ECONOMIA

Saldo de empréstimos concedidos pelo sistema financeiro recua 1,1%

Inadimplência em alta preocupa bancos

Dinheiro
A recessão atingiu em cheio o mercado de crédito. O estoque de operações do sistema financeiro, que chegou a R$ 3,18 trilhões no fim do ano passado, encolheu pelo segundo mês consecutivo em fevereiro e acumulou queda de 1,1% no bimestre, conforme dados divulgados ontem pelo Banco Central (BC). É o pior resultado para o período desde o início da série histórica, em março de 2007. Para piorar, a autoridade monetária revisou de 7% para 5% a projeção para o crescimento do saldo de empréstimos e financiamentos em 2016. Se concretizada, essa expansão será a menor da série.

No caso dos bancos privados nacionais, a previsão é ainda mais dramática. O BC estimou que o estoque de operações cairá 1%, a segunda retração anual consecutiva. Temendo a escalada da inadimplência — que chegou a 6,2% para as famílias e a 4,7% para as empresas — as instituições mantém elevadas as provisões para enfrentar calotes: R$ 79,8 bilhões, ou 8,6% do valor dos contratos, o maior patamar já registrado desde 2000 nas estatísticas da autoridade monetária.

O chefe do Departamento Econômico do BC, Tulio Maciel, observou que a retração do mercado de crédito é incomum em fevereiro, tendo ocorrido anteriormente apenas em 2009 e 2000. A queda, explicou, reflete a fraqueza da atividade econômica e o encarecimento do dólar, que afetou algumas linhas, além da piora nas condições de financiamento, com juros e spreads mais altos. “Notamos uma seletividade maior dos bancos na hora de emprestar. Entre as famílias também há uma preocupação com a gestão financeira, uma cautela com a tomada de novos empréstimos”, comentou.

Maciel ainda ressaltou que tanto empresas quanto famílias têm procurado renegociar as dívidas em atraso. O nível de endividamento das famílias passou de 44,29%, em dezembro último, para 44,62% em janeiro passado. “Em momento de incerteza sobre o futuro, o investimento se retrai e a demanda de crédito diminui. As pequenas empresas são as mais afetadas”, resumiu.

Sem fôlego

Para o economista João Morais, da Tendências Consultoria, a concessão de financiamentos continuará em queda ao longo do ano e a inadimplência aumentará. Ele estimou que o nível de calotes das famílias terminará o ano em 6,7% e, em 2017, poderá chegar a 7%. No caso das empresas, a taxa de atrasos superiores a 90 dias chegará a 5,2%. “Os bancos privados nacionais se anteciparam a esse movimento e aumentaram suas provisões para perdas no último ano. Isso ainda não ocorreu com as instituições financeiras públicas”, destacou.

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