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Campanha arrecada fundos para livro sobre choro maranhense

O projeto Chorografia do Maranhão foi elaborado através de entrevistas com instrumentistas de choro que compartilharam experiências

Foto: Reprodução .


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O projeto foi pensado pelo sociólogo e radialista Ricarte Almeida Santos,o fotógrafo Rivanio Almeida Santos e o jornalista Zema Ribeiro

“Acho importantíssimo para o estado essa iniciativa, porque envolve muitas áreas do conhecimento, entre elas a literatura, a música e a nossa própria história; assim esse projeto não aborda apenas um aspecto ou estilo musical, mas faz parte de algo muito maior que nos representa e mostra nossa identidade, nossa diversidade e riqueza cultural”. O depoimento é da produtora e cineasta Keyci Martins sobre a campanha de financiamento coletivo para garantir a publicação do livro Chorografia do Maranhão. A campanha virtual foi lançada no início deste mês e encerra em 45 dias. A meta é atingir R$30 mil. Até o momento, 6% desse valor foi alcançado.
A iniciativa é do sociólogo e radialista Ricarte Almeida Santos, do jornalista Zema Ribeiro e do fotógrafo Rivanio Almeida Santos, trio que idealizou e realizou a série Chorografia do Maranhão, publicada quinzenalmente em O Imparcial, no período de março de 2013 a maio de 2015. Ao todo foram publicadas 52 entrevistas com instrumentistas de choro maranhenses e/ou radicados em São Luís, que agora farão parte do livro de 500 páginas contendo mais de 200 fotografias. A publicação integra as atividades de comemoração dos 90 anos do jornal O Imparcial.
“É um produto de muita qualidade. A edição já está pronta, faltam pequenos detalhes, sairá pelo selo Pitomba! Livros e Discos, de Bruno Azevêdo, e considero um marco em termos de pesquisa sobre Choro e informações dos chorões que produzem em São Luís, para mostrar quem são essas pessoas e o que fazem. Quando a gente entrevista um artista desses a gente está falando de todo um contexto político, histórico, cultural”, aponta Ricarte Almeida. O livro tem prefácio de Luciana Rabello.
O livro, para o jornalista Zema Ribeiro, vem para coroar o trabalho. “A publicação representa o coroamento de uma iniciativa pioneira no estado e voluntária, destes três mosqueteiros para os quais a falta de dinheiro nunca foi desculpa para deixar de realizar algum projeto. A série publicada em O Imparcial foi uma forma de movimentar a cena chorística do Maranhão, embora sem a realização de espetáculos, rodas ou saraus, mas de algum modo realizando encontros. Muitos personagens do choro se foram, sem o devido registro e reconhecimento. Não podíamos mais perder tempo nem histórias. Dos 52 entrevistados, dois acabaram por falecer, pouco depois: o cantor e percussionista Léo Capiba e o violonista Agnaldo Sete Cordas”, afirma o jornalista Zema Ribeiro.
Para Rivanio Almeida, irmão de Ricarte, fazer parte do projeto, ter conhecido as histórias dos músicos, o que a música e a arte representam para eles foi o maior ganho desse projeto. “Primeiro que com o projeto eu pude ficar mais próximo do meu irmão e estreitar esse relacionamento fraternal, mas ver as histórias dessas pessoas que se dedicam ou se dedicaram ao choro, artistas de 20 e outros de 70, com alguns anos de carreira e outros com décadas, a diversidade e o que o choro é para eles, foi muito gratificante. As pessoas perguntavam quem seria o próximo entrevistado, sempre que uma entrevista era publicada no jornal, queriam saber mais sobre o choro. Não há uma publicação disponível sobre o assunto, então é fonte de pesquisa perfeita sobre o choro, e ao mesmo tempo uma homenagem a esses artistas, é tudo muito válido”, avalia Rivanio.
52 instrumentistas que atuam no choro foram entrevistados ao longo da elaboração do trabalho

Além da Ilha
A previsão de lançamento é durante a Feira do Livro de São Luís, mas também deve ser levado a outros estados, como Rio de Janeiro, Brasília, São Paulo e Recife, e ainda garantindo a ida de um grupo de choro maranhense até cada uma destas cidades para as noites de autógrafos, de acordo com o trio. Para isso, outro projeto já está em fase de elaboração, para captação de recursos através da Lei Estadual de Incentivo à Cultura.

O livro é só a primeira etapa do projeto Chorografia do Maranhão. Segundo Ricarte Almeida, falta documentar os músicos do interior do estado e da nova geração, dos novos grupos que estão surgindo, fazendo fusões e bebendo dessas influências. “Mas precisamos, além de tempo para coletar esse material, de recursos para deslocamento. É um desafio maior que a gente quer realizar via leis de incentivo, editais oficiais, para mostrar essa produção dos municípios maranhenses, porque o Maranhão não se restringe só a São Luís. A gente precisa ampliar essa pesquisa, mas precisamos de recursos também”, afirma Ricarte.
Segundo Zema Ribeiro, o projeto, ao final, revelou muito mais do que as histórias dos instrumentistas. “Quando os entrevistados começaram a relacionar suas histórias de vida com suas trajetórias artísticas, com a cena choro do Maranhão (e de fora do estado, para o caso dos que moram ou moraram fora), com os altos e baixos dessa cena, já que o choro, apesar de nunca ter sido uma música da moda ou das massas, tem sempre permanecido na preferência de parte dos brasileiros, enquanto gênero musical ou forma de tocar determinadas músicas. Revelador também de uma paisagem afetiva, através das entrevistas pudemos perceber e visitar locais que de um modo ou outro têm relações com o universo do choro”.

A campanha

É pelo site www.kickante.com.br que a pessoa poderá contribuir para que o recurso restante necessário para a publicação possa ser viabilizado. A outra parte está garantida através de edital da Fapema. “Nós resolvemos lançar mão da campanha para que empresários, patrocinadores, amigos, leitores, enfim, pessoas que queiram ver esse trabalho possam contribuir, porque o recurso da FAPEMA é insuficiente, cobrindo apenas 50% dos gastos”, conta Ricarte Almeida. “O registro destas entrevistas em livro, além de uma vontade nossa, é também um desejo de pesquisadores, estudantes de música e interessados em música em geral, e em choro em particular, além dos próprios personagens da série”, continua.
As contribuições foram divididas nas categorias bronze, prata, ouro e diamante e vão de R$50,00 (bronze) a R$5.000,00 (diamante) com contrapartidas como um exemplar do livro autografado pelos “chororrepórteres”, como o trio se autodenomina.
Para saber mais
Perfil do projeto no Facebook(Clique Aqui)
 
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