A Polícia Federal, em conjunto com o IBAMA e o Ministério Público, deflagrou na manhã desta quinta-feira, a Operação Hymenaea, com o objetivo de combater grupo criminoso ligado à extração e à comercialização de grandes quantidades de madeira ilegal, provenientes da Terra Indígena Caru e da Reserva Biológica do Gurupi.
Mais de 300 policiais federais, apoiados por servidores do IBAMA e por policiais do BOPE de Brasília e do Rio de Janeiro, estão dando cumprimento a 77 medidas judiciais, sendo 11 mandados de prisão preventiva, 10 mandados de prisão temporária, 56 mandados de busca e apreensão, bem como à suspensão da certificação de 44 empresas madeireiras, nas cidades de São Luís, Imperatriz, Buriticupu, Açailância, Zé Doca, Alto Alegre do Pindaré, Bom Jardim, Governador Nunes Freire, todas no estado do Maranhão. No Rio Grande do Norte: Tibau, Mossoró, Parnamirin e Natal, e em Capuí no estado do Ceará.
No Maranhão, entre as prisões decretadas pelo juiz federal Ricardo Macieira estão 11 mandados de prisão preventiva e 10 de prisão temporária.
Prisões temporárias: Miguel Guajajara Neto, Lenilson Dantas da Silva, Josemar Silva Costa, José Lucindo Rodrigues, Artur Queiroz de Paiva, José Carlos Sousa Laurindo, Jailton Canela de Sousa, José da Silva Calvet Neto, Elves Rodrigues Vale e Estevão José Feques Filho.
Prisões Preventivas: José Cláudio Lopes Barbosa, José Mansueto de Oliveira, Werbeth Linhares Caldas, Josemar Ponciano da Silva, Durval Fabricante Neto, Everaldo da Silva Alberto, Olinduarte Martins de Almeida, Geraldo da Silva Ferreira, José Albécio Oliveira Freitas, Larysfran de Araújo Ferreira, Nilvanor Nolasco das Neves.
A organização criminosa atuava extraindo ilegalmente madeira das reservas indígenas. Esse material era “esquentado” por meio de documentação fraudulenta para o transporte e retirada das áreas protegidas. Um membro da quadrilha era o responsável por emitir documentos destinados a microempresas laranjas, cadastradas como construtoras em pequenas cidades no interior do Rio Grande do Norte. Essa manobra servia para desviar a madeira para receptadores em todo o Nordeste brasileiro.
Os desmatamentos causaram danos ambientais gigantescos no último reduto da floresta amazônica na região nordestina. A organização criminosa fazia o corte seletivo de madeira nobre e espécies ameaçadas de extinção, de forma a acobertar o crime sob a copa das árvores de menor valor monetário. Segundo estimativas, o grupo teria movimentado valores da ordem de R$ 60 milhões.
As autoridades sequestraram mais de R$ 12 milhões de diversas pessoas físicas e jurídicas. Esses valores são provenientes da lavagem do dinheiro auferido com a extração ilegal da madeira.
Os investigados responderão por crimes como participação em organização criminosa, lavagem de capitais, roubo de bens apreendidos, obstar a fiscalização ambiental, desmatamento na Terra Indígena Caru, desmatamento na Reserva Biológica do Gurupi, receptação qualificada, ter em depósito produto de origem vegetal sem licença válida, corrupção ativa, tráfico de influência, dentre outros.
Secretário nega ser alvo de investigação
Durante entrevista coletiva, o secretário de Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Recursos Naturais (SEMA), Marcelo Coelho, negou que tenha deixado de ir a uma emissora local esta manhã, e apontou que era um superintendente da pasta que seria entrevistado no programa.
O secretário, que não aparece na lista de prisões executadas pela Polícia Federal, negou que esteja respondendo a processo na Operação Hymenaea.
Nota PGE e Sema
Sobre a “Operação Hymenaea”, deflagrada na manhã desta quinta-feira, dia 14, pela Polícia Federal, em conjunto com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama), cujas buscas incluíram a sede da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Recursos Naturais (Sema), o Governo do Estado esclarece que:
1 – A Procuradoria Geral do Estado (PGE) já requereu informações junto ao órgão condutor da operação, reiterando a disponibilidade do Executivo Estadual no fornecimento de informações pertinentes, bem como, se necessário, a adoção das providências disciplinares junto a servidores eventualmente envolvidos e/ou citados na investigação;
2 – De acordo com informações preliminares dos órgãos responsáveis pela operação, às quais a Sema teve acesso, não há registro de pedido de prisão decretado contra o secretário de Estado do Meio Ambiente, Marcelo Coelho, ou qualquer outro servidor do órgão.
3 – Ainda segundo estas informações, a operação supracitada é interestadual, cuja origem do processo remete à gestão passada.
4 – O Governo reitera total disponibilidade para contribuir com as investigações e ressalta que atua com total transparência, de modo a facilitar o trabalho dos órgãos envolvidos.