosso bem mais precioso: a vida.

Uma parte desses profissionais dedica sua carreira à realização de cirurgias para o tratamento das mais diversas patologias