O semestre letivo apenas começou. Principalmente para as crianças que estão iniciando a fase escolar, esse processo de adaptação traz consigo dois lados de uma mesma moeda: um caminho novo a ser percorrido e alguns problemas que podem vir a acontecer. Exatamente por isso, é imprescindível que os pais (ou outros responsáveis) tenham maturidade e segurança nessa etapa, uma vez que essa segurança emocional servirá de suporte psíquico para que a criança possa se ajustar a esse momento da vida.

Segundo o psicanalista Fabiano Goes, a criança, naturalmente, tem uma fantasia de abandono quando os pais a deixam na escola aos cuidados dos professores. “A priori, essa é uma fantasia normal, que não deverá se transformar em um evento traumático. Contudo, há casos em que pode desencadear uma angústia anômala”, alerta o psicanalista.

Os pais, sobretudo se forem pouco experientes, podem se sentir culpados e chegar a duvidar da capacidade dos filhos de se ajustarem a este novo momento de seu amadurecimento. É muito comum se encontrar pais praticamente preocupados dentro de salas de aula com os filhos. Outros permanecem na escola até a hora da saída. Quando não, encarregam as babás ou secretárias de fazê-lo. No entanto, a postura nesse momento importante, conforme Goes, deve ser a de buscar, o mais rapidamente possível, propiciar a eles um ambiente de familiaridade e inserção. Afinal, assim será ao longo da experiência educacional.

“Por um momento pensei que minha filha não fosse se adaptar, pois todas as vezes ela chorava muito. Mas eu precisei entender que aquilo era normal e fazia parte do processo. Na segunda semana, ela já estava ficando sem maiores problemas. Mas confesso que sofri bastante, pois mãe é mãe. Mas na mesma sala dela, presenciei cenas difíceis”, conta a designer de produtos Nazaré Ramos.

As consequências de uma atitude desastrosa dos pais nesse processo para o desenvolvimento da criança, conforme Fabiano Goes, podem ser extremamente maléficas, pois as crianças poderão se tornar adultos inseguros e com estima debilitada. “Já atendi casos dessa natureza em meu consultório. Alguns necessitam de tratamentos. Estes, quando necessários, são análise e terapia comportamental, basicamente”, explica o psicanalista.