CINEMA
‘ Visões de passado’ aposta em alguns sustos e um pouco de terror
O longa estrela Adrien Brody e Jenni Baird nos papeis principais e faz provocações com base na perda da filha do casal
Foi dentro de um trem, em Pacto sinistro, que Alfred Hitchcock estabeleceu uma negociação entre dois personagens, num enredo, até hoje, referencial. A quilômetros de distância de padrões estéticos ou de níveis de comparação, Visões do passado também coloca um trem à frente do miolo da trama, só que bem fora dos trilhos. O diretor do longa Michael Petroni até apela para revestir o thriller, cheio de parentesco com filmes de terror, com algum dado de sofisticação — balizando parte do roteiro com apropriação do quadro de Brugel Paisagem de neve com armadilha para pássaros. Mesmo assim, não consegue escamotear um roteiro muito fraco.
Clichês se instalam no longa que especula sobre a lacuna causada pela morte da filha pequena do casal Peter (Adrien Brody) e Carol (Jenni Baird). Mas o sofrimento pela perda de Evie é apenas uma das enormes provações pelas quais passará Peter, psicólogo descontente com o distanciamento dele da corrente analítica. “Seguir adiante”, como ele defende, para superar as tragédias passadas, implicará em, literalmente, encarar os seus fantasmas.
Ao desenvolver o roteiro, o mesmo Michael Petroni da adaptação para a tela de A menina que roubava livros, além de O ritual (2011), se perde pelo excesso de coincidências e para viagens internas do protagonista, praticamente posicionado num fictício divã em que repassa todos os atos da vida.
Antes de um colapso pessoal, Peter revê o amigo de infância Barry (Michael Kennard) e o pai dele (interpretado por George Shevtsov), dupla de personagens fundamentais para desembaralhar a misteriosa presença da criança Elizabeth Valentine no enredo. Pra quem gosta de um cinema com lampejos de sustos, afinado a terror (ainda que raso) Visões do passado é um prato cheio.
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