FOTOGRAFIA

Fotógrafo José Medeiros mostra exposição ‘Já Fui Floresta’

Em cartaz no Sesc no Sesc Deodoro, José mostra a complexa realidade dos índios Ikpeng no Parque Indígena do Médio Xingu

Já Fui Floresta

Donos da mais rica cultura, os indígenas são peça fundamental para compreender a construção da identidade do nosso país. Povos de costumes singulares, eles foram os protagonistas da abertura da Mostra Sesc Amazônia das Artes, na exposição Já fui Floresta, do fotógrafo José Medeiros, que está em cartaz na Galeria de Artes, no Sesc Administração.

A Mostra Sesc Amazônia das Artes é uma rede de intercâmbio entre arte e cultura, e a exposição faz parte de sua programação porque é um registro de uma experiência dentro do ambiente amazônico.
Retratados de maneira inigualável pelo olhar apurado de José Medeiros, a exposição é um recorte de registros que o artista fez ao longo de 18 anos no Parque Indígena do Médio Xingu. O nome escolhido para denominar a exposição, remete a vivência do fotógrafo junto ao grupo. Vivendo na floresta ele sentiu, viveu e presenciou cada detalhe do cotidiano indígena.
Medeiros afirma que temas como esses são de grande relevância no mundo atual. “Existe uma cultura que precisa ser preservada, indivíduos que merecem ser reconhecidos como independentes, os inserindo no mundo globalizado sem afetar a sua identidade cultural”, disse.
Se Mato Grosso é conhecido mundo afora como um estado de riquezas raras e de uma cultura encantadora, ninguém melhor para descrevê-la do que o fotógrafo José Medeiros, que por meio de suas lentes, transformou fotos em exposições, livro e ganhou notabilidade nacional.
Já Fui Floresta

Segundo o fotógrafo, a preparação do ambiente é ponto crucial para envolver o público, e durante a abertura da exposição que ocorreu na semana passada, a estratégia escolhida foi a de tentar ao máximo transportar os visitantes ao ambiente indígena. Iluminação a meia luz, fumaça, sons de cantos indígenas, tudo remetia a uma oca. Mas a caracteriza que mais chama atenção é a parede de espelhos em molduras de plástico, símbolo da aculturação feita pelos brancos.

As obras buscam ao máximo retratar a vida do índio, fotos borradas demonstram o movimento, em particular as danças. O preto e branco reflete a mística que envolve esse povo. As fotos espontâneas mostram o cotidiano nas malocas. As escolhas do artista, mais do que estratégias estéticas para enriquecer os registros, são marcas particulares do trabalho de José Medeiros, que se compromete em retratar os índios da forma mais legitima possível.
A relação de José Medeiros com os índios do Xingu começou quando ele trabalhava para a revista Caros Amigos e realizou uma fotoreportagem sobre o suicídio de guaranis no Mato Grosso do Sul. Depois disso, fez levantamento fotográfico em pelo menos dezoito aldeias. Já são vinte anos de convivência.
Vale lembrar que José Medeiros já realizou grandiosas coberturas como a Dança dos Mascarados de Poconé, região do Pantanal ou Dança do Congo, em Vila Bela da Santíssima Trindade, a primeira capital de Mato Grosso, localizada ao oeste do Estado. Em 2014, lançou seu livro O Pantanal, bem na época do Mundial do Futebol.
A exposição ficará na Galeria até o dia 6 de maio, das 9 às 17 horas. As visitações podem ser agendadas previamente pelo telefone. A Mostra Sesc Amazônia das Artes trará uma variada programação ao longo de todo o mês de maio com artistas dos estados que compõe a Amazônia Legal.
 

Já Fui Floresta

Sobre o fotógrafo 

A série Já fui floresta’, especificamente, aborda a relação dos índios com o mundo globalizado. José Medeiros conheceu o universo dos índios Ikpeng no Médio Xingu e além de fotografá-los, ofereceu também oficinas de fotografia na aldeia e defendeu os direitos daquele povo com a valorização de atributos simbólicos ligados à própria imagem do índio e as raízes de sua cultura.
A mostra já passou por outros países, como Portugal, e ganhou três prêmios, um do Instituto Internacional de Fotografia, em São Paulo, e o outro no 10° Leica-Fotografe , quando ganhou dois prêmios com fotos do Já fui Floresta e dois com fotos de O Pantanal de José Medeiros.
José Medeiros nasceu em Campo Grande mas mora em Cuiabá desde 1996. Já trabalhou no Diário de Cuiabá, Diário da Serra, e na Folha de São Paulo como freelancer. Seus projetos englobam trabalhos com indígenas e também no Pantanal mato-grossense.
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