Terror coloca crianças como agentes de atos bárbaros
A partir de comportamentos grotescos e violentos, os pequerruchos espalham o terror nas telas de cinema
![Na calada do dia ou da noite, os protagonistas do filme austríaco Boa noite, mamãe não dão descanso à mecânica violência reservada à mãe deles](http://www.oimparcial.com.br/_midias/jpg/2016/03/10/471x269/1_medo_medo-239036.jpg)
Há um momento no filme de terror Boa noite, mamãe, estreia de hoje nos cinemas, em que dois irmãos gêmeos parecem protagonizar um transe infernal. Não poupam nem a mãe, numa escalada de atrocidades que até justificaria a arcaica expressão de “criança endiabrada”. Selecionado para o Festival de Veneza, o longa austríaco, assinado por Severin Fiala e Veronika Franz testa limites do bom gosto, à medida que os personagens Lukas e Elias investem em agressões pesadas contra a mãe interpretada por Susanne Wuest.
Nascidos no mesmo país do violento cinema de Michael Haneke (A fita branca e Funny games), Lukas e Elias fazem as maiores porcarias infantis: criam besouros agigantados, “velam”, em casa, um gato morto, desafiam limites em sessões de tapas na cara, mas, igualmente, superam expectativas: queimam o rosto da mãe que ainda tem a boca colada por ambos.
Também na linha de construção de personagens com identidades postas à prova, o terror A bruxa — em cartaz em Brasília (leia crítica) — se multiplica pelo mundo (a renda já ultrapassou US$ 21 milhões) os US$ 3,5 milhões de investimentos na fita, rodada no Canadá e coproduzida pelo brasileiro Rodrigo Teixeira (de O cheiro do ralo). Um berço vazio, diante do sumiço de um bebê; uma família em frangalhos, que tem entre os integrantes a filha de nome Piedade, e o acúmulo de infortúnios, entre sessões de rezas sobrepostas e lamúrias, são alguns dos elementos da fita de terror em que as crianças são responsabilizadas por desgraças. Quem assina o filme é Robert Eggers, premiado pela melhor direção no Festival de Sundance.