Com uma linguagem de fácil acesso e falando de assuntos que estão em evidência no estado, no Brasil e no mundo, o médico psiquiatra Ruy Palhano lança o primeiro volume, de uma série de 8, da coletânea Crônicas do Cotidiano na Visão de um Psiquiatra (2015).
São 60 artigos que versam sobre os mais variados temas envolvendo comportamento, política, saúde, segurança, violência, enfim… cotidiano. As crônicas que falam sobre ansiedade, ciúmes, mentira, saúde mental, alcoolismo, compulsão, desafio, entre outras, foram selecionadas para este primeiro volume dentre as publicadas nos últimos 12 anos nos jornais O Imparcial e Pequeno. Mas muitas outras crônicas já estão elencadas para integrarem os outros livros. Segundo o médico, outras cinco obras estão preparadas, aguardando apenas retoques finais para serem publicadas.
“São temas que são destaques, que as pessoas estão comentando, e também artigos de neurociências, muitos deles que falam de ciúmes, das paixões… Eu escrevo semanalmente uma coluna e as pessoas me escrevem sugerindo temas para serem abordados, como depressão, doença do pânico, impacto da situação política na saúde mental dos brasileiros, ciúme patológico…”, comenta o médico.
Nesse trabalho, segundo o médico, ele se afasta das atividades profissionais, embora a ciência médica ainda esteja presente em muitos temas, e mergulha fundo na arte de escrever sobre coisas que o cercam. Ao todo, o médico já publicou pelo menos 300 artigos em periódicos.
“Em qualquer momento, a vida é um amontoado de grandes acontecimentos, que se sucedem, uns aos outros, a cada instante; portanto temos muito o que contar. E essas experiências se perdem no tempo de cada um. Rompo com esse silêncio e me lanço de corpo e alma à arte de escrever, onde digo o que penso e sinto, de forma despretensiosa”, diz o médico.
Na apresentação do livro o autor lamenta ter despertado para a escrita somente depois dos cinquenta anos. “Parece que as crônicas têm sabor especial. Hoje, escrevê-las faz parte da minha rotina e estão inserida no meu cotidiano, dando-me gás e prazer”.
Para reafirmar essa frase ele conta que os temas para seus artigos surgem em geral quando está fazendo suas caminhadas diárias, ou mesmo quando está dirigindo. “Fico pensando na vida, nas pessoas, na existência e aí aparece um tema interessante. Algumas vezes quando estou dirigindo dou uma paradinha, aí escrevo. Agora por exemplo, estou escrevendo sobre a ressaca”, conta.
Um tema bastante atual tratado no livro é sobre o carnaval e o que acontece após a folia de momo. A crônica chamada Nem Tudo são Flores (publicada no Jornal O Imparcial em 18/02/2012) aborda as consequências do pós-carnaval, quando a alegria, entusiasmo, descontração dão lugar às frustrações, tristezas e arrependimentos, por exemplo.
“São os que brincam o Carnaval de forma exagerada e sem limites que pagam caro. Perdem a noção de tempo e espaço, não sabem o limite entre o beber e o embriagar-se, entre o cansaço e a estafa, entre a alegria e a euforia, entre o pular e o esbaldar, entre o repouso e a exaustão” (página 313).
Ainda em 2012, em outro artigo publicado no Jornal O Imparcial, Ruy Palhano abordava o vício em internet, com o texto Dependentes de eletrônicos e redes sociais, em que considera que o apego disfuncional ou patológico por computadores, jogos eletrônicos, redes sociais e internet, passou a ser, entre outras coisas, um problema de saúde.
“O grande desafio que a Neurociência ainda não desvendou é distinguir o exato momento em que houve a transposição da condição de usuário funcional desses sistemas e se transformarem em viciados ou dependentes destas diferentes situações. De tal forma que, embora se saiba que existam as duas condições na utilização destes atrativos, nem sempre é fácil identificar o momento em que as pessoas adoecem” (trecho página 205).
O livro será lançado no Auditório de O Imparcial, ainda em data a ser definida, mas ainda neste mês de janeiro, e já está à venda nas duas unidades da Livraria Leitura, nos shoppings de São Luís, pelo preço de R$ 50,00
Ainda este ano o médico pretende lançar mais dois volumes da coletânea. Um previsto para o mês de junho e outro para setembro.
Gratidão
Ruy Palhano faz questão de destacar em seus agradecimentos especiais a amizade que tem com o jornalista Raimundo Borges, diretor de redação de O Imparcial. Segundo ele, foi Borges quem o convidou para escrever no jornal, inicialmente quinzenalmente e agora semanalmente, aos domingos.
“E ele fez um texto muito especial no prefácio do livro. Faço questão que você coloque na sua matéria”, pede o médico.
No prefácio Para entender a mente, Raimundo Borges ressalta o olhar diferenciado que Ruy Palhano lança sobre as nuances da mente humana a partir das próprias experiências profissionais.
“De forma simples e palatável para seus leitores, a maioria leiga em Psiquiatria, Ruy consegue relatar com sutileza o que se pode definir como ‘viagens’ que realiza diariamente, escarafunchando mentes humanas em busca do invisível. Para o profissional da Medicina que se aventura em diagnosticar, prevenir, tratar distúrbios mentais e mitigar sofrimentos individuais e coletivos, expor suas experiências é mais que uma obra literária. É uma dádiva. Sem dúvida, esta foi uma missão desafiadora”, aponta o jornalista.