O QUARTO DE JACK

Longa mostra a relação de mãe e filho no espaço de um cômodo

Sob o doce olhar do menino de 5 anos, filme é um dos favoritos do Oscar

o quarto de jack

Último dos oito longas indicados ao Oscar de melhor filme a estrear no Brasil, O quarto de Jack entra em cartaz nos cinemas com fôlego para atingir a reta de chegada. Dirigida por Lenny Abrahamson (indicado a melhor diretor), a adaptação do romance homônimo da irlandesa Emma Donoghue (que assina o roteiro, também indicado) é basicamente um filme sobre a relação entre mãe e filho. Só que sob terríveis circunstâncias.

A sequência inicial resume, de maneira íntima e delicada, como se dá essa relação. Sob o som de uma respiração, somos apresentados ao mundo de Jack. Suas cadeiras, sua cama, seus desenhos, sua banheira, seu armário, são exibidos em enquadramentos fechados. A voz é sussurrada. Tudo é gasto, velho. Mas não aos olhos de um garotinho de 5 anos.
Jack (Jacob Tremblay, absolutamente notável) vive com Mamãe (Brie Larson, em sua primeira indicação ao Oscar) num quarto 10×10. Ela foi raptada, no final da adolescência, há sete anos. Nunca mais viu a luz do dia. Seu filho nasceu ali. Para suportar o cativeiro e fazer com que o menino tenha a melhor vida possível, criou um universo inteiro para ele.

Que é, guardadas as devidas proporções, muito semelhante ao da Alice de Lewis Carroll (o livro Alice no país das maravilhas é presença constante na narrativa). Mamãe explicou a Jack que o mundo se resume ao quarto. Tudo que está fora é espaço; o que o garoto vê na velha televisão é mentira; e há ainda o céu, que ele vê de uma claraboia, seu único contato com o exterior.

Jack, a despeito de tudo, tem uma infância feliz. Dá bom-dia às cadeiras, aos pratos, à banheira, os únicos companheiros que conhece. Sabe ler. Comemora seu aniversário. E, aconchegado à Mamãe, a ouve cantar antigas músicas. Só se fecha em seu armário quando o quarto recebe a visita semanal de Nick, um homem que sabe existir, apesar de nunca té-lo visto. Contar mais da narrativa é entregar o ouro, já que toda a história, que tem dois momentos bem distintos, vai se descortinando aos poucos.

Expressões Brie Larson, até então mais conhecida da TV – foi a filha de Toni Collette em United States of Tara – vai chegar ao dia 28 como favorita ao Oscar (venceu o Globo de Ouro, Screen Actors e Bafta). A personagem permite várias expressões – a mãe amorosa, a mulher deprimida, a jovem entrincheirada. E Brie consegue passear, com delicadeza, por todos os estados de humor que seu papel lhe proporciona.

O mundo-cão costuma revelar, de quando em vez, histórias escabrosas de longos cativeiros e abusos. Lenny Abrahamson não se descola da realidade, mas aponta sua lente para o lado menos óbvio. O quarto de Jack se configura mais como drama do que como thriller. Tampouco busca julgamentos rápidos e fáceis, tanto que a história deixa questões em aberto.

O mundo, na visão de O quarto de Jack, é enorme em possibilidades. Tudo depende da maneira com a qual você se relaciona com ele.

Premiadíssimo

O papel de Jack já rendeu a Jacob Trembley 12 prêmios, entre eles o de melhor ator jovem no Critics’ Choice Awards. Canadense. Irmão de uma atriz mirim (Emma Trembley, que participou de Elysium e O juiz), Jacob será um dos apresentadores do Oscar. Hoje, com 9 anos, o garoto virou sensação nesta temporada de prêmios. Fanático por Star Wars, vem garantindo milhares de curtidas em sua conta no Instagram (devidamente monitorada pelos pais) graças a selfies com Sylvester Stallone, Jennifer Lawrence e Lady Gaga. Com a carreira iniciada em 2013, até O quarto de Jack, ele era mais conhecido pela participação em Smurfs 2

 
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