Não apenas jovens profissionais venezuelanos estão migrando em busca de novas oportunidades, mas também homens e mulheres com mais de 50 anos estão cada vez mais entre aqueles que buscam uma nova vida em outro país.
A advogada Antonia Pérez, de 58 anos, disse à Ansa que apesar de sua idade tomou a decisão porque está “cansada de passar trabalho por uma crise que rouba até os sonhos”.
“A situação está tão difícil, dura e triste que não há um só dia em que a angústia para comprar comida ou o medo que te matem por qualquer motivo não esteja presente”, contou Pérez.
Já o engenheiro de computação Héctor Diáz, de 50 anos, comentou que está deixando a Venezuela em busca de um futuro melhor – e com a esperança de levar seus parentes em breve. “Estou indo porque meu país está à beira do abismo e quero sair deste governo que sequestrou todos os poderes, que nos faz passar fome e calamidade, é muito difícil”, ressaltou.
O êxodo que começou em 1984 se acentuou com a chegada de Hugo Chávez ao poder e se aprofundou nos últimos meses, após anos seguidos de crise econômica e social, que fez com que a inflação na Venezuela seja, de acordo com alguns analistas locais, de 700% até o fim do ano.
A escassez de alimentos e produtos básicos, além da insegurança – a taxa de homicídios no fim de 2015 era de 90 para cada 10 mil habitantes de acordo com dados da ONG Observatório Venezuelano sobre Violência – empurram o fenômeno da migração para níveis ainda mais altos.
Para Tomáz Páez, sociólogo e autor do livro A voz da diáspora venezuelana, a situação se agravou muito com a escassez “de tudo”. “O governo não entendeu que devastou o país, que não há mais nada em pé, que destruiu a maior receita da história da Venezuela e que é impossível apoiar uma nação cheia de fome, mortos e misérias”, destacou.
Segundo Páez, cerca de dois milhões de venezuelanos (que representam 7% da população do país) estão morando fora da nação. “Temos venezuelanos em mais de 90 países, mas quantas pessoas querem sair agora? Não sei, mas há indicadores nas filas de embaixadas, de gente que quer levar seus pais embora porque não há mais remédios”, disse ainda o sociólogo.
Estados Unidos, Espanha, Itália, Portugal, México, Chile, Argentina e Equador são os destinos mais escolhidos pela crescente onda de migrantes venezuelanos.