Dos meus 68 anos, a maior parte foi vivida dentro de O Imparcial. Faz 41 anos que eu sou repórter deste jornal. Mas, minha história com os Diários Associados teve início há muito tempo, em 1968, quando fui convidado para um teste de locutor na Rádio Gurupy, onde fui aprovado pelo então diretor, jornalista Ferreira Baty. O convite veio do companheiro Jurandyr Souza, que, igual a mim e tantos outros profissionais do rádio naquela época, era egresso de um serviço de som muito utilizado nos bairros da periferia, chamado de amplificadora.
Eu, Jurandyr, Josué Furtado e outros passamos pela Voz Tupy, pertencente a Wlademir de Oliveira Silva – “Vadico”, no Lira. Na Rádio Gurupy me consolidei como cronista esportiva, ao lado de Herbert Lima Salazar, e, depois, como locutor de programas de variedades. Migrei para outros prefixos, mas, em 1975, fiz um trabalho como freelancer e vendi para O Imparcial – uma entrevista com a bailarina Raimunda, que foi minha colega no Curso Ginasial, e que foi mulher de Ronald Biggs, autor do assalto milionário a um trem em Glasgow, no Reino Unido. Desta união nasceu o Michael, que depois, ainda criança, tornou-se ídolo das crianças, como apresentador, ao lado de Jairzinho e Simony, participando do programa “Balão Mágico, da TV Globo.
“Não eram matérias sensacionalistas e isto agradava o sempre exigente leitor de O Imparcial. Com isso, conquistamos novos leitores e consolidamos a credibilidade do jornal na sociedade”
Esta entrevista vendida para O Imparcial foi o meu portão de entrada para a mídia impressa. Ali fiquei por alguns dias colaborando e observando como se desenvolviam os trabalhos de Haroldo Silva, Raimundo Borges, Pedro Freire, Luiz Pedro, Batista Lopes, Alfredo Galvão e outros jornalistas que compunham a equipe à época. Depois me afastei, até que , em julho do mesmo ano, fui apresentado pelo repórter-fotográfico Raimundo Filho ao então diretor Acácio Sampaio César, que me convidou para fazer parte da equipe de O Imparcial e tive a aprovação do então chefe de reportagem Pedro Batista Freire.
Cheguei e, entusiasmado, sugeri que fosse criada uma página somente de notícias de polícia. Pedro me desafiou a fazer a página sozinho e eu topei. Deu certo, e por muitos anos mantivemos a página com matérias investigativas, e, em algumas ocasiões, bem humoradas, diferente dos concorrentes. Com este trabalho, conseguimos elucidar crimes, antes da polícia, como o caso do massacre da Ponta da Madeira, onde ladrões de gado mataram um pescador e seus sobrinhos, jogando os corpos no mar. A polícia não tinha pistas, mas chegamos aos autores e passamos a informação para o delegado Luís Moura que prendeu todos os acusados.
Em muitas ocasiões, cheguei a ser confundido como policial. Não eram matérias sensacionalistas e isto agradava o sempre exigente leitor de O Imparcial. Com isso, conquistamos novos leitores e consolidamos a credibilidade do jornal na sociedade, nesta área. Tivemos também momentos difíceis com ameaças, processos judiciais, pressões diversas pelos que comandavam naquele período negro da história do Brasil, mas não nos deixamos intimidar.
Quarenta anos se passaram e eu continuo no O Imparcial, passei por várias editorias, exerci as funções de chefe de reportagem, editor executivo, colunista e cronista, prestei serviços na Redação do Departamento Comercial, ao lado de Luciano Coutinho, seu diretor. Sou um dos editores do jornal, sempre disposto a dar o melhor de mim, visto que no O Imparcial fiz muitas e sinceras amizades que perduram por todos estes anos. Tenho o respeito dos colegas e gestores, conquistei a credibilidade dos leitores como profissional de imprensa com atividade na área do setor de polícia. Sou grato e alegre em trabalhar no O Imparcial.