Críticas e homenagens no carnaval de São Luís
Sem medo de errar, escolas de samba de São Luís tratam de temas atuais e polêmicos e apostam forte nos sambas-enredos cheios de originalidade e emoção
Com um desfile despretensioso, mas querendo surpreender na Passarela do Samba, a Escola de Samba Unidos de Fátima está se preparando para o retorno após três anos afastada do desfile oficial, falando da trajetória do político Jackson Lago. A Túnel do Sacavém, por sua vez, está ultimando tudo para fazer um desfile que fala da criação; e a Turma da Mangueira homenageará o carnavalesco maranhense Enoque Silva. Confira como essas escolas irão desfilar na Passarela do Samba.
Para o carnavalesco da Unidos de Fátima, Léo Lima, a escola vai desfilar na tentativa de ser recolocada nos primeiros lugares do concurso. Falando sobre a vida e a trajetória política do ex-governador Jackson Lago (Pedreiras, 1º de novembro de 1934 – São Paulo, 4 de abril de 2011), eles esperam que o público vibre com o que vão contar na avenida sob o tema Jackson Lago… De Pedreiras ao Carcará da Ilha Rebelde. A Unidos Conta e Canta Sua História, samba de Jeovah França e Ribão D’Oludô.
“Nós estamos começando do zero, pois a escola passou três anos sem desfilar. Então, carros, figurinos, nada está sendo remontado, tudo está sendo feito do início e com muito empenho. Iremos prestar uma homenagem para um homem que fez parte da história política do Maranhão, que marcou a política, mas que foi injustiçado”, conta Léo Lima.
O desfile apontará surpresas na Comissão de Frente. Outra ala, de palhaços, virá representando a justiça. Homenagem, crítica e uma pitada de sarcasmo permeiam a apresentação da escola, que terá a presença de familiares do ex-governador, amigos, políticos.
A Unidos vai desfilar com três carros alegóricos, 10 alas e quatro quadros. Ao todo, a escola pretende levar 1.200 componentes para a avenida, 40 baianas e 90 ritmistas.
Para Allysson Ribeiro, compositor, o enredo foi pensado para idolatrar a terra, mas também para despertar a conscientização quanto ao cuidado com a natureza. “A ideia é contar a saga do homem na Terra, o cuidado com ela, a preservação e mesmo a vida humana”, conta. Um trecho do samba retrata bem esse início da criação até o carnaval. “Arar, plantar, colher felicidade/É garantir o futuro da humanidade/O clima é de festa, é carnaval/Despertar a consciência, com certeza não faz mal”.
Para dar conta do desfile a Escola está trabalhando 24h. Atualmente, as quatro alegorias estão sendo preparadas no Parque Folclórico da Vila Palmeira.
A Túnel vai fazer um desfile com cerca de 1500 componentes distribuídos em 13 alas. A Escolas representa com as cores verde, vermelho e amarelo. Nunca ganhou o desfile do carnaval de passarela. No ano passado ficou em 8º lugar.
Maranhense, nascido em Pinheiro e criado no centro de São Luís, Enoque Silva desde cedo pôs em prática suas aptidões para trabalhos artísticos manuais em especial o que diz respeito à alta costura. Assim com as noivas veio o aperfeiçoamento no bordado e formas, que mais tarde seriam muito úteis na finalização das grandes fantasias.
Em 1979 ingressou no Laborarte e no mesmo ano passou a ser destaque de escolas de samba, como Escola Pirata do Samba, Turma do Quinto, Favela do Samba, Flor do Samba e Unidos de Fátima. Apresentado ao carnavalesco Washington Luís pelo amigo e mestre Chico Coimbra, Enoque é convidado a desfilar na Unidos da Ponte, no Rio de Janeiro, que estava prestando uma homenagem a cantora Alcione Nazaré. De lá pra cá já se exibiu na Unidos da Ponte, Vila Izabel, Estácio de Sá, São Clemente e Grande Rio, escola que ele participa até hoje, na função de Destaque Principal.
Um desfile com pelo menos 1.800 pessoas vai começar com o Abre Alas, que vai representar uma expedição da marinha francesa do século 17, na Baía do Cumã, no Rio Pericumã (que banha a cidade de Pinheiro), onde nasceu Enoque. Vida e obra do artista que tem uma larga trajetória na história do carnaval serão distribuídas em 15 alas.
Unidos de Fátima
Enredo: “Jackson Lago… De Pedreiras ao Carcará da Ilha Rebelde. A Unidos Conta e Canta Sua História”
Presidente: Ribão D’Oludô
Compositores: Samba de Jeovah França e Ribão D’Oludô
Componentes: 1.200
Dia de desfile: 7 (1ª escola)
Carros Alegóricos: 3
Alas: 10
Acadêmicos do
Túnel do Sacavém
Enredo: “Terra Adorada – Da criação à magia do Carnaval”
Presidente: Sebastião Sardinha (Babá)
Compositores: Alysson Ribeiro e Walace Godinho
Componentes: 1.500
Dia de desfile: 8 de fevereiro (2ª escola)
Carros Alegóricos: 4
Alas: 13
Turma de Mangueira
Enredo: “Enoque Silva: cisne dourado do lago joãopaulino”
Presidente: carnavalesco Itamilson Corrêa Lima
Componentes: 1.800
Dia de desfile: 8 (3ª escola)
Carros alegóricos: 5
Alas: 15