OSCAR

Filme que representará a Alemanha no Oscar revive traumas do pós-guerra

Labirinto de Mentiras conta as histórias de um procurador de justiça, uma vítima de Auschwitz e um professor de passado criminoso

filme labirinto de entrigas

“É tudo propaganda. Os vencedores inventam histórias”, destaca um dos personagens, ao falar da Segunda Guerra no filme premiado no último Brasília Internacional Film Festival. Um dos 81 pré-candidatos ao Oscar, o filme selecionado também para a mais importante premiação de cinema na Alemanha foi dirigido pelo estreante cineasta italiano Giulio Ricciarelli.

A partir de uma temática forte, que envereda para os eufemismos e para maquiagens na estrutura social do pós-guerra, Ricciarelli põe em cena o procurador de justiça Radmann. Jovem e criado em meio ao renegar dos efeitos do Holocausto, Radmann é cutucado pela realidade de atrocidades, no confortável escritório que ocupa, ao fim dos anos 1950.
Um jornalista, uma vítima do campo de Auschwitz, um professor de Berlim (de notório passado criminoso) e alguns generais estão na rede de personagens na qual Radmann se atira. Inspirado no jurista Fritz Bauer, que trouxe à tona muitas encardidas mentiras daquele período, o astro Gert Voss, morto em 2014, deu vida ao personagem de seu último trabalho em cinema.
Indicado ao German Film Awards, na categoria de melhor ator coadjuvante, Voss contracena bastante com o astro do filme Alexander Fehling, saído de filmes como Bastardos inglórios. Apesar de exagerar no tom de inocência em relação a toda maquinaria nazista, Redmann dá boas chances para o desempenho de Alexander Fehling.
Com eficientes cenas de tribunal e também de investigações, é uma pena que o roteiro se renda à historieta de amor um tanto anêmica e que apele para inconvincente cena final de aprendizado para o procurador. São males menores num filme de límpido efeito na direção de arte e de qualidade didática, na narrativa.
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