Com apenas um mês de vida o jornal O Imparcial já mostrava que seria um veículo que estaria sempre inovando. A primeira mudança se passou no tamanho, de um formato menor com poucas páginas, chamado de Berliner (ligeiramente maior do que o formato tabloide/compacto e mais estreito e mais curto do que o formato standard) para o standard. E assim tem sido assim nos últimos 90 anos. De 1926 até hoje, 1º de maio de 2016, foram muitas as mudanças acompanhando as evoluções tecnológicas.
Mudanças que são feitas também com base na exigência do leitor, e para cada dia apresentar algo novo. Fácil não é. Conversei com vários jornalistas para saber do ponto de vista deles sobre o que o jornal apresenta hoje e de como ele deve se projetar para o futuro. Isso mesmo: futuro! Uma palavra que faz parte do cotidiano do jornal desde sempre. Um veículo que nunca deixa de pensar no que fazer para estar melhor amanhã, mas sem nunca sair da sua linha editorial, sem nunca deixar de primar pelo adjetivo que leva no nome. Talvez por isso, segundo o jornalista Raimundo Borges, diretor de Relações Institucionais de O Imparcial, o jornal tenha chegado até hoje.
“Com um mês de existência O Imparcial já fez a primeira mudança gráfica. Mas sempre com essa linha que existe até hoje. O jornal sempre primou por essa questão do nome e acho que aí está o grande segredo da longevidade do jornal: a imparcialidade. Essa palavra é muito forte! O Imparcial hoje é uma instituição do Maranhão. É do Diários Associados, mas é uma instituição do estado de tanto tempo, de tanto serviço prestado, de tanto respeito que ele impôs como veiculo de informação à sociedade. Se não fosse respeitado ele não teria chegado até aqui. Quantas centenas de jornais não foram criados nesse período no Maranhão e não conseguiram sobreviver aos avanços? E tem essa questão do jornal não ter uma orientação política. Quem manda na nossa linha editorial é o talento do jornalista de conseguir o equilibro dessa palavra que está lá em cima da página do jornal”, considera Raimundo Borges.
E o que fazer para ficar sempre melhor e agradar ao leitor? Eis as opiniões de leitores e de alguns jornalistas maranhenses, que prontamente aceitaram dar seu ponto de vista sobre o jornal nessa data comemorativa.
“O Imparcial deve sempre manter a sua base – informação apurada, profissionais de primeira linha, ética na prática jornalística e abrangência de conteúdos. Tendo isso como alicerce, há de seguir as novas tecnologias como tem feito ao longo dos anos, com sua presença nas mídias sociais, na TV Imparcial e o que mais surgir em termos de canais de comunicação. Assim como o Varejo precisa ser Omnichannel (Multicanal), um veículo de comunicação precisa estar presente em todas as mídias e plataformas enquanto canais; mas sempre priorizando o seu DNA original que é a notícia com qualidade e conteúdo aprofundado. Não tenho dúvida que O Imparcial não apenas viverá mais outros 90 anos, como continuará sendo uma referência em excelência jornalística para todos. Esse é um veículo que teve um passado exemplar; que tem um presente competitivo e forte, e com certeza terá um futuro brilhante!”
Jornalista Adriana Vieira
“Os jornais devem investir na produção de conteúdo relevante para as pessoas. Com o volume de informações cada vez maior e disponibilizado em tempo real os jornais devem focar na interpretação dos fatos, nas análises e reportagem. Também podem aproveitar as diversas tecnologias para ter maior interatividade com seu público. Penso também em serviços de informação em formato digital e que entreguem conteúdo customizado de acordo com as preferências dos seus leitores”.
Jornalista Edvania Katia Sousa
“Os impressos devem se adequar aos avanços tecnológicos não só de equipamentos modernos que possibilitem uma impressão de qualidade considerada de ponta, mas também avançar no que o público quer ter acesso como leitura e informação. Pautas atuais que despertem o interesse do leitor, com textos leves, de rápida leitura e de conhecimento aprofundado. É fazer do jornal impresso uma revista com linguagem tecnológica como as utilizadas nos meios de comunicação online, inovando o jornalismo tradicional de texto”.
Jornalista Mario Moraes Ferreira
“O Imparcial não deixa a desejar em nada se compararmos aos grandes portais e jornais do Brasil, seja no conteúdo do impresso ou digital, assuntos para todas as idades, atualizado conforme os acontecimentos do dia-a-dia. O ideal é sempre ter as redes sociais como uma ferramenta fundamental para divulgar ainda mais a sua notícia.
Nesses 90 anos, O Imparcial, como um dos principais veículos do Maranhão passou por todas as mudanças tecnológicas, mas hoje, com ascensão das ferramentas e a facilidade em usar a internet, se torna fundamental ter esse contato maior com as redes sociais.
O jornal impresso contínua vivo!! Com esse avanço da tecnologia hoje é possível ler o jornal no celular, através do aplicativo. Muitos jornais estão fazendo isso, eu mesmo tenho vários no meu celular e estou tomando café, vejo as editorias que mais me interessam. A praticidade é fundamental nos dias de hoje e é isso que nós leitores procuramos”.
Jornalista Jeferson Lauande
“É necessário o jornalismo se reinventar, é preciso construir um modelo autossustentável na era das mídias digitais. Ler um jornal no papel é diferente de ler na plataforma digital, onde o texto é adequado ao perfil do consumidor das novas tecnologias, especialmente os mais jovens. O jornalismo deve ser incorporado à pauta das denúncias, críticas, cobranças feitas pelos usuários nas redes sociais. O leitor cada vez mais exige informação com instantaneidade, rapidez, praticidade e simplicidade.
É fundamental que cada veículo descubra o seu próprio jeito de se “relacionar” com o público. Não é só mais transmitir notícias, o leitor busca algo mais além do jornalismo oficial e declaratório. O jornalismo investigativo, as reportagens exclusivas, devem ser bem mais aprofundados.
A comunicação móvel/aparatos portáteis caminha para ser o instrumento preponderante de comunicação, de conhecimento do mundo e da realidade. Grandes jornais do mundo já utilizam plataformas de comunicação modernas e eficientes em termos de produção e consumo de notícias”.
Jornalista John Cutrim
“Quando surgiu a internet, escrevi um artigo no qual dizia: 1) ou o jornal acaba ou sairá absolutamente avariado e 2) com os livros será bem diferente, por causa do leitor e do objeto livro. Mas quem escrevia isso era um homem do século XX. Que podia muito bem estar errado. Mas parece que eu não estava enganado assim.
Vende-se hoje no mundo mais livros tradicionais do que e-book. E nada leva a crer, até aqui, que a coisa vá mudar em médio prazo. Já as edições dos jornais caíram brutalmente. Hoje se lê mais notícia na internet do que por meio do jornal impresso.
O que fazer? Não tenho a menor ideia. A Folha de S. Paulo e outros grandes jornais fazem uso da internet para segurar leitores. A internet como alavanca para o impresso. Os resultados não são animadores, ao contrário.
Eu sigo a gostar de ler o jornal impresso, mas como já disse, sou um homem do século XX. Espero que O Imparcial complete 90 anos e mais 90. Afinal, minhas primeiras matérias foram escritas para esse jornal”.
Jornalista Roberto Kenard
“Nenhuma área tem sido mais impactada pelas mudanças advindas com as novas tecnologias do que a comunicação, a imprensa, os veículos de comunicação, o que vem exigindo muito de todos os atores envolvidos nesse processo. O modo de fazer jornalismo, por exemplo, mudou muito. De tempos em tempos surgem novas redes sociais, novos aplicativos em uma velocidade surpreendente. A informação passou a ser algo descartável e de rápida disseminação. Logo, para termos vida longa, e ao mesmo tempo nos reinventando, é preciso estar preparado para acompanhar tais evoluções. No caso específico dos veículos de comunicação e em especial do Jornal O Imparcial, acredito que além da confluência das mídias, é fundamental a regionalização dos conteúdos. Os leitores do Maranhão precisam se ver nos jornais do seu estado. E, com as múltiplas possibilidades que as plataformas digitais nos oferecem, será possível oferecer um conteúdo melhor e com maior alcance. Acredito que, assim, O Imparcial pode se oxigenar e viver outros 90 anos.
Jornalista Alberto Júnior
“Entendo que o jornalismo, em qualquer suporte de mídia, contribui significativamente para o registro histórico dos fatos. Antigamente e ainda hoje é nas páginas dos jornais impressos que estão registrados os acontecimentos e fatos de uma determinada época. Com a revolução tecnológica, muito se pode pesquisar na rede mundial de computadores, mas nada substitui o jornalismo impresso. Assim, penso que o jornalismo on-line deve ser feito em drops, com pequenas informações, uma de cada vez, até porque o leitor espera ter uma informação rápida, enquanto o impresso deve se aprofundar no fato, fazendo o que os estudiosos do jornalismo chamam de jornalismo interpretativo, trazendo ao leitor a reflexão dos fatos e não apenas a informação rápida e curta. O jornalismo impresso também deve ir além do factual e propor novos debates, ajudando a fazer uma nova história e não apenas relatando fatos. Que os 90 anos de O Imparcial sejam só o começo”.
Jornalista Wal Oliveira
“Como jornalista e internauta frequente, sempre notei que os sites ludovicenses e maranhenses, de meios de comunicação ou não, padecem do uso de hipertexto, componente básico da internet.
Quando são sites de meios de comunicação, o máximo que fazem é linkar para conteúdos dos próprios sites, do tipo LEIA MAIS. Isso mostra que os webmasters precisar ver o hipertexto como informação adicional e reforço do interesse do internauta e não como desvio dos sites. Se o conteúdo é interessante, por que o internauta sairia do site? Ele quer saber mais sobre o que lê e não reforçar a ótica do jornal. O hipertexto pode exercer essa função.
Como pessoa com deficiência auditiva, é claro que noto que, nos vídeos não há legendas. Eu mesmo nunca passei mais do que 10 segundos em um vídeo da TV Impar porque não há sentido pra quem não ouve. É claro que a falta de legenda não é exclusividade do Imparcial entre os jornais”.
Jornalista Elis Ramos
“O Imparcial e os jornais impressos devem oferecer um conteúdo mais amplo que os oferecidos pelas plataformas digitais e o jornalismo online. É o momento de retornar às grandes reportagens, com o tipo de jornalismo feito nos anos 70, um jornal mais próximo do que já foram as revistas. Ao jornal online caberia cobrir o factual e o jornal O Imparcial poderia ser editado semanalmente, aos finais de semana, com uma cobertura de pautas com mais densidade sobre o que foi repercussão durante a semana”.
Três perguntas//Raimundo Borges
Com nove décadas de atuação qual o desafio para os próximos anos?
Fazer jornal é ser desafiado todo dia, e um dos maiores desafios hoje é a tecnologia. No passado as tecnologias chegaram bem de mansinho como década de 30 com o rádio e que o jornal foi desafiado a passar por isso e sobreviver. Aí na década de 50 veio a televisão, outro desafio, na década de 90 veio a Internet que foi a onda mais avassaladora em cima dos jornais e toda a mídia impressa. Então esse é o desafio maior que até então a mídia impressa não tinha passado, sobreviver à Internet. A rapidez da informação nos induz a ser mais eficazes, trabalhar com muito mais inteligência, correr atrás dos fatos da maneira mais interessante para o leitor, porque o leito hoje tem inúmeras plataformas de informação, de entretenimento, e o jornal sempre é um veiculo do dia seguinte.
Como o senhor vislumbra esse processo diante de tanta evolução na comunicação?
No momento todos os empresários da área da comunicação impressa tem uma preocupação que é saber ate quando o jornal como um todo, vai suportar essa concorrência tão forte, tão brutal, tão imediata, das mídias eletrônicas, mas aí a gente tem que voltar um pouco a história d’O Imparcial. 90 anos é um tempo de consolidação de uma empresa de comunicação que conseguiu ultrapassar todas essas etapas evolutivas de tecnologia e o jornal conseguiu chegar onde está. 90 anos já está perto de um século e poucas empresas não só no Maranhão, mas no Brasil tem uma sobrevivência tão alongada. Isso é uma demonstração de um compromisso que o jornal tem com a sociedade, no cumprimento de seu dever de informar, de educar e levar as informações como elas devem ser levadas ao público. Então pra nós, chegar a 90 anos, primeiro é uma gratidão muito grande com os nossos leitores e segundo nos desafia a não perder o que foi conquistado e conseguir avançar. Como isso vai acontecer é uma discussão que a gente tem que fazer no dia a dia.
A forma de se trabalhar a notícia faz a diferença?
Tem uma máxima que diz “quem sabe muito, muitas vezes não diz, e quem diz muito, às vezes não sabe”. Isso se enquadra muito bem na situação que se vive hoje, porque a informação não vem ao vento, ela tem que ser capturada, filtrada, trabalhada, é como se faz uma peça de arte, para atender a exigências dos leitores. Outro desafio é o jornal, a revista e outros impressos conquistarem o leitor jovem, saber o que ele quer da gente, o que quer que a gente faça por ele e para ele. Jornalismo é uma atividade fascinante e por isso que eu acredito que a gente vai conseguir levar mais um bom tempo aí pra frente. Para isso o jornal tem se renovado sempre, graficamente e de conteúdo.