REGISTROS DO COTIDIANO

Projeto mostra vida de um cidadão comum maranhense através de fotos

Fotógrafo Ruy Barros, é autor do projeto chamado “Daily Life A Historical City – Cotidiano de Uma Cidade Histórica”

Ruy Barros
Tirar fotos qualquer pessoa consegue. Basta ter uma câmera ou celular com boa resolução, apontar para onde se quer fazer o registro e pronto. Mas, captar a essência, fazer um bom foco, ter ângulo, além de saber explorar ao máximo os recursos existentes, para estas só a sensibilidade é capaz de proporcionar os melhores cliques, alguns até inesquecíveis.
Talvez essa seja a melhor maneira para descrever o profissional da fotografia, que, além do apego aos detalhes, é também uma espécie de escritor sem caneta, trovador que não declama em alto e bom som suas composições. E é se valendo desses detalhes que o fotógrafo Ruy Barros deu início ao seu mais novo trabalho, intitulado “Daily Life A Historical City – Cotidiano de Uma Cidade Histórica”. Neste, Ruy tenta captar o que a vida do cidadão comum e o cotidiano de São Luís têm a oferecer, bem como a beleza da cidade nesse vaivém de pessoas e com elas as suas histórias e experiências. “Na minha concepção, a fotografia é um estilo de vida, onde adquiro conhecimento sobre a vida, a forma de pensar se expande, as experiências e momentos são inesquecíveis”, conta o jovem fotógrafo de 26 anos.
 
Ruy Barros

O início de tudo

Barros diz que sempre gostou de arte (pintura, desenho) e, segundo ele, talvez nesse apego pelos traços e cores foi que surgiu o interesse pelas fotos. Anos mais tarde, enquanto passava por uma temporada pelo Rio de Janeiro, descobriu a cinematografia, prática esta muito próxima da fotografia.
“O interesse surgiu através da filmagem, quando estava morando no Rio de Janeiro, em 2012, pois na época eu praticava dança e gravava vídeos para publicar na internet. Chegou um momento em que eu procurava mais qualidade para as minhas imagens de vídeo, foi quando eu tive a oportunidade de comprar minha primeira câmera no final de abril, uma Canon EOS T3i. A princípio, o foco do novo equipamento era pra filmagem, mas, com o tempo, fui me adaptando à arte do click”, disse.
A profissão
Apesar de buscar pelo constante aperfeiçoamento, com cursos e estudos cada vez mais aprofundados, Ruy reconhece que a arte de fotografar profissionalmente se tornou algo próximo do banalizado, justamente pelos vários recursos existentes ao alcance de qualquer pessoa. Ele observa que, “com a nova tecnologia, facilidade de aquisição de bons equipamentos, bons programas de tratamento de imagens, a fotografia profissional se tornou um tanto banalizada, mas é algo comum em todos os setores do mercado”.
O fotógrafo ainda afirma não gostar de comparações entre o seu trabalho e o de outros profissionais, pois acredita que a diferença está nos olhos de quem aprecia a arte. “Eu faço a minha parte”, afirma, justificando que para identificar um bom trabalho são necessários “amor, qualidade”.
O uso dos chamados prints, ou recortes, é para qualquer profissional da fotografia uma verdadeira ameaça. Lidar com a ausência dos créditos em sites e redes sociais causa mais problemas que benefícios. Ele acredita que depois que algum tipo de conteúdo cai na internet fica muito difícil conseguir ter controle sobre seu destino ou forma como este será utilizado por terceiros. “Infelizmente, não há um controle sobre os abusos que os fotógrafos (e outros artistas) sofrem em relação ao uso indevido de suas obras autorais. Mas, de certo modo, é um bom canal de expansão para a arte, onde podemos compartilhar nossas obras em alguns segundos apenas com o mundo inteiro”, lamenta.
 
projeto
Cotidiano de uma Cidade Histórica
Ruy Barros, sobre o surgimento e execução do seu projeto, diz já ter mais de 80 fotografias publicadas através do Instagram (@ruybarrosphotography), mas que, no total, os cliques estão em torno de 150 a 200. “Aos poucos vou divulgando”, comenta. Para ele, o objetivo central é levar as pessoas a irem além do que simplesmente enxergam. “Quem faz nossa cidade é a nossa gente. O projeto tem o intuito de despertar um olhar mais observador sobre nossa cidade, onde posso captar momentos comuns do nosso dia a dia que em geral não damos a devida importância”, destaca.
O fotógrafo pontua também que a atividade o faz observar a então Ilha do Amor de um modo muito especial. Para ele, São Luís é rica em história, em gente, nos detalhes talhados nos casarões e ruas do Centro. “Tudo é de uma beleza ímpar”.
Para o projeto, ele utilizou um celular. E, apesar dos que têm por preferência uma fotografia mais “crua” (sem edição/tratamento), Barros já abusa dos efeitos e cores com tudo que tem direito. “As ferramentas de aprimoramento das imagens estão para complementar e engrandecer a arte. É como um diamante bruto que precisa ser lapidado”.
O uso do celular partiu da praticidade proporcionada. “Nem todo momento eu podia sair com meu material mais robusto, e também pelo fato de ser menos perceptível, conseguindo assim, maior espontaneidade do momento”, explicou.

Ruy Barros

Colorido ou preto e branco?

Barros também tem trabalhos em preto e branco, mais conhecidos como fotos em P&B, realizados em sua passagem pelas terras cariocas. “Gosto de cores e estruturas mais detalhadas para prender a atenção de quem observa a fotografia”, disse. Ao todo, foram quatro projetos em P&B, intitulados por “Downtown Rio – Black & White”, “Sombras do Cantagalo”, “Avenida Brasil – Black & White” e “Ipanema – Black & White”, todos disponíveis em sua fanpage.
Para dar um toque de mais qualidade nos seus registros, ele utilizou editores tanto no aparelho como em seu computador. No celular, aplicativos como “Snapseed” e o “Câmera 360 Ultimate” foram essenciais para dar a cara desejada ao produto final. Já no desktop,foi o “Adobe Photoshop CC” e o “Adobe Lightroom CC”. Contudo, apesar de tantos recursos, buscar por aprimoramento ainda é obrigatório. “Tirar uma foto é diferente de fazer uma foto”, comenta Ruy. Aos desejos de fazer registros dignos de um título profissional, o conselho do fotógrafo é estudar conceitos básicos sobre fotometria, diafragma, obturador, ISO, composição e, a partir daí, começar a praticar de forma efetiva para se ter bons resultados. “Já dizia o mestre (no qual me inspiro bastante) Sebastião Salgado: ‘Há muitas fotos, poucas fotografias’”, finaliza.
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