“Um disco bem pessoal”. Essa foi a definição que o músico Assis Medeiros deu para o terceiro disco solo Lamina, que será lançado em março, primeiro em Brasília, depois São Paulo, João Pessoa e também por aqui, em São Luís, ainda sem data definida.

Lamina (assim, sem acento mesmo) apresenta 14 canções que passeiam por uma mistura de rock e pop. A base do disco é formada por um trio de baixo, bateria e guitarra, e foi produzido e gravado pelo próprio compositor no seu estúdio Ponto sem nó, em Brasília. O mesmo estúdio em que o músico grava as trilhas para cinema.

Gravado em clima de ensaio e aproveitando todos os improvisos no calor do momento, o disco foi tomando forma. “Dos três discos que eu tenho, esse foi o que fiz de forma mais livre, mais solta, porque a gente fez muito improviso, muito solo de guitarra, muita coisa instrumental que são climas que a gente cria geralmente nos ensaios e dessa vez eu quis botar esse clima dos ensaios no disco. Acho que eu consegui. E também acho um disco importante porque foi produzido por mim, pelo Fernando Rodrigues, que é o baixista, e foi interessante porque eu mesmo gravei”, diz o artista.

Ao mesmo tempo em que celebra esse feito, ele acha que isso pode não agradar algumas pessoas. “Vejo isso como uma espécie de bloqueio para as pessoas, muitas vezes, porque chega a ser tão pessoal, muitas coisas no disco, que talvez atrapalhe e algumas pessoas não curtam tanto. As pessoas estão acostumadas a ouvir musica de 3 minutos e com refrão e esse disco talvez tenha muita música instrumental, muita coisa solta que era a intenção dele”, avalia.

Os arranjos de metais são do maestro Leonardo Batista. Lamina tem participação da cantora Flora Lago em três canções. A música Lamina, que fecha o trabalho, tem as participações de Marcelo Macedo (guitarra) e Guiga Medeiros (bateria). As fotos do encarte são de Adriana Lago. E o projeto gráfico é assinado pelo fotógrafo Gustavo Gracindo (que também faz alguns vocais no disco).

“Estou feliz com esse disco porque tem a minha filha Flora Lago cantando comigo e fazendo vocal em outras duas, e uma das músicas que acho mais bonita, Um Pouco de Sol é a Flora que canta. E o meu filho Guilherme toca bateria na última faixa do disco, Lamina, as fotos são da minha mulher, então está tudo em família”, elogia.

Lamina é um disco que busca uma linguagem popular. Apesar da mistura de ritmos muito comum em seus trabalhos, neste, em especial, Assis Medeiros, nordestino, paraibano, que morou em São Luís por cinco anos, fundou uma banda, foi professor da Universidade Federal do Maranhão, e depois seguiu para Brasília, resolveu explorar o pop e o rock.

“Meu trabalho tem sempre essa mistura de ritmos apesar de eu achar que esse é o que menos tem, esse é mais rock, mais pop, tem menos a minha cara de Nordeste. Eu acredito. Apesar de que quem escuta vê o Mordeste ali. Não tem jeito, faz parte das minhas influências. Eu sempre brinco dizendo q a minha música é uma mistura de Luiz Gonzaga com Pink Floyd, mas esse disco é mais rock in roll, misturado com um pouco de pop”, brinca.

E por falar em pop, em Tudo é Pop o artista ironiza ao falar do mercado e dos sucessos repentinos. “Tudo é pop é uma critica, mas na verdade uma brincadeira com esse mercado que existe hoje e que virou uma loucura, porque eu percebo que a curiosidade morreu. As pessoas não tem mais curiosidade de escutar música. Então essa música é uma ironia com os sacos de hits que se produzem diariamente pra um tipo de música que faz sucesso no Brasil como sertanejo, funk, enfim… eu nunca almejei virar Ivete Sangalo, porque eu sempre fiz o que eu quero e do meu jeito, apesar de eu acreditar que o meu trabalho tenha reconhecimento em vários lugares, eu já vendi música para todo lugar do mundo, através da distribuição da Tratore”, conta.

Lamina é distribuído pela Tratore e estará nas principais lojas do Brasil e plataformas da internet a partir de fevereiro. Mas já pode ser escutado na íntegra em stream (clique aqui). “Hoje, o disco tem que ficar disponível da forma mais fácil e direta para o ouvinte”, diz.