surto precoce

Aumento de casos de H1N1 preocupa especialistas

A vacinação contra influenza A no Sistema Único de Saúde (SUS) é destinada somente ao grupo prioritário

Campanha de vacinação na rede pública do país começa em 30 de abril e vai até 20 de maio, para crianças e idosos

O número de casos severos de gripe H1N1 no Brasil cresceu cerca de 45% em relação ao último boletim divulgado pelo Ministério da Saúde, com dados até 19 de março. Eram 305 registros de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) por influenza A. Esse número subiu para 444 até o dia 26. São 71 mortes desde o começo do ano, com registro de uma notificação importada, ou seja, com o vírus contraído no exterior. Devido ao surto precoce, em São Paulo a vacinação teve de ser antecipada. Na rede pública, no restante do país, a Campanha Nacional de Vacinação começará em 30 de abril, quando haverá uma mobilização, e segue até 20 de maio.

No mesmo período do ano passado, foram registrados 141 casos de infecção H1N1 e 36 mortes. O aumento considerável do número de notificações e a antecipação do surto do vírus têm gerado preocupação na comunidade médica. Segundo a presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (Sbim), Isabella Ballalai, a gripe é uma doença de inverno. “Não há um motivo específico para esse adiantamento. Essa é a pergunta que não quer calar. A maior suspeita é de que seja por causa da questão climática, mas é apenas uma especulação”, explicou. Se seguir nesse ritmo, a quantidade de ocorrências de influenza A só tende a aumentar. “Não esperávamos, em março, um número tão grande. Imaginamos que os próximos meses sejam mais intensos, mas não tem uma resposta absoluta”, alertou a médica.
A contadora Zenilda Barbosa, 50 anos, teve a doença em 2014. Para ela, falta uma campanha do governo que esclareça a gravidade da doença. “Comecei a me sentir mal e, em apenas duas horas, já estava muito debilitada. Você piora em poucas horas. No mesmo dia, fui para a UTI”, relatou. Após o ocorrido, ela passou a tomar a vacina anualmente. “Todos deveriam se vacinar, é muito importante”, afirmou. No entanto, para o pneumologista do Hospital Universitário da Universidade de Brasília (UnB) Ricardo Martins, antes de se preocupar somente com a vacina, a população deveria reforçar as medidas preventivas. “Cuidados com a higiene são fundamentais. Lavar sempre as mãos, usar lenços descartáveis e evitar passar as mãos nos olhos e no nariz já ajudariam bastante”, esclareceu.
A vacinação contra influenza A no Sistema Único de Saúde (SUS) é destinada somente ao grupo prioritário: crianças de 6 meses a 5 anos, gestantes, idosos, profissionais da saúde, povos indígenas e pessoas com doenças crônicas e outras doenças que comprometam a imunidade. Na região metropolitana de São Paulo, a imunização começou ontem. Segundo informações do Ministério da Saúde, serão entregues 5,7 milhões de doses para o estado. Na primeira etapa, deverão ser distribuídas 532,4 mil doses da vacina. Nas clínicas particulares, já estão disponíveis os primeiros lotes da vacina trivalente contra influenza de 2016, que protege contra H1N1, H3N2 (ambos vírus da Influenza A) e uma cepa da Influenza B.
De acordo com Martins, a vacina deve ser tomada uma vez por ano. “O vírus muda a composição estrutural dele. É o mesmo vírus, mas com uma roupagem diferente”, explicou. A pandemia de H1N1, que aconteceu em 2009, está levando inúmeras pessoas a clínicas particulares. Em vários hospitais, vacinas já estão em falta. Ballalai destaca que o desespero para se vacinar não é necessário. “Não vejo motivos para pânico, para preocupação extrema”, disse. Como não existe a possibilidade de vacinar a todos — fato que, segundo ela, só ocorre nos Estados Unidos —, o foco deve ser no grupo de risco. “A recomendação da Sbim é vacinar prioritariamente essas pessoas. Dessa maneira, protegeremos o restante da população por tabela, evitando a circulação do vírus” afirmou.
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