Câncer mais agressivo de pele, o melanoma é descoberto por exame físico. O médico analisa o tamanho, a cor, a textura e a profundidade da mancha e, em caso de suspeita, pede uma biópsia dela. Cientistas buscam, porém, uma ferramenta mais objetiva para o início desse processo. Segundo pesquisadores da Espanha, ela pode estar em uma falha genética que prejudica o processo de autolimpeza das células. Detalhes desse mecanismo foram divulgados nesta semana, na revista Autophagy, e podem, além de resultar em um novo tipo de diagnóstico, facilitar o desenvolvimento de tratamentos mais eficazes para uma doença com alto potencial de metástase.
Quando alguns de seus componentes deixam de ser úteis, a célula os “engole”. Chamado de autofagia, esse processo é regulado por diferentes genes, incluindo o Atg5. Os mecanismos que provocam falhas no funcionamento desse esquema ainda são desconhecidos, mas os cientistas do Centro Nacional de Investigações Oncológicas, na Espanha, descobriram que um descompasso no gene Atg5 está diretamente ligado ao surgimento do melanoma.
“Usamos bancos de dados que continham informações de quase 5 mil pacientes e analisamos até 20 genes ligados à autofagia em mais de 25 tipos de câncer. Verificamos uma enorme variabilidade entre os diferentes tumores. No entanto, encontramos alterações no gene Atg5 com valor de diagnóstico apenas para pacientes com melanoma”, contou, em comunicado à imprensa, Marisol Soengas, líder da pesquisa.