Além do papel

A tecnologia transformou o papel do jornal na sociedade

Em meio à discussão sobre o futuro dos jornais impressos e a inevitável presença das redes sociais e as mídias digitais, especialistas questionam o papel da imprensa na vida das pessoas

É inegável: a popularização dos dispositivos digitais, como smartphones, laptops e tablets, mudou a maneira em que consumimos notícias. Desde meados da década de 1990, quando a internet e as tecnologias de acesso móvel se difundiram em todo o mundo, os veículos de comunicação e mídia precisaram se adequar a esta nova realidade.
No Brasil, o primeiro jornal on-line nasceu na segunda metade da década de 90, trazendo pequenas chamadas sobre o conteúdo da sua versão impressa, com o objetivo de aumentar o número de vendas em papel. Desde então, tanto a tecnologia, quanto a forma de explorá-la mudaram. Hoje, há conteúdos jornalísticos produzidos unicamente para a web, e é notória a existência de um diálogo entre as versões impressa e digital de um mesmo veículo.

“A mudança está no que era o jornal no passado, o que é no presente e o que será no futuro. Essa mudança interage naturalmente com a sociedade…”, Célio Sérgio, gerente de conteúdo

Em O Imparcial, a estratégia transmídia teve início em 2001, com a disponibilização da versão digital do jornal impresso para assinantes. Mas foi em 2007, com o lançamento do portal de notícias O Imparcial online, que uma nova maneira de fazer jornalismo ganhou força. De acordo com Celio Sergio, Gestor de Produção e Conteúdo de O Imparcial, a mudança deu início a uma nova forma de fazer o jornal, independente do suporte em que este é feito, já que o jornalismo transcende o papel.

“A era do papel não acabou e nem vai acabar. A mudança está no que era o jornal no passado, o que é no presente e o que será no futuro. Essa mudança interage naturalmente com a sociedade. A prova maior desse fato é que nós não perdemos leitores no papel, mesmo quando outras mídias também ganharam espaço. Digo, inclusive, que a marca do papel ganhou força com as redes digitais. O jornal impresso tem mais força porque consegue penetrar muito mais com as redes digitais”, afirma.
Uma prova para este argumento é o fato de que todos os veículos de O Imparcial tiveram aumento de público em 2015. Exemplos são os 13% de crescimento em vendas e assinaturas no jornal impresso (mesmo em tempos de crise econômica nacional), além dos mais de dois milhões de acessos únicos mensais ao portal online oimparcial.com.br – fazendo destes os veículos mais consumidos no estado em suas respectivas categorias. 
Segundo o professor doutor Gerson Luiz Martins, da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), o jornalismo ganha uma nova roupagem graças às tecnologias e novas mídias disponíveis. “Considero que num primeiro momento e de forma imediata se constitui na potencialização da informação. Ou seja, há possibilidades para que as informações, as notícias sejam mais bem compreendidas, que os jornalistas e as empresas jornalísticas possam contextualizar melhor as informações, por meio de dezenas de tecnologias que permitem oferecer todos os lados da informação, de forma mais verídica e melhor apurada”, afirma.
Inovação e futuro
Com a implementação de um novo projeto gráfico, lançado por ocasião dos 90 anos de fundação de O Imparcial, o diálogo entre os meios de comunicação impresso e online serão ainda maior. Algumas mudanças já podem ser conferidas nesta edição do jornal. Esta tendência em comunicação é algo inovador no estado do Maranhão, e segue o que o professor Gerson Martins chama de “adequação ao ciberjornalismo”.
Há duas principais mudanças – a primeira delas, conforme antecipado pelo gestor de produção e conteúdo de O Imparcial – é a interação entre plataformas. A outra, diz Celio, “é de ter conteúdos que não estão no digital – você passa a ter uma angulação diferente de reportagem, já que o factual deixa de ser o protagonista no papel pelo fato de que todo mundo já o viu nas redes. Ele tem que estar no papel de outra forma, como a razão ou consequência do fato… é uma nova notícia, com uma nova roupagem, com chamadas para áudio, para texto, isso o jornal vai ter: será um jornal para ler, ‘ver’ e ‘ouvir’”.
Sobre o futuro do jornalismo impresso, academia e mercado discordam. Enquanto o professor Gerson defende que o papel será completamente substituído pelo digital, Celio Sergio defende que o documento impresso ainda não tem equivalente virtual. “Até para casar hoje em dia, você precisa anunciar o fato em uma mídia impressa. Isso é um exemplo pequeno para dizer que o papel, assim como o jornal impresso, é um documento público. Ainda hoje, não existe uma maneira de garantir que o digital será arquivado sem manipulação. E, enquanto não existir isso, o jornal impresso não terá substituto direto”.
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