ENTREVISTA

Os melhores do mundo voltam à São Luís com o espetáculo ‘Notícias Populares’

A Companhia se apresenta neste domingo, no Centro de Convenções Pedro Neiva de Santana (Cohafuma), às 20h

melhor do mundo

Comemorando 20 anos de carreira, a Companhia de Comédia Os Melhores do Mundo está de volta a São Luís, desta vez com o espetáculo Notícias Populares. Com elenco formado pelos atores Adriana Nunes, Adriano Siri , Jovane Nunes, Ricardo Pipo, Victor Leal e Welder Rodrigues, a Companhia se apresenta neste domingo, no Centro de Convenções Pedro Neiva de Santana (Cohafuma), às 20h.

Homônimo de um tablóide-povão, campeão de vendas por suas matérias e manchetes impagáveis, a comédia revive cenas habituais do dia-a-dia. De esquetes onde, através de um telão, a âncora de telejornal Adriana Nunes anuncia as notícias que serão vividas pelos cinco atores no palco. Notícias Populares é um dos grandes sucessos da Companhia e foi o primeiro espetáculo do grupo a se transformar em DVD, gravado no Canecão, no Rio de Janeiro, em 2007.
“A ideia é comemorar os dez anos do vídeo do Joseph Klimber (a cena de Joseph Klimber foi apresentada no Programa do Jô, seguida de uma bombástica divulgação espontânea na internet) que se completam agora. Então será uma espécie de Notícias Populares Edição Extra, um pouco diferente do que as pessoas conhecem no DVD, mas sem desmontar as cenas clássicas. Para isso, inclusive, convidamos o amigo que lançou a cena da internet e foi grande parceiro durante todos esses anos: o Rodrigo Fernandes do blog Jacaré Banguela, que estará conosco em cena nessa temporada comemorativa”, conta o ator Ricardo Pipo em entrevista a O Imparcial.
Notícias Populares leva para o palco uma série de esquetes no afã de mostrar a quantidade de vezes que os veículos jornalísticos ultrapassam a real importância de um fato na busca voraz de alguns pontos de audiência. Fatos corriqueiros, histórias dramáticas, personalidades, entretenimento, política e tudo mais que couber num palco-jornal.
Nessa volta a São Luís com comemoração dupla, a Companhia espera continuar sendo bem recebida como sempre foi em suas apresentações. “O Maranhão sempre nos recebeu muitíssimo bem em todas as nossas passagens por aí, só temos a agradecer ao público que sabe que humor é inteligência pura. Esperamos todos os amigos para mais celebração de resistência cultural. Fazer teatro no Brasil não é nada fácil, e se não fosse a plateia festejar conosco sempre, nem estaríamos mais aqui. Então vamos rir da vida. E melhor, da vida dos outros”, convida Pipo. Confira a entrevista bem humorada que o ator concedeu.

Cinco perguntas//Ricardo Pipo

Por serem de Brasília facilita o repertório de piada de vocês?
Somos inocentes até prova ao contrário. Na verdade a proximidade com a política nos deixa melhores informados um pouco com relação a outras cidades, mesmo que não queiramos. O ato de ir à padaria já nos faz passar em frente a uma banca de jornal e as manchetes estão lá estampadas. Mas Brasília nos remete a lembranças dos amigos, da família, da vida cultural, muito mais do que da política.

Vocês fazem piada com tudo? E isso já causou algum problema, como processo?
Dizemos sempre que batemos até em quem a gente gosta. O problema maior não é a nossa piada, é a plateia concordar com ela em coro, isso as vezes incomoda o alvo da piada. Mas se pensarmos bem, falar de um estabelecimento de fundo de quintal ou de um político sem importância não gera graça, então quando falamos de algo ou de alguém, é por sua visibilidade diante da sociedade. Não inventamos nada, só repetimos o que a própria cidade diz ou pensa. Já fomos alvos de processos sim, e vergonhosamente vindos de quem mais deveria fomentar e apoiar a arte e a cultura, que são as instituições de ensino superior. Mas isso foi no passado. Aos poucos as pessoas vão entendendo que é mais uma homenagem do que uma agressão. Eu adoraria ser alvo de piadas de artistas famosos.

O que podem destacar dessas duas décadas juntos? De melhor e de pior?
A parte boa foi conhecer o Brasil de Norte a Sul e entender melhor a grandiosidade e complexidade desse país. A parte ruim, mas que não chega a ser um problema, é o desgaste inevitável das relações. De amigos acabamos virando meio que irmãos, e irmão é sempre chato.

E vocês já tiveram alguma espécie de crise? De convivência, ou de criatividade?
Na verdade ainda nos damos muito bem, apesar de irmãos, e continuamos muito criativos. Nosso desejo era mostrar pelo menos doze espetáculos de nosso vasto repertório pelo país, mas cada vez o ‘fazer teatral’ se mostra mais inviável no que se refere a espaços públicos. Para se ter uma ideia não existe um só teatro público em pleno funcionamento em Brasília. E estamos falando da capital da república…

O que dá pra contar de mais inusitado nesses 20 anos de carreira?
Daria um livro sobre as maiores falhas do mundo. Só incêndio foram três. Nada grave, ainda bem. Mas de tudo já rolou, até ladrão no camarim durante o espetáculo. Quando saí para uma rápida troca de roupa no Teatro dos Grandes Atores no Rio de Janeiro, vi o segurança passar com um homem algemado pelos bastidores. Tive de voltar em cena imaginando se meus pertences pessoais ainda estariam no camarim, tudo sem perder o pique. Estavam todos lá.

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