LITERATURA
Escritor Luiz Mello conta trajetória de Jerônimo de Viveiros
O Livro conta a trajetória reúne textos importantes do historiador conceituado no ciclo literário, mas que foi esquecido após sua morte
O escritor e pesquisador Luiz de Mello conheceu o historiador Jerônimo de Viveiros (1884-1965) já muito doente, por volta de 1964, e teve bastante contato com ele e com a sua obra. Mas nunca se conformou com o fato de que o personagem ilustre da nossa história, um dos maiores historiadores do século XX, tenha caído no esquecimento. “Nem mesmo um busto foi dado a ele. Aqueles bustos de bronze que tinham na Praça Deodoro”, comenta Luiz de Mello.
“Jerônimo de Viveiros escreveu muito para O Imparcial. Era um escritor muito conceituado no meio literário, mas depois que faleceu ficou esquecido. Há poucos anos, lançaram umas publicações pelo Instituto Geia (Quadros da Vida Pinheirense), mas ele precisa ser mais conhecido”, conta Luiz Mello, que pesquisou vários artigos, dentre os mais de 800 que Jerônimo escreveu.
Foi motivado pela admiração pelo trabalho de Jerônimo e pela falta de memória do ludovicense, que Luiz de Mello, pesquisador incansável e dono de uma memória invejável, organizou o livro Dois Estudos Históricos (Jerônimo de Viveiros, 2016) com dois textos importantes da história do Maranhão: Escorço da História do Açúcar no Maranhão e No Tempo das Eleições a Cacetes, descobertos por Luiz de Mello enquanto vasculhava as bibliotecas de São Luís e outros estados, em busca de dados históricos relevantes, especialmente os inéditos.
Dois Estudos Históricos começa falando do ciclo do açúcar, da (fracassada) indústria açucareira, a repercussão que teve no açúcar a invasão holandesa no Maranhão, preços do produto, entre outros aspectos. “Desta maneira, adiou-se no Maranhão, por mais de um século, a formação dessa sociedade semifeudal, na qual o dono de engenho dominaria, do alto da casa-grande de pedra e cal, não só os escravos criados aos magotes nas senzalas, como os agregados, moradores de casas de taipa e palha, vassalos em todo o rigor da expressão, no conceito do grade mestre Gilberto Freyre” (trecho, capítulo IV, página 46).
No texto sobre as “eleições a cacetes”, Jerônimo reuniu os episódios mais interessantes do passado do Maranhão a respeito dos pleitos eleitorais, começando pela fama de luta do maranhense. “Com efeito, vem esse nosso espírito de briga do período colonial, que enchemos do começo ao fim com as lutas entre colonos e jesuíta na solução do problema da mão de obra, e entre capitães-generais, governadores e Câmaras da cidade de São Luís no exercício de atos da administração” (trecho, capítulo I, página 107).
“Há muito tempo, compreendi que Viveiros sempre foi comentado em rodas literárias, especialmente em História do Comércio do Maranhão, comentado em conversas na Praça João Lisboa, no século XX, e pouco criticado na imprensa local, fato que eu considero bastante lamentável para a literatura maranhense”, diz Luiz de Mello.
Luiz de Mello ainda conta que o livro foi publicado sem patrocinadores e que, não fosse a dificuldade em encontrar em outras bibliotecas a coleção da revista Brasil Açucareiro, ele teria concluído a obra há mais tempo.
“Há muitos fatos históricos esquecidos em jornais maranhenses e que merecem ser pesquisados e levados ao conhecimento do público em geral. Que surjam novos pesquisadores, para ressuscitar o nosso passado artístico-literário”, incentiva.
O livro pode ser adquirido na Biblioteca Pública Benedito Leite, com o próprio autor, das 12h30 às 17h15 na seção jornais, ou pelo fone: 99144-5613, pelo preço de R$ 30.
Luiz de Mello é pesquisador há mais de 30 anos, tendo pesquisado quase todos os jornais e revistas já publicados no Maranhão e ainda existentes, tanto em papel microfilme, como em arquivo digital.
Luiz de Mello é pesquisador há mais de 30 anos, tendo pesquisado quase todos os jornais e revistas já publicados no Maranhão e ainda existentes, tanto em papel microfilme, como em arquivo digital.
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