ARTE

O espírito olímpico foi retratado em um mural por Eduardo Kobra

O muralista pintou os povos nativos dos cinco continentes que hoje participam da competição

A arte de rua do muralista, Eduardo Kobra dará o tom, as cores e as formas aos Jogos Olímpicos 2016 que tem como sede o Rio de Janeiro. Desde o último dia 4 de julho, Kobra, encontra-se na Cidade Maravilhosa estampando a sua criatividade em um mural de 3.000 m².
Para realizá-lo, Eduardo kobra mergulhou em uma pesquisa histórica sobre os povos dos cinco continentes. Diariamente, das 8h às 19h, Kobra e equipe pintam o muro com látex, esmalte e spray. “Será o maior painel grafitado no mundo. Esse já é um recorde garantido antes do início dos Jogos”, brinca o muralista, que acrescenta: “É um desafio e um trabalho árduo, mas gratificante. Descanso apenas aos domingos, quando volto para São Paulo para ver a minha esposa, Andressa e nosso filho, Pedro, que nasceu há pouco mais de um mês”, conta.
No mural, estão representados os cinco continentes: Ásia – Karen, da Tailândia; Oceania – tribor Hulis, da Papua Nova Guiné; América – os Tapajós, da região amazônica; Europa – tribo Chukchis, da Sibéria – e África – os Mulsi, da Etiópia. O mural está situado no Pier Mauá, na Av. Rodrigues Alves, 10 – e estará pronto até o final de julho. Em entrevista a O Imparcial, o artista que tem obras espalhadas por vários países do mundo como Estados Unidos, Japão, Emirados Árabes, Holanda e Alemanha, revelou que nunca imaginou que a sua arte pudesse chegar à lugares tão distante. Confira os melhores trechos do bate-papo com este artista que está só a espera de um convite para vir ao Maranhão para mostrar o seu talento.
Repercussão
A arte de rua nos jogos Olímpicos
“Nunca pensei que fosse chegar tão longe. Na realidade, nunca tinha viajado para lugar nenhum. Entrei numa galeria de arte aos 30 anos. Tudo isso só foi possível por conta da minha dedicação ao meu trabalho. Até hoje fico surpreso de tantas possibilidades, de tantas portas que estão se abrindo. Hoje quando recebo um convite para voltar aos EUA, vejo até com naturalidade, mas quando me convidaram para ir para o Emirados Árabes foi muito forte para mim. A cada surpresa, uma grande novidade”.
Arte no brasil
“Pinto muito lá fora, mas eu quero levar a minha arte para o resto Brasil. Mas isso não depende só de minha vontade, pois cada trabalho é um trabalho e não depende só de vontade. Eu dou preferência total para realizar minha arte aqui no Brasil. Mas como eu disse antes, para que isso aconteça preciso de parceiros para que ele se realize. O Brasil tem tanta cultura a ser explorada. Tenho obras em São Paulo, Rio e outras partes do país, mas tem lugares que ela ainda não chegou. Eu gostaria muito de realizar um trabalho ai no Maranhão. Mas para que isto aconteça é preciso haver um chamado. Fico aguardando um convite”. 
Reconhecimento
“Eu só sei pintar. Esta é a única coisa que eu sei fazer na vida. Não tenho outro tipo de hobby. Me divirto pintando. Tenho paixão por galerias e museus. São lugares que tem um universo a ser descoberto. Todo ainda é muito novo para mim a cada trabalho. Pintar é a parte mais fácil. Mas não é tão fácil fazer trabalhos dessa natureza, pois há muitas dificuldades por trás dessa logística. Considero o Brasil um país de vanguarda na Sprint art, tanto que em outros países há certas restrições, como em algumas partes de Tóquio elas são proibidas. Mas existe um movimento que está crescendo. Não é todo lugar que temos essa abertura, mas aos poucos estamos conseguindo”.
Estrutura
A arte de rua nos jogos Olímpicos
“Faço o meu trabalho de forma voluntária. Mantenho a minha produção com a venda das obras que faço na Europa e no resto do mundo. Cada muro ou prédio que eu pinto são retratados em telas onde eu faço os testes de cores e formas. Esses trabalho eu acabo vendendo nas galerias dos paises que estou trabalhando. O dinheiro, que eu ganho, acabo revertendo na compra de materiais. Não tenho ainda a estrutura que gostaria de ter. Preciso de apoiadores, patrocinadores”.
Inspiração
“Quando vou fazer um trabalho, às vezes em cima da ideia principal realizo, uma pesquisa histórica. Mas, às vezes, a inspiração surge do momento em que estou vivendo, de referências que vi ou de alguém que me falou, e tudo acaba acontecendo. Fluindo de maneira até muito natural”.
Jogos olímpicos
“Fazer o mural dos Jogos Olímpicos é uma grande responsabilidade. É um desafio, pois é um mural gigantesco. Será o maior que já pintei. Trabalhei muito no layout até aprovação final da organização dos jogos, tudo para conseguir um resultado bacana onde as pessoas e os atletas possam se identificar de alguma forma. Estou vendo este convite como uma grande oportunidade”.
Sobre Eduardo Kobra
Kobra é um expoente da neo-vanguarda paulistana. Seu talento brota por volta de 1987, no bairro do Campo Limpo com o pixo e o graffiti, caros ao movimento Hip Hop, que se espalhou pela cidade. Com os desdobramentos, que a arte urbana ganhou em São Paulo, ele derivou – com o Studio Kobra, criado em 1995 – para um muralismo original – inspirado em muitos artistas, especialmente os pintores mexicanos e no design do norte-americano Eric Grohe -beneficiando-se das características de artista experimentador, bom desenhista e hábil pintor realista. Suas criações são ricas em detalhes, que mesclam realidade e um certo “transformismo” grafiteiro. Nos últimos anos também se dedicou muito a outros projetos, como surpreendentes obras em 3D e o projeto Greenpincel, em que mostra (ou denuncia) imagens fortes de matança de animais e destruição da natureza; e homenagens a personagens que marcaram a história, em diferentes áreas, como Albert Einstein, Nelson Mandela, Madre Teresa de Calcutá, Abraham Lincoln, Maya Plisetskaya Salvador Dali, Barquiat (grafiteiro), Frida Kahlo e Andy Warhol.
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