Antes de ir para a telona, o roteiro cinematográfico de A Infeliz Perpetinha de Alto Alegre, da escritora Lenita Estrela de Sá, ganhou as páginas de uma publicação que será lançada hoje às 19h, no Centro de Criatividade Odylo Costa Filho. O roteiro vai ser transformado em filme de longa-metragem pela cineasta Isa Albuquerque (Íris Cinematográfica) e Vicente Simão (Fábrica Filmes) e está em fase de pré-produção. Mas o público já poderá conferir a história que passou 10 anos engavetada e que conta a história do Massacre de Alto Alegre (em 1901, nos arredores de Barra do Corda) na imaginação da autora respeitando os limites dos fatos históricos.
“É a história na minha visão. Uma história real acrescida de uma parte imaginária, que é a história de amor de Perpetinha que ninguém conhecia”, comenta Lenita.
Segundo a sinopse, em 1901, a Missão Católica de São José da providência, em Alto Alegre, Maranhão, foi massacrada pelos índios guajajaras, depois de anos de violência e desrespeito à cultura indígena.
A Missão dispunha de um colégio interno para onde afluíam as adolescentes oriundas das famílias abastadas da região, notadamente dos municípios de Grajaú e Barra do Corda. Para lá foi mandada a jovem Perpétua Moreira.
As crianças índias eram arrancadas de suas mães desde muito cedo, para serem catequizadas longe dos costumes “primitivos” de suas aldeias. Os índios adultos, já convertidos, trabalhavam na comunidade surgida em torno da Missão. A poligamia – natural na cultura indígena – era terminantemente proibida.
Mas, certo dia, um índio semi-aculturado, chamado João Caboré, rebelou-se contra a tirania dos religiosos, organizando o levante que culminou no massacre de padres, freiras e moradores que assistiam num domingo de manhã, à missa de Páscoa. O corpo de Perpétua – a Perpetinha – nunca foi encontrado, o que fomentou a lenda.
De acordo com autora, quando se dá o massacre e o desaparecimento do corpo da personagem, Zeca, (personagem criado por Lenita) que era apaixonado por Perpetinha não se conforma. Ele segue para fazer medicina em São Luís e se casa forçado com a prima. 10 anos depois ele se integra a instituições de preservação indígena, sempre envolvido com a causa para entender o que houve com Perpetinha.
Até hoje se conta que ela foi levada por um índio e que, pelo caminho, no tronco das árvores, escrevia desesperada: “por aqui passou a infeliz Perpetinha”. Outra versão dá conta de que Perpetinha, impedida por seus próprios valores morais de voltar à sociedade de Barra do Corda, teria terminado por se acostumar à vida na tribo.
“Quando escrevi o roteiro foi para virar filme. Daí a Isa em 2009 entrou em contato para fazermos o filme, foi então que resolvi tirar da gaveta. Estou feliz que esteja sendo realizado porque ele foi escrito para o cinema. As locações estão sendo feitas em Barra do Corda e em São Luís e em breve teremos mais novidades”, conta Lenita.
E o final? Bom, é surpreendente.
Sobre a autora
Lenita Estrela de Sá é romancista, contista, poeta, dramaturga e roteirista. Nasceu em São Luís do Maranhão, graduada em Letras e Direito, com pós-graduação em Linguística Aplicada ao Ensino de Línguas Materna e Estrangeira, e publicou várias obras literárias, entre elas: Ana do Maranhão (1980), A Filha de Pai Francisco (1995), Reflexo, poesia (1979), No Palco a Paixão – Cecílio Sá, 50 Anos de Teatro (1988); A Lagartinha Crisencrise (2005); Cinderela de Berlim e outras histórias (2010); A Filha de Pai Francisco – bumba-meu-boi para crianças (2015); Pincelada de Dalí e outros poemas (2015), A Estrelinha Aparecida (2015).