Jornalista lança livro que reúne crônicas, contos e poemas

Vai ter bijuterias, bolsas, bonecas de pano, cervejas artesanais, fotografias, ilustrações, materiais de banda, livros, artesanatos, camisas, livros, enfim… um universo de coisas criativas, a preços bem atrativos, feitas pelos artistas locais, bem como haverá também espaço para música, lançamento de livros e afins. Será a Feira Criativa realizada pela NAFONTE/Coworking, neste sábado, 9, das 14h às 18h, na rua do Alecrim (Centro), com entrada franca.

Uma dessas atividades é o lançamento do livro Recorte! (PoD/RJ, 2016), da jornalista e escritora Talita Guimarães, no qual reúne um apanhado de crônicas, contos e poemas escritos entre 2010 e 2014. O lançamento em São Luís será neste dia 9, e também dia 10 (domingo), a partir das 17h, no Sebo no Chão (Praça da Igreja Nª Sra. de Nazaré – Cohatrac), com direito a bate-papo com sessão de autógrafos e exposição de manuscritos e ilustrações. Depois de São Luís ela segue para fazer o lançamento em São Paulo.

“Eu já vinha querendo que o encontro do livro com o público rolasse de uma forma amistosa em ambientes em que eu pudesse conversar, abraçar as pessoas, expor os desenhos e os manuscritos. O convite pra Feira Criativa coincidiu plenamente com a data em que o livro estaria pronto. E o Sebo no Chão já era um lugar que estava nos meus planos de passar com o livro. Então tudo confluiu para espaços de troca de ideias e compartilhamento mesmo”, explica a autora.

A obra é a segunda da escritora que lançou em 2007 a literatura infanto-juvenil Vila Tulipa. Por essa obra a maranhense recebeu o Prêmio Odylo Costa Filho no XXX Concurso Literário e Artístico Cidade de São Luís.

Nesse segundo trabalho definido por Talita como “um exercício de apreensão sensorial e afetiva da realidade”, 95 textos entremeados por ilustrações feitas também por ela, dialogam entre si. Talita Guimarães exercita seu espírito de observação do cotidiano, que estabelece uma relação com a cidade e as pessoas que nela habitam e investiga o comportamento humano e social de um ponto de vista muito pessoal e afetivo. “A proposta sempre foi registrar ao final do dia alguma cena ou diálogo potencialmente poético e reflexivo que brotasse da vida real. A ideia de ‘recorte’ nasce da necessidade de colecionar pedacinhos especiais de cada dia, ofertados pela realidade a minha volta”.

Na apresentação do livro a jornalista conta como surgiu Recorte!. “Tudo começou meio por acaso, como por acaso começam algumas das melhores coisas da vida. Em uma troca de e-mail escrevi a um amigo sobre uma cena curiosa que havia vivenciado mais cedo, na rua, e a este tipo de comentário compartilhado através de uma escrita literária chamei ‘recorte’ do dia. Conversa vai, conversa vem, adquirimos o hábito de trocar recortes por e-mail para alegrar o dia um do outro. Uma menininha que me sorria na rua gratuitamente, um menino que fazia observações poéticas no ônibus, a criança que recostou em meu ombro em uma curva do ônibus e assim ficou confortavelmente, o lindo garoto negro com uma rosa branca entre as mãos… Tudo o que eu via e sentia por aí ganhava um corpo de letras ao fim do dia”, conta.

Recorte! está dividido em duas partes: Do Caderno Vermelho de Recortes (textos escritos entre 2010 e 2013) e Do Caderno Amarelo de Recortes (2014). Segundo a autora, dentro dessas partes, os textos estão agrupados por gênero: breve narrativa, crônica, conto, poema e não-recorte (que são os textos que abordam dúvidas e lamentos). “O livro não é só de crônica, embora a maior parte seja. Todos os textos partem do meu exercício de olhar para o mundo. Então são registros de experiências que vivenciei como cenas que presenciei , embora eu não as protagonize. E na abertura de cada parte há uma colagem de desenhos meus”, diz a autora.

Segundo a jornalista paulistana Meiri Farias, que assina o prefácio do livro, Recorte! convida o leitor a ver o mundo sob uma perspectiva que se arrisca a deixar a superfície. “Ao ler o livro, você será convidado a ver o mundo pelos olhos-janela de Talita. A ludovicense é uma jornalista do essencial, não reporta lead, mas o instante fugaz em que o trivial se torna crucial. Ou quando a intensidade da vida te acerta com tal violência ou doçura, que a única saída é correr para o papel. O fato é que nossa vida é composta desses fragmentos triviais e maravilhosos, banais e sublimes, que coletados, melhor recortados, formam uma vida toda. Talvez feliz, mas, sobretudo bela., analisa a jornalista.

Compartilhando

Os lançamentos em São Luís acontecerão em espaços de compartilhamento de ideias e conhecimento. No sábado a Feira Criativa reunirá 16 expositores de vários segmentos da economia criativa como fotografia, livros, artesanato, bijuterias, cerveja artesanal, paper toys entre outros. E no domingo (10), será a vez de trocar ideias com os frequentadores do Movimento Sebo no Chão, no Cohatrac, com direito a show da banda maranhense Telúricos.

Em São Paulo o lançamento terá rodas de conversa com a jornalista paulistana Meiri Farias no sábado (16/04) a partir das 15h, na Biblioteca Pública Alceu Amoroso Lima, na Zona Oeste da capital paulista e na quarta-feira (20/04), também às 15h, desta vez na Biblioteca Pública Cassiano Ricardo na Zona Leste da cidade. As rodas de conversa girarão em torno do tema “O Jornalismo do Essencial: o instante fugaz em que o trivial se torna crucial em Recorte!” e comentarão o processo criativo que resultou no livro.

“São dois espaços propícios para relacionarmos o conteúdo do livro com poesia e musicalidade porque Recorte! se debruça inteiramente sobre estes que são elementos que compõem a minha forma de enxergar e entender o mundo. A poesia e a música têm estreita relação com tudo o que escrevo. O olhar do livro é poético e a música aparece em vários momentos como referência para corroborar reflexões e sentimentos”, comenta a autora.

RECORTE!

Uma criança pergunta para um adulto próximo se onde os aviões planam já é o céu.

Um menino empina um papagaio de sacola plástica.

Uma lojista desconhece seu potencial como encantadora de balões coloridos.

Um pipoqueiro salva os fins de dia.

Um passeio pela lembrança de um lugar.

Ipês. Um controle remoto. Amigos.

Coincidências.

Bebês a caminho.

Nenhuma carta para ninguém.

Um engraxate descalço.

Solrealismo.