Surfistas são desbravadores por essência. Buscar ondas diferentes, maiores e mais radicais é parte da vida de todo praticante do esporte. Seja ele um free surfer – como são chamados os amadores – ou surfistas profissionais. No Maranhão não poderia ser diferente. Quem curte pegar onda em São Luís, por exemplo, inquieta-se pela limitação do mar: nem sempre com ondas grandes e fortes, quase nunca tubulares e, quase sempre, com um vento excessivo que prejudica a ondulação.

Mas essa realidade tem mudado, graças à essência exploradora de nossos surfistas. Praia de Travosa, Barra da Baleia e Boquête são alguns dos novos picos descobertos pelos inquietos esportistas daqui. Localizam-se a uma hora de trilha de carro do município de Primeira Cruz ou de Santo Amaro, situados no norte do Maranhão. Em linha reta, saindo de São Luís, são 100 km.

Há mais de 10 anos a área é explorada por surfistas. Sempre que a previsão indica boas ondas, eles seguem para lá. Surfam durante dois, três, quatro dias. Recentemente, as viagens se intensificaram. Mais gente descobriu, gostou e retorna sempre que pode. E assim nasceu o Travosa Surf Camping, campeonato realizado pelo veterano Marcelo “Piu-Piu” Vaz, que ocorre há quatro anos. A próxima edição está programada para os dias 7, 8 e 9 de abril.
“Em Travosa ou Barra da Baleia, encontramos ótimas condições para surfar. As ondas são grandes, tubulares com o vento maral e o mar não é como São Luís, onde a maré seca até as ondas desaparecerem. Lá, as ondas aparecem na maré seca e cheia”, comenta o surfista. “Nosso campeonato vai reunir surfistas de toda ilha na Barra da Baleia, pico que já conhecem e gostam das ondas de lá”, completa.

A Barra da Baleia é um ponto novo. Foi descoberto no ano passado. Sua onda é mais lisa, extensa e proporciona uma variedade de manobras. O fundo é de areia, conhecido no mundo do surfe como beach break, em inglês. É menos suscetível ao vento forte por estar ao lado de uma bancada de areia. Por isso, seu trecho de mar é menos “mexido” e mais alinhado que os demais. Está localizado a três quilômetros da Praia de Travosa, que fica próximo ao povoado de mesmo nome. O acesso é de carro, pela praia, em um passeio de visual bonito e relaxante.

Última trip

No último fim de semana, um grupo de 15 surfistas esteve lá, na última trip antes do campeonato de abril. Foram motivados por uma previsão que prometia ondas de até 2,5 metros. “A expectativa era grande para essas ondas. E conseguimos pegar dias de boas ondulações. Surfamos o fim de semana inteiro. É, sem dúvida, o melhor pico de surfe descoberto no Maranhão”, afirma o surfista Gabriel Vasconcelos, de 33 anos. Foi a primeira vez que esteve na Barra da Baleia e já promete voltar. “Sem dúvida, já irei adotar este lugar e voltar sempre”, comenta.

O campeonato

Travosa Surf Trip 2016 terá três categorias: Open, Master e Grand Master. Cada uma com limite de 16 atletas. Tem apoio de empresas como Fripeixe, Santê, Pure Açaí, grupo O Imparcial e Prefeitura de Primeira Cruz. As inscrições estão abertas e podem ser feitas pelo site amoingresso.com, no bar Alcântara (Ponta d’Areia). Informações: 99233-7851

O que você deve saber 

Acesso
Do povoado de Travosa pode-se acessar dois picos, andando: Travosa e Travosinha. A caminhada dura cerca de 40 quilômetros. Barra da Baleia e Boquête ficam a três quilômetros pela praia. É indicado ir de carro com tração nas quatro rodas.

Como chegar?
Saindo de São Luís, pode-se chegar ao povoado de Travosa por Santo Amaro, Primeira Cruz ou Humberto de Campos. Se você tem carro traçado, vale optar pelos dois primeiros. De Humberto de Campos, porém, é preciso deixar um carro no estacionamento privado e ir de lancha até Primeira Cruz. De lá seguir de carro. Existem caminhonetes que fazem o transporte até as praias.

Quanto tempo?
De São Luís até a entrada do povoado de Sangue são cerca de 220 km. De lá até Santo Amaro, 34 km de trilha, com uma parte já asfaltada. Cerca de 1h30. De Santo Amaro pega-se outra trilha pelo povoado Boa Vista para, então, chegar a Travosa. O trajeto dura mais 1h30. De carro até a Barra da Baleia são cerca de 15 minutos.

Como se hospedar?
Se você vai surfar a onda de Travosa, pode ficar na casa de nativos, que sempre receberam os surfistas muito bem. É de bom tom pagar uma diária, que pode ser negociada na hora. Não há pousadas no povoado de Travosa. Mas se preferir a Barra da Baleia, prepare-se para acampar ou leve uma rede: a maioria dos surfistas costuma pernoitar nas choupanas de pescadores existentes ao longo da praia.

Características das ondas
Travosa – Ondulação grande, pesada e forte arrebentação. O vento entra com mais disposição, o que atrapalha a formação das ondas, sobretudo entre setembro e novembro. É preciso muita disposição e preparo físico, sobretudo em dias de mar grande, quando a onda pode passar de dois metros.

Barra da Baleia – É a nova pedida dos surfistas locais. Mar menos mexido, onda longa e propícia para muitas manobras. Assim como Travosa, o mar é forte e grande, mas, como se protege em uma bancada de areia em dois lados, o vento entra com menos força, o que torna a experiência menos cansativa. Onde pode passar de dois metros em dia de swell pesado.