Ele é sambista, se intitula “joãopaulino”, por transpirar as manifestações culturais do bairro do João Paulo, é cantor, compositor, está às voltas com o carnaval de rua e o de passarela de São Luís, e aguarda com expectativa o resultado do Concurso de Marchinhas Carnavalescas promovido pela Rede Globo, cujo resultado será divulgado hoje.
Allysson Ribeiro, autor de mais de 300 composições, faz suas músicas baseadas em fatos corriqueiros do dia a dia. Originário das rodas de samba com o Grupo Cantagalo (Vinhais) no final da década de 90 passou por diversos grupos de bambas, compõe para escolas de samba, blocos tradicionais, blocos organizados, alternativos e grupos de bumba meu boi, premiado em vários festivais de música (1º, 2º, 3º lugar e melhor intérprete), cinco vezes finalista do Festival de Pinheiro. Sendo a mais recente premiação no mês passado, como melhor intérprete ao lado de Carol Cunha e Zé Paulo com a música Bela Chamada de Amor.
“E agora tem essa parceria com o amigo José Eulálio na música Pedaladas Carnavalescas e estamos muito felizes de já na primeira vez que participamos termos sido selecionados, entre mais de 800 músicas. Pé quente!” (risos). José Eulálio, segundo Allysson, é parceiro das antigas e tem uma composição noCD Pra Largar Essa Mulher, primeiro disco de Allysson lançado em 2015.
Embora atue em todas as áreas das manifestações culturais maranhenses. A onda agora é o carnaval, e Allysson tem que dar conta do Bloco Alternativo As Rupnéias (Parque Vitória) do qual faz parte há 19 anos; da Escola de Samba Túnel do Sacavém, do qual é compositor e um dos puxadores; e também do Bloco Organizado Os Liberais, onde também é compositor.
“Além disso, tenho meus shows solos onde apresento toda a musicalidade maranhense em um trabalho 90% autoral, apostando na cultura maranhense que considero uma marca minha. Até porque a gente tem um leque de bons artistas e uma diversidade culturalmuito grande que nos permite não ficar preso a um só estilo”, diz o artista.
Com 13 anos Allysson começou a compor inspirado nos textos de Vinícius de Moraes, Cecília Meireles, por exemplo. “Eu lia os livros deles e já tinha pretensão de fazer música, inclusive uma para Vinícius de Moraes”.
Aos 35 anos e com composições fervilhando a todo instante, ele diz que o que o engradece como compositor são as parcerias que tem conquistado ao longo da carreira desde quando começou a participar das rodas de samba nos anos 90. “Foi nessa época que eu conheci o grupo Sambauê. Depois conheci Zé Pivó e Waltinho do Pagode, que me levaram para a Mangueira, e foi quando surgiu o convite para eu ser intérprete da Escola em 2001. Fiquei até 2010 com o samba em homenagem a Fernando Mouchrek. Agora faço parte da Túnel do Sacavém”, conta.
E a Túnel desfila neste domingo na Passarela do Samba com um enredo falando sobre a terra: Terra Adorada – Da criação à magia do Carnaval.Allysson que é um dos compositores, diz que a ideia foi conscientizar por meio da música. “É um grito de alerta, um pedido de socorro pelo que está sendo feito na nossa natureza”.
Já o bloco Os Liberais desfilam na 3ª feira e é o penúltimo bloco a se apresentar, com o tema Preservar é preciso, reciclar é necessário. Em 2015 o bloco foi vice-campeão, este ano querem ganhar o concurso, E o bloco alternativo As Rupnéias sai às ruas com o tema A Picadura do Mosquito, em referência ao Aedes aegypti e todas as doenças que ele causa. A composição é de Allysson, Manoel Baião de Dois e Silvio César.
João-paulino
Ter entrado na Escola de Samba Turma de Mangueira (escola do João Paulo) e depois para Túnel do Sacavém, foi apenas um passo para que ele fosse fazer parte para o Bloco Organizado Os Liberais. Em 2006 passou aintegrar também o time de compositores do Boi da Lua (sotaque de orquestra), onde é amo. O Boi da Lua, assim com os demais grupos que participa, também é do João Paulo. “Antes fui para o Boi de Sonhos (2005), onde conheci J.Júnior, e foi estranho entrar nessa área do bumba-meu-boi, mas acabei me apaixonando. Hoje, com essas três manifestações do bairro: a Túnel, Os Liberais e o Boi da Lua, me considero joão-paulino”, conta.
Inspiração
A marchinhaPedaladas Carnavalescas surgiu de uma conversa de Eulálio, que é magistrado, com a sua esposa, que pedia a ele que fizesse uma dieta. No mesmo dia viu na televisão um político andando de bicicleta e à noite recebeu um telefone de Allysson perguntando se ele não iria compor uma música para o concurso. Inspirado no cenário político atual surgiu, em apenas uma noite, a música. “A política foi um ponto chave para satirizar o carnaval. O poeta tem esse poder de satirizar. Levamos a composição para o Gordo Elinaldo que fez um arranjo bem bacana. Não é pretensão, mas não foi surpresa a música ter sido selecionada e graças a Deus ela está sendo tocada em todas as festas, bailes”, diz Allysson.
Parcerias
Nessa trajetória Allysson conta que teve muitos parceiros musicais. Isso, segundo ele, deixa o jardim de muitas composições mais férteis. “Faz florescer outras coisas, outras histórias”, diz.
PremiaçõesDentre as muitas premiações e indicações que recebeu em festivais, concursos e premiações, Allysson mais recentemente ganhou o prêmio de Música do Ouvinte com a composição Redes Sociais e este ano ficou entre os três indicados também para a Música do Ouvinte com E por Falar em Vinícius de Moraes.