Berna (Suíça) — Livros e escritores continuam sendo fonte inspiradora de filmes e o próximo Festival Internacional de Cinema de Berlim selecionou, para a competição, a partir de 11 de fevereiro, o que se poderia chamar de um filme literário: a história verídica da disputa entre um grande editor e um de seus famosos escritores.
Genius é o primeiro filme do importante diretor de teatro inglês Michael Grandage e tem como tema as relações tempestuosas entre o editor Maxwell Perkins e o escritor Thomas Wolfe, baseando-se para isso numa biografia de sucesso — Max Perkins: Editor de gênios, de A. Scott Berg. Não confundir, existem dois Thomas Wolfe na literatura americana: o segundo nasceu em 1931, ainda é vivo e é conhecido como Tom Wolfe, autor de A fogueira das ilusões.
O elenco de Genius é dos melhores, com Nicole Kidman (Aline Bernstein), Colin Firth (Maxwell Perkins), Jude Law (Thomas Wolfe), Guy Pearce (Scott Fitzgerald), Dominic West (Ernest Hemingway) e Laura Linney.
O longa ainda inédito tem como cenário a editora americana Scribner, criada em 1846, em Nova York, inicialmente voltada para a publicação de livros religiosos presbiterianos. Scribner tornou-se famosa por ter descoberto os grandes escritores do início do século passado, graças ao faro e à intuição literária de Max Perkins, descobridor de Ernest Hemingway, Scott Fitzgerald, Thomas Wolfe e outros que revolucionaram a literatura americana. A direção familiar da editora terminou em 1984, quando foi comprada pela Macmillan.
Foi em 1919, que Perkins — interessado em descobrir novos e jovens talentos — teve acesso ao manuscrito de F. Scott Fitzgerald, rejeitado pelos outros colegas editores de Scribner. Com enorme tato, Perkins convenceu Scott Fitzgerald a reescrever o romance, obtendo assim a adesão dos demais editores e publicado, em 1920, sob o título de This side of paradise (Este lado do paraíso). Perkins deu apoio ao escritor, instável e alcoólatra, na elaboração e finalização de sua obra-prima, O grande Gatsby.