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Pesquisadores confirmam: 2015 foi o ano mais quente da história

Principal causa do calor excessivo são as emissões de gases do efeito estufa pelo homem

Maioria dos focos de incêndio são causadas por ação humana. Os principais motivos do aumento de queimadas são provenientes da queima ilegal de lixo, vegetação em terrenos baldios

A Terra nunca esteve tão quente desde quando se começou a registrar sua temperatura. Confirmando as expectativas de cientistas climáticos, a Agência Nacional Oceânica e Atmosférica Americana (NOAA) anunciou, ontem, que 2015 foi o ano em que os termômetros estiveram mais elevados, tendo como base 1880, época em que teve início o sistema de monitoramento meteorológico. De acordo com o relatório do órgão, a temperatura média em terra e no oceano ficou 0,9ºC acima da média do século 20 e superou em 0,16ºC o recorde anterior, de 2014.

A Agência Espacial Americana (Nasa), que monitora o clima mundial com uma frota de satélites e estações meteorológicas, confirmou que o ano passado bateu todos os recordes de calor dos tempos modernos. Nos registros mensais, dezembro se sobressaiu como o mês mais quente de 2015. No total, 10 meses registraram recordes de temperatura em relação aos mesmos meses do ano anterior.

Segundo a Nasa, o calor excessivo não pode ser atribuído a fenômenos naturais. Ao contrário, as mudanças de temperatura se devem, principalmente, ao aumento da emissão de dióxido de carbono e de outros gases de efeito estufa provenientes da atividade humana. “As mudanças climáticas são o desafio da nossa geração”, afirmou Charles Bolden, administrador da Nasa. “O anúncio de hoje (ontem) não apenas assinala a importância do programa de observação terrestre da agência, mas também é um dado crucial que os políticos devem levar em conta. É hora de agir em relação ao clima”, alertou.

Embora 2015 tenha batido o recorde de temperatura, o calor na atmosfera e no mar vinha aumentado continuamente ao longo dos anos. “Desde 1997, 16 dos 18 anos seguintes foram mais quentes”, aponta o relatório da NOAA. Os recordes de calor foram observados em quase todo o mundo, inclusive na América Central, na metade norte da América do Sul, em partes do norte, sul e leste do continente europeu e no oeste da Ásia, assim como em regiões importantes da Sibéria. Os termômetros também registraram níveis sem precedentes em grandes áreas do leste e do sul da África, no nordeste e na região equatorial do Pacífico, afetada pela corrente quente do El Niño, e no noroeste do Atlântico, bem como no Oceano Índico e em partes do Ártico.

Pesquisadores do Berkeley Earth, que reúne especialistas que desejam alertar para os efeitos das mudanças climáticas, já haviam divulgado conclusões semelhantes. “Sem dúvida, 2015 foi o ano mais quente já registrado”, afirmou o grupo. “Pela primeira vez desde que iniciamos os registros, a temperatura da Terra está claramente 1°C acima da média de 1850-1900.”

Consequências
No mês passado, os líderes mundiais concordaram, na Conferência sobre o Clima de Paris (COP21), a tomar medidas para conter em 2°C o aumento das temperaturas em relação à era pré-industrial, um passo importante para tentar limitar os efeitos do aquecimento global. O acordo histórico envolveu, pela primeira vez, todos os países signatários a ONU, que, durante duas semanas, tiveram a difícil tarefa de conciliar interesses econômicos com a evidente necessidade de se reduzir as emissões de gases de efeito estufa.

No fim, embora o acordo não cite metas numéricas de redução, o documento foi considerado ambicioso por diplomatas e observadores independentes. Um dos destaques do texto foi o compromisso de revisão, a cada cinco anos, das metas que cada país deve apresentar nas reuniões das Nações Unidas. Mas, apesar de organizações não governamentais e negociadores terem comemorado o sucesso da COP 21, especialistas climáticos alertam que mesmo um aumento de temperatura limitado a 2ºC em relação aos níveis pré-industriais até o fim do século, como o descrito no acordo, já terá graves impactos sobre o clima.

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